sábado, 22 de janeiro de 2011

Alimento não saudável predomina na televisão

Na Faculdade de Saúde Pública da USP, uma pesquisa mostra que peças publicitárias de alimentos na televisão induziram diversas crianças a acreditar que esses produtos eram bons e saudáveis. O estudo também acompanhou os anúncios exibidos e aponta que nenhum deles mostra alimentos saudáveis.

O nutricionista Alexander Marcellus, que realizou o trabalho, defende que o Congresso Nacional regulamente a publicidade de alimentos para crianças, que não possui lei ampla sobre esse assunto no Brasil.

Participaram do trabalho 15 crianças de 10 a 12 anos e 15 mães, entrevistados para avaliar a maneira como percebem a publicidade de produtos alimentícios na televisão. Também foi analisada a programação dos dois canais de maior audiência para o público infantil, de segunda à sexta-feira.

– Entre as crianças pesquisadas, 26% viam mais de 3 horas de televisão durante a semana, e 40% assistiam 6 horas ou mais no final de semana –, conta Alexander.

O tipo de alimento mais veiculado foi o fast-food, também apontado como o preferido pelas crianças, ao lado dos refrigerantes e dos produtos lácteos.

– Elas possuem uma memória voltada para aquilo que aparece na televisão –, diz o nutricionista.

– Embora já diferenciem a propaganda do restante da programação, sentem vontade de consumir os produtos e pedem aos pais para comprar.

Nenhum dos alimentos anunciados no período acompanhado pela pesquisa é considerado saudável, aponta Alexander.
– A publicidade transmite uma ideia errada sobre a qualidade nutricional, ludibriando crianças que alimentos ricos em açúcar ou gorduras são saudáveis, por exemplo –, afirma.

O pesquisador relata que em alguns casos, apesar da veiculação de informações verdadeiras, não há honestidade nos anúncios, o que fere a ética publicitária.

– Mostra-se que um suco de frutas não tem conservantes, mas é omitida a presença de outros aditivos que podem ser prejudiciais à saúde.

As mães entrevistadas na pesquisa não souberam identificar os publicitários como responsáveis pelos anúncios de alimentos.

– Entretanto, 40% não concordam que a publicidade tenha que ter apelo à criança – , observa Alexander.

– É importante resssaltar que os pais não apenas estão entre os responsáveis pelos hábitos alimentares dos filhos como também servem de influência, por isso, precisam de orientação.

Alexander alerta que o Brasil é um dos poucos países do mundo que não possuem regulamentação séria sobre a publicidade de alimentos e bebidas para crianças até 12 anos.

– A lei deve vir em respeito à fase de formação da criança, que está compreendendo o mundo em sua volta para se comportar como consumidor – destaca.

A publicidade institucional do governo federal é outro caminho apontado pelo nutricionista para incentivar o consumo de alimentos saudáveis.

– Anualmente são gastos R$ 6 bilhões em publicidade, sendo que com apenas 1% desse valor seria possível colocar seis inserções semanais na televisão de anúncios mostrando os benefícios de alimentos como frutas, verduras e legumes –, calcula Alexander.

– O governo tem a obrigação não só de educar como de cuidar da saúde das crianças.

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