quinta-feira, 17 de maio de 2012

VIVEMOS ATUALMENTE EM UMA REALIDADE DISTORCIDA E QUE INTERESSA A UMA MINORIA DE PODEROSOS

Há algumas décadas os aparelhos de hegemonia privados, termo criado e muito bem utilizado por Antônio Gramsci, professor italiano preso e torturado até a morte pelo regime fascista de Benito Mussolini na segunda guerra mundial, vem desempenhando um papel central para manutenção do sistema capitalista. Para dar embasamento ao restante do texto é importante esclarecermos o que são esses tais aparelhos de hegemonia privados, eles resumidamente nada mais são do que organizações que estão fora da estrutura do Estado, mas que junto a ele trabalham para manter a sociedade sob o domínio de uma minoria, através da divulgação de ideias reformistas e outras formas de alienação de massas. Bons exemplos são os meios de comunicação e as igrejas, que sempre estão com um discurso afinado e sereno para defender os interesses da classe dominante.
É notório o quanto essas organizações são tendenciosas. A manipulação de informações como ferramenta de domínio das massas é uma antiga estratégia, seu exemplo mais clássico nos tempos modernos pode ser personificado na imagem do Ministro Nacional de Esclarecimentos Públicos e Propaganda da Alemanha de Adolf Hitler, Joseph Paul Goebbels, que logo após os alemães atacarem covardemente um destacamento das forças polonesas e assassinar todos, os vestiram com os uniformes do exército nazista e os fotografaram, isso tudo a mando do próprio Goebbels, em seguida divulgaram ao resto do mundo a notícia de que as forças alemãs tinham sido atacadas e que havia sim a necessidade de uma resposta imediata e enérgica para com a Polônia. Através dessa mentira o regime nazista justificou sua invasão e toda a barbárie que se seguiu no leste europeu perante a comunidade internacional.
No momento atual estamos vivendo uma grave crise. Para Istvan Mészáros, húngaro e grande pensador marxista, essa crise não é mais cíclica e sim estrutural, caracteriza se assim pelo fato de as medidas que são adotadas para contornar uma crise cíclica não terem efeitos mais que amenizadores nessa. A falta de uma estrutura econômica e social sustentável para o capitalismo faz com que suas fragilidades se exponham e exacerbam muito mais, aumentando às lacunas e diferenças sociais através da expropriação das terras de pequenos camponeses e acumulação dos meios de produção nas mãos de poucos. Historicamente nesses momentos acontecem grandes revoltas que acabam culminando em processos revolucionários que acabam por alterar toda a estrutura da sociedade a começar pelas relações de trabalho.
Infelizmente mesmo nós estamos vivendo em uma conjuntura favorável a busca pela emancipação da classe trabalhadora não estamos unidos e muito menos consciente do que está acontecendo. Vivemos em uma sociedade que foi dividida em varias castas diferentes por esses aparelhos de hegemonia privados. Ao invés de existir as duas classes que caracterizam e dão corpo ao capitalismo, a classe trabalhadora e a classe burguesa, a grande massa enxerga sociedade repartida em homens, mulheres, jovens, velhos, negros, brancos, amarelos, descrentes, crentes, lésbicas, gays, índios entre outras diferenciações feitas e impostas como dogmas à opinião pública pelos interessados em manter esse sistema explorador e gerador de diferenças.
Manter as minorias afastadas umas das outras, impedir com que o trabalhador se reconheça como agente histórico e desperte sua consciência classista garante uma sobrevida ao capitalismo, já que ele depende desse individualismo para se reproduzir. A ganância e o egoísmo são ensinados as crianças desde o primeiro momento que estão expostas a sociedade. A banalização do ser e a supervalorização do ter tem se mostrado a principal forma de adestramento das massas.
Temos que estar preparados se quisermos construir uma sociedade livre, justa e igualitária nos direitos e deveres coletivos, múltipla e com diversidade nas opções individuais, costumes e culturas. Manter se preso no conservadorismo pode parecer ser muito cômodo no momento, mas nada mais é que uma negação da nossa própria existência enquanto agentes políticos e transformadores da realidade. Nossa luta é para que as diferenças sociais sejam repudiadas e combatidas com veemência, mas as diferenças de opinião ou opção sejam respeitadas e assimiladas.
Como diria o sábio Antonio Gramsci; "O desafio da modernidade é viver sem ilusões , sem se tornar desiludido ".
 Por: Marcelo Cadore, Cordenador Estadual - SindaspiSC
 

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