domingo, 28 de março de 2010

BB KIng/Eric Clapton/Buddy Guy/Jim Vaughn

Parricídio tucano ou afasia suicida de José Serra

O que significa, do ponto de vista político e psicológico, o personagem José Serra no cenário da direita no Brasil e na América Latina?


Foi líder estudantil da UNE, o que não quer dizer talento retórico nem capacidade intelectual; todavia se no passado porventura possuía algum charme persuasivo, atualmente não lhe sobrou nada, e isso está relacionado com a sua progressiva direitização depois do Chile, ou talvez até antes.

Serra em Santiago foi uma espécie de garçom ou mordomo de FHC, a quem deverá o futuro ingresso nas altas rodas banqueiras em São Paulo, tendo apoio da missa católica de Franco Montoro para fazer-se deputado.

Do Chile, José Serra vem carimbado de "marxista", fazendo marola que estava na trincheira do marxismo, quando na verdade sua quitanda era a Cepal burguesa e desenvolvimentista, sob a direção de Raul Prebish, economista ponta de lança do imperialismo inglês na Argentina, odiado por peronistas, nacionalistas e trotskistas.

Não há contribuição alguma de José Serra à teoria econômica na América Latina.

Isso foi dito em 1978 por Ruy Mauro Marini, artigo publicado na Revista de Sociologia Mexicana. José Serra, sem o menor escrúpulo intelectual, censurou o artigo de Ruy Mauro Marini no Cebrap. Neste artigo, aparecia como ele é hoje: um homem que se ufana da burguesia industrial e financeira paulista, um tecnocrata operador do capital monopolista internacional.

Ruy Mauro Marini antecipou o balé financeiro multinacional de José Serra, origem pobre, mas fascinado pelo Banco e pelo poder do dinheiro fazer dinheiro, que não tem nada a ver com o capital produtivo. O PSDB é a expressão de classe da universalização do capital monopolista, isto é, do imperialismo.

Funeral de Allende

A saga mal contada do Chile. Não se conhece nenhum protesto tucano contra a derrubada do presidente Salvador Allende. E esse silêncio, ou essa atitude impassível em relação ao socialismo chileno golpeado pela CIA, é revelador do tipo de "democracia" a que está afeiçoado o PSDB.

José Serra no Chile esteve mais próximo do ’catolicão’ Eduardo Frei do que do comunista Salvador Allende, ao contrário do que sucedeu com Ruy Mauro Marini, Andre Gunder Frank e Darcy Ribeiro.

Eduardo Frei não só conspirou no golpe de Estado de 1973, como celebrou o regime de Pinochet, o qual contou com o Banco Mundial assessorado por Milton Friedman e os economistas Chicago Boys, que foram admirados e aplaudidos por Roberto Campos, o economista que se esforçou para privatizar a Petrobras e a Vale do Rio Doce.

O modelo econômico de Pinochet foi inspirado na ditadura brasileira de 1964 com os planos de "austeridade" ditados pelo FMI e Banco Mundial, privatizadores com corte de gastos estatais.

O que existe em comum entre Milton Friedman, FHC e José Serra? Estes no poder venderam as empresas estatais para o capital privado e, principalmente, para o capital estrangeiro.

Essa política neoliberal de desnacionalização, que direcionou tanto o regime fascista de Pinochet quanto a social democracia de FHC e Serra, baseia-se em três pilares: exportação, austeridade e superexploração do trabalho.

A Cepal de Raul Prebisch foi a antessala dos Chicago Boys de Milton Friedman, os quais ocuparam altos cargos executivos no regime fascista de Pinochet. A política econômica do general chileno foi de caráter neoliberal e privatizante tanto quanto a da "era vendida" de FHC e Serra. Isso significa que, para além da superficial análise políticóloga baseada na noção de "autoritarismo", a repressão policial durante a "era vendida" não se fez necessária no Brasil para garantir o domínio neoliberal da burguesia financeiro-monopolista e sua acumulação de capital.

O genocídio econômico neoliberal no Chile estava, segundo Pinochet, justificado por uma "democracia autoritária".

Panteão caipira

Se a ditadura de 64 seguiu o receituário tecnocrático de Roberto Campos, o repercurtor colonizado de Milton Friedman, o guru gringo de Pinochet, então a política privatizante do general chileno foi, por sua vez, radicalizada pelo príncipe da sociologia no Brasil, que recebeu o justo epíteto de "o rei das privatizações", disputando esse qualificativo na América Latina com Menem na Argentina e Fujimori no Peru. É por causa desse condicionante econômico do capital monopolista que FHC e Serra nunca derramaram lágrima alguma para Salvador Allende assassinado pelos Chicago Boys, os quais iriam inspirar mais tarde a decisão tucana de privatizar a Vale do Rio Doce e vender as ações da Petrobrás.

FHC e Serra no poder iriam repetir e copiar Albert Hirschman, outro economista anti-marxista que não difere substancialmente de Walt Rostow bancado pela CIA, o assessor de Kennedy e Johnson que mandou jogar bomba nas cabeças dos vietnamitas.

A fúria neoliberal privatizante dos tucanos não foi de inspiração autóctone, ou o resultado de seu convívio com Ulisses Guimarães e Franco Montono, o panteão caipira do largo São Francisco, incluindo o cowboy Orestes Quércia.

Como tudo o que acontece com eles, a diretriz é traçada invariavelmente do exterior e dos centros imperialistas. A compreensão dessa política entreguista do PSDB está em Andre Gunder Frank, sociólogo nascido em Berlim (1929) que deu aula na Universidade de Brasília convidado por Darcy Ribeiro, e que continua até hoje sendo o demônio das ciências sociais.

Gunder Frank, o autor de O Desenvolvimento do Subdesenvolvimento morreu em 2005, deixou uma notável obra teórica e histórica, que é o desmascaramento do neoliberalismo com a ideologia da globalização do capital monopolista.


O detalhe é que além de ter vivido no Chile na época de Salvador Allende, o marxista Gunder Frank, foi aluno de Milton Friedman na Universidade de Chicago na década de 50 e percebeu o caráter reacionário de seu mestre, rompeu com ele e com a Universidade de Chicago, e mais tarde no Chile, denunciou o crime contra o povo latinoamericano perpetuado por aquele figurão que ganhou o prêmio Nobel de economia, por ser o paradigma monetarista do vínculo entre a universidade e o banco, como é também o caso, repetido na periferia, do percurso de FHC e Serra, os quais concentraram o poder econômico e venderam o país, seguindo a terapia do "tratamento de choque", a expressão de autoria de Milton Friedman, cuja política, como dizia Gunder Frank, aumentou o monopolismo capitalista no mundo, desde quando assessorou Barry Goldwater e orientou as medidas econômicas de Nixon.

Para América Latina exportou a bula, repercutida décadas depois pelos tucanos, sobre a "estabilização da economia", que não é diferente do modelo de Roberto Campos.

Mercado livre e pau-de-arara

É preciso desconfiar da auto-propagada vocação dos tucanos à democracia. Roberto Campos também se dizia fã da democracia quando serviu à ditadura. Milton Friedman escreveu o livro Capitalismo e Liberdade e contribuiu para o assassinato de 30 mil pessoas no Chile, apelando para os princípios do "mercado livre" e do neoliberalismo. Por isso é preciso perguntar o seguinte: até onde vai o amor de José Serra pela democracia? O fascismo político de Pinochet se valeu do neoliberalismo na economia, o qual será retomado por FHC com eleições, seguindo o que receitava o guru Milton Friedman: o lucro é a essência da democracia. FHC sempre disputou as eleições por cima e em situação favorável, a moeda "real" foi a cédula eleitoral no bolso, dizia Leonel Brizola. Depois se reelegeu na maré das reeleições, o que não acontecerá com José Serra, que é uma espécie de primo pobre da tucanalha, desprovido das fortunas maquiavélicas que foram oferecidas para FHC na Casa Grande.

A dialética Casa Grande e Senzala funciona como um sintoma psicológico de um partido político repleto de egos vaidosos e sem carisma. FHC colocou a graça de seu carisma no dinheiro, na moeda, ficando conhecido como o "príncipe da moeda".

Herança Vende-Pátria

Hoje, em situação mundial desfavorável provocada pela crise financeira do imperialismo (FHC esteve oito anos agenciando a globalização do capital estrangeiro), o PSDB com José Serra - representando os interesses da burguesia financeira e industrial de São Paulo - se prepara para voltar ao Palácio da Alvorada.

Há porém um problema neste teatro subshakesperiano. É que depois do estrago entreguista de FHC, os tucanos não têm discurso a apresentar, digamos, nenhuma esperança em cima da telenovela, da moeda e da estabilização da economia.

Ainda que não reconheça publicamente, José Serra gostaria de descartar-se da herança de seu progenitor, porque essa herança é um estorvo fatal para ele, impedido de falar que vai retomá-la e tirar-lhe a parte ruim.

Afinal, que "Brasil venceu" com oito anos de FHC? José Serra vive essa contradição em sua trajetória política, pois não poderá negar a paternidade que o gerou, embora esse DNA seja um obstáculo para palmilhar o caminho da Presidência da República.

É difícil para José Serra refutar que a era FHC, com a sua política de privatização internacional e agente da universalização do capital privado, foi um retrocesso nacional, que não fez senão prosperar os bancos e as corporações multinacionais.

Durante a "era vendida" de FHC, o PSDB foi o instrumento político do capital globalizado, que levou adiante as medidas entreguistas de 64, valendo-se do argumento da eficácia, da racionalidade e da competência na administração da vassalagem entreguista.

Baile de Manhattan

Analisado de olho na América Latina, o governo neoliberal de FHC -que José Serra estará compelido a defender agora com todos os constrangimentos - tomou como paradigma e aprofundou o que foi feito na economia pelos Chicago Boys no Chile do general Pinochet.

O neoliberalismo econômico de FHC, Menem e Fujimori começou com as ditaduras da década de 60. A retirada de todas as restrições ao capital estrangeiro, a liberalização dos mercados, a desregulação das empresas privadas, as prescrições sobre os "ajustes estruturais" fizeram parte do pacote macroeconômico chamado "estabilização" aplicado em escala mundial a mando do FMI e do Banco Mundial.

Essa foi, na era privatizadora de FHC, a economia portifólio e especulativa, de acordo com o processo de acumulação de capital sob a égide da financeirização.

Quem fez a farra com o Plano Real foi, dentre outros bancos estrangeiros, o Chase Manhattan com os seus superlucros.

São os bancos e as grandes instituições financeiras que irão conceder o prêmio Honoris Causa para FHC, o "gênio das ciências sociais" enfiando (como dizia Leonel Brizola) os barretes em sua cabeça por várias universidades do Primeiro Mundo pelo serviço prestado, sobretudo na Inglaterra de Tony Blair, o afilhado de dona Tatcher e pupilo de Giddens, o comensal assíduo nos ágapes oferecidos por Rupert Murdoch, a patota Barclays Bank e British Airways.

A política econômica neoliberal foi um desastre para a América Latina, empobreceu muita gente e marginalizou amplos setores da população. José Serra irá corrigir os defeitos dessa política imperialista de FHC? É difícil imaginar o discurso do PSDB agora para o que defendeu e executou no poder durante oito anos, tendo sido o principal agente político da universalização do capital monopolista.

Culpa e Insônia
O travesseiro de José Serra está esquentado com a questão: o que dizer na campanha de 2010 acerca da herança daquele que foi o seu progenitor político? Agora, com a crise da financeirização política do capital monopolista, nem a direita da metrópole defende mais a "flexibilização do capitalismo".

A insônia de José Serra tem razão de ser: cadê o Giddens? Cadê o Blair? Cadê a Tatcher? Cadê o Clinton?

O modelo terceira via-globalização-privatizante-neoliberal fracassou. A alternativa durante a campanha é retornar a Keynes e aos investimentos públicos? Será que isso surtirá algum efeito?

O problema é o peso da herança: FHC foi a transferência do patrimônio público para os interesses privados.

O PSDB não é social nem democrático. Quem faz o programa desse partido é a big finança, e esta não tem nada de democrática; ao contrário, o capitalismo monopolista é contra a democracia.

O interesse imperialista da metrópole é o que determina a concepção do PSDB.

Os gerentes e estamentos anglosaxônicos formularam as políticas da "terceira via" e da privatização, porém isso resultou num desastre completo.

O que foi outrora tido como gênio, Tony Giddens, citado impreterivelmente na bibliografia dos cursos da pós-graduação em ciências sociais, virou um badameco da burguesia pirata de Londres.

Segundo o sibarita Giddens, acabou a luta de classes entre burguesia e proletariado, o vínculo entre nação opressora e nação oprimida foi dissolvido, dissipou a contradição capitalismo versus socialismo, assim a filantropia das ONGs é o que resolve a penúria; enfim, essa "terceira via" neoliberal privatizadora aumentou o abismo entre pobres e ricos.

O PSDB é um partido político colonizado e mimético, sua formatação origina-se dos centros financeiros do capitalismo, seu internacionalismo, ou melhor, seu cosmopolitismo é burguês, portanto não há abracadabra possível que faça José Serra pousar de nacionalista e defensor das riquezas naturais do país; afinal ele foi o fautor e companheiro de viagem do funeral feagaceano da era Vargas. Então, sem que se reduza a política à psicanálise, é preciso reconhecer que um espectro ronda o arraial tucano: o do parricídio. É a matança (simbólica, claro) do pai FHC pelo filho José Serra, se este quiser se despregar da "era vendida", pelo menos durante a campanha eleitoral de 2010. Se não for seguido este caminho, não restará outra alternativa senão a afasia que o levará à autoimolação política.

Adiós, Serra.

Gilberto Felisberto Vasconcellos é sociólogo, jornalista e escritor

sábado, 27 de março de 2010

Neosocialismo vs Neoliberalismo em 2010

O neoliberalismo da era FHC, defensora da austeridade fiscal e do Estado mínimo, recebera de herança uma dívida pública de 60 bilhões e entregou ao País uma dívida de 630 bilhões, tendo quebrado o País três vezes e deixado o governo em plena crise econômica. Enquanto na era neoliberal, o País quebrou três vez por conta de três pequenas crises localizadas: Russa, Indonésia e México. O Brasil do neosocialismo petista resistiu ao que foi considerado a segunda maior crise do capitalismo da história. Uma crise que ainda agora está dragando as economias da maior potência econômica do mundo, os EUA, e da segunda maior potência econômica, a UE.

As esquerdas no Brasil, se não repetirem o ditado de que a "esquerda só se une na prisão", poderá oferecer para o País uma grande ofensiva contra a herança neoliberal, empurrando para o lixo da história os partidos intimamente ligados às políticas neoliberais. Isso significaria uma aliança ideológica no primeiro turno, centrando os ataques todos na direita, e com isso lutando para levar candidatos de esquerda para o segundo turno, aonde a partir daí, poderiam se oferecer as diferenças de cada candidato da esquerda.

A era Lula deixará um grande legado para nossos historiadores. Primeiro, de que o governo Lula foi empurrado para esquerda apenas a partir da escalada golpista sob o factóide do mensalão. Isso confirma algumas passagens da obra de Marx em Luta de Classes em França, aonde ele apresenta como dialeticamente a voracidade dos reacionarios foram o fato fundamental para converter os socialistas em revolucionários. Guardadas as devidas proporções, o governo Lula Cardoso cujo Lula foi inclusive vaiado como "traidor" no Fórum Social Mundial, cujo o próprio, nessa fase de conluio com os meios de comunicação conservadores, chegou a declarar que nunca se achou um esquerdista, só saiu da centro-direita para a centro-esquerda após a escalada golpista do factóide do mensalão.

Os verdadeiros articuladores do neoliberalismo popular do primeiro mandato de Lula foi o triunvirato José Dirceu, José Palloci e Henrique Meirelles. José Dirceu representa a política de traição ideológica, descambando para o cinismo pragmático-eleitoreiro, a mesma relação que culminou com a recusa de Lula de sua origem esquerdista e as vaias de traído no Fórum Social Mundial. O que Dirceu representava politicamente, como realismo político, como alguém que se rendeu ao jogo sujo da política, Pallocci representava na economia, ele foi o principal responsável pelo estigma do primeiro governo Lula como sendo o terceiro mandato de FHC. Quando Dirceu caiu, subiu Dilma. Quando depois derrubaram o Pallocci, subiu Mantega. Esses dois foram os principais responsáveis por todas as grandes conquistas da centro-esquerda no Brasil, já no segundo mandato de Lula.

No entanto, restou Meirelles. Esse, um emigrado do tucano, um ex-banqueiro de um banco internacional, um fiel seguidor das políticas monetaristas-neoliberais, a mídia não tocou. E Lula não teve a coragem de tirá-lo, como não teria no caso de Dirceu e Pallocci, que só cairam a reboque dos ataques golpistas da mídia conservadora. Por isso mesmo, o Banco Central é a força mais retrógada no governo Lula, é a ilha de herança maldita que o governo Lula não rompeu. Esperemos que a Dilma tenha a coragem de romper com esse último entulho neoliberal, essa privatização da política monetária que está nas mãos dos "mercados".

Se a eficiência dos mercados não foi descaradamente desmoralizada com a segunda maior crise do capitalismo e atingindo o centro do capitalismo, então este exemplo provará. Quando veio a crise, o governo brasileiro liberou o compulsório (taxa de reservas dos bancos privados que ficam presas no Banco Central para efeito de política monetária), no entanto, os bancos privados ao invés de oferecer crédito com esse dinheiro compraram títulos públicos (assim, o dinheiro retornou ao governo).

Ato contínuo, o governo usou pesadamente e politicamente os seus dois únicos bancos, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, através dele ofereceu crédito no momento em que a crise gerava escassez de crédito. Resultado, os bancos públicos quebraram porque não seguiram regras de mercado e foram manipulados politicamente? Não, eles cresceram mais do que os bancos privados, e o Banco do Brasil conquistou o maior lucro da história bancária do País. E isso em um país aonde os bancos sempre lucram muito.

Para a história, deve ficar claro que não cabe qualquer tentativa de aclamação heróica, tudo foi resultado de uma luta de classes que só foi possível graças a radicalização reacionária dos setores refratários da sociedade, o que acabou dialeticamente provocando o seu oposto, o aprofundamento das transformações sociais e do enraizamento político da centro-esquerda. Lula, se tivesse rompido com a política monetária neoliberal, poderia ter entrado na história com todos os méritos, o fato de Meireles e o Copom controlado pelo mercado (o dito BC independente) ter permanecido, prova que Lula foi muito mais resultado das circunstâncias do que de seus compromissos históricos com os trabalhadores brasileiros.

Mas, no entanto, suas últimas declarações mostram um posicionamento mais firme, isso sim, ainda que demasiado tarde, tem a dimensão histórica das reformas sociais que conquistamos nos últimos anos. Mas Dilma, ao que tudo indica, se mostra mais tenaz, valente, coerente e focada que Lula. Tudo nos leva crer que Dilma não será apenas a preservação das conquistas, mas efetivamente a chance de avançarmos muito além, porque convenhamos, todas as conquistas se deram dentro do segundo mandato, e ainda não estavam alinhadas. Agora, com a Dilma, o projeto está alinhado, tudo indica que podemos almejar em breve com uma taxa de crescimento a altura do povo brasileiro.

*wiki repórter Johan, Fortaleza-CE

quarta-feira, 24 de março de 2010

Por que ser Marighellista?

Carlos Marighella combinou os diversos talentos como quadro organizador, propagandista e agitador. Foi um dirigente partidário, um comandante guerrilheiro, um teórico e dono de uma coerência capaz de assumir todas as consequências de seus atos. Como bom militante, seus textos foram elaborados para enfrentar problemas e desafios concretos que se colocavam para a luta popular. Como revolucionário dedicou-se em cada tarefa que a revolução apresentou: tribuno parlamentar na Assembleia Constituinte; agitador em comícios e assembleias, redator de panfletos e artigos, editor, organizador sindical, formador de quadros, guerrilheiro e teórico militar.
Enfrentou a tortura, supremo tormento que aflige todo o militante, e escreveu “Se fores preso camarada!”, orientando como se deve comportar ante o inimigo. Baleado pela ditadura, soube converter a tragédia numa ação de agitação e propaganda desmascarando o regime. Colocado ante o desafio das armas escreveu um texto que até hoje é estudado por academias militarespelo mundo. Caçado como “inimigo público número um da ditadura militar”, com a foto estampada em cartazes e revistas por todo o país, vivenciou todas as técnicas da clandestinidade, a privação do convívio com o filho e a família até a emboscada dos que seiludiram que podiam eliminá-lo.

Herói revolucionário Como se vê, são muitos os resgates possíveis de Marighella para os atuais lutadores populares e para os do futuro. Quase impossível não se perder ante tantas possibilidades. Comecemos pelo resgate mais forte. Carlos Marighella é um herói. A força do herói é à força da coerência. Assumir as consequências, por maiores que surjam, para defender o direito à verdade. O mito do herói tem um poder de sedução dramática flagrante e, apesar de menos aparente, uma importância psicológica profunda para qualquer grupo humano.
Em cada circunstancia histórica a imagem reconstruída do herói toma formas particulares que correspondem às necessidades do individuo ou grupo humano enfrentadas num dado momento.Este resgate tem sido um elemento fundamental na estratégia revolucionária dos povos.Marx diria de outra forma, com seu estilo inigualável: “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade, em circunstâncias escolhidas por eles próprios, mas nas circunstâncias imediatamente encontradas, dadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas pesa sobre os cérebros dos vivos como um pesadelo. E mesmo quando estes parecem ocupados a revolucionar-se, a si e às coisas, mesmo a criar algo de ainda não existente, é precisamente nessas épocas de crises revolucionárias que esconjuram temerosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomam emprestados os seusnomes, as suas palavras de ordem de combate, a sua roupagem, para, com esse disfarce da velhice venerável e essa linguagem emprestada, representar a nova cena da história universal” .
Essa "ideia-força" tem suscitado muitas reflexões. Martí, o autor intelectual da Revolução Cubana, Sandino, o General dos Homens Livres renascido na Revolução Sandinista, Zapata empunhado como bandeira no levante das selvas mexicanas que estragou a festa comemorativado início do Nafta, Bolívar cuja espada foi ousadamente resgatada numa ação guerrilheira e depois devolvida, renascendo no processo revolucionário venezuelano e na construçãoda Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba).
Em cada um destes processos, quando parecíamos ocupados em revolucionar-se, a si e às coisas, mesmo a criar algo de ainda não existente, tomamos emprestados as roupagens, nomes e palavras de ordem de combate dos espíritos do passado. Nestes casos, os novos revolucionários apenas tomaram emprestado as “roupagens, nomes e palavras de ordem”?Não é tão simples quanto pode aparentar uma primeira reflexão. José Marti foi mesmo o autor intelectual da Revolução Cubana como revela Fidel Castro em seu Relatório ao 1º Congresso do Partido Comunista de Cuba e a construção da luta guerrilheira de Augusto César Sandino foimuito mais que uma inspiração para os jovens construtores da Frente Sandinista de Libertação Nacional como explicou Carlos Fonseca. Zapata confere uma necessária unidade na lutado povo mexicano enquanto projeto revolucionário. Tampouco é casual que o processo revolucionário venezuelano tenha como principal dirigente um militar que passou anos ministrando aulas aos cadetes sobre o pensamento de Bolívar.
Em nenhum destes casos os novos revolucionários tiveram que falsificar uma história. Muito menos a utilizaram como simples máscara encobrindo o que já pretendiam fazer. Em todos,recolheram ensinamentos que lhes permitiram enfrentar os problemas do presente e conferir um sentido como a continuidade do passado. Estes ensinamentos existiam e contribuíram deforma decisiva para o enfrentamento de desafios políticos e militares surgidos em circunstancias bem distintas da época em que foram formulados.
O elemento comum nestes casos é que o resgate dos ensinamentos não se limitou a buscar obter respostas diretas para perguntas que jamais poderiam ter se colocado no passado, mas tiveram a inventividade de obter respostas indiretas nos elementos essenciais que caracterizavam as idéias. Os novos sandinistas estudaram o pensamento de Sandino, suas táticas, organização e erros. Apropriaram-se dos valores éticos e dos conceitos políticos.Extraíram inúmeros ensinamentos que permitiram enfrentar problemas do presente, mas, simultaneamente, a luta revolucionária os obrigou a reinventar o sandinismo, muito vezes conferindo-lhe novos significados.
Inspiração na luta é que sem mesmo entender os motivos, intuímos que necessitamos do exemplo de nossos heróis. Invocálos em nossa mística para que possamos nos sentir sua continuidade, tomar emprestados os seus nomes, as suas palavras de ordem de combate, a sua roupagem.Uma resposta simples é que talvez nos ajudem a enfrentar o fantasma da inevitabilidade da morte e este seja o verdadeiro sentido de perceber-se um elo de sua continuidade. Seria tão somente nossa maneira simbólica de sermos eternos. Contudo, vimos que não são apenasroupagens e nomes. Em cada episódio revolucionário os heróis resgatados contribuíram com a força de suas idéias, quase sempre traduzindo o caminho para o problema central a ser enfrentado pelos novos revolucionários. Não pela mera repetição de seus atos e propostas, maspela reinvenção que possibilitaram.
Cada geração copia e reproduz sua predecessora até onde seja possível. Mas suas construções, ainda que se defrontando com novos desafios, mesmo implicando na transformação fundamental do próprio passado, continuam necessitando reproduzi-lo, mesmo quando o intuito central é transformá-lo. Aqui é preciso estabelecer o vínculo com o atual momento e os desafios colocados para os lutadores do povo. Enunciemos a questão: mais do que antes precisamos nos fortificar. Enfrentar os anos da ofensiva neoliberal nos debilitaram profundamente. Enfrentamos o desafio de reconstruir o horizonte e a força social da revolução a partir das poucas e valiosas energias que sobreviveram e suportaram a maior crise ideológica da história da luta pelo socialismo.
A década de 90, marcada pela resistência, consumiu muitas energias para sobreviver ideologicamente. Neste momento, olhamos para o futuro e apontamos um novo período histórico se abrindo. Nossa construção, pacientemente edificada nos últimos anos, precisa reconhecer-se, reencontrar sua identidade e, principalmente a energia resultante deste encontro. Eis porque é fundamental resgatar a contribuição teórica, a coerência e o exemplo persistente de Carlos Marighella.
No debate sobre o caráter da revolução, das alianças estratégicas, da definição do centro da tática, dos conceitos organizativos de um instrumento político revolucionário, encontraremos contribuições teóricas extremamente atuais. O legado de Marighella a ser resgatado e reinventado hoje é a capacidade de concentrar-se na conquista do poder, enfrentando as impossibilidades, por maiores que se coloquem, sem desviar um milímetro deste objetivo.
Os que persistem no objetivo da construção do Projeto Popular, enfrentando uma conjuntura prolongadamente adversa, apostando na construção organizativa por meio do exemplo pedagógico, já são marighellistas, ainda que não tenham esta consciência. Resgatar Carlos Marighella é parte da paciente e complexa construção da revolução brasileira. Percorrendo esse caminho encontraremos conceitos e exemplos que tem muito a nos ensinar.

Ricardo Gebrim

*Advogado e militante da Consulta Popular

sábado, 13 de março de 2010

Prefeito de Chapecó e suas maracutaias propineiras


Prefeito João Rodrigues – DEMO e o vice- governador PAVAN – PSDB

Será que a retroescavadeira comprada sem licitação por R$ 60 mil pelo João usava óleo diesel da distribuidora que deu R$ 100 mil para o Leonel? Vai saber…

A triplice aliança (ou tríplice suruba, como diz o ex-senador Jaison Barreto) não sai do noticiário policial. Depois do Pavan (PSDB) movido a gasolina da Arrrows Petróleo, agora é a vez do prefeito de Chapecó receber uma condenação da justiça.

Como tem advogados bem pagos e a justiça permite que ele recorra em liberdade, teremos em breve mais um “ladrão transitado em julgado”.

A notícia da condenação do prefeito de Chapecó, bota de molho as barbas dos caciques do DEMO. E olha que o dossiê do ovo lageano ainda está na chocadeira.

Estou achando que a triplice aliança já foi para o beleléu. Falta prender um do PMDB, ai só haverá disputa de eleição para de zelador de presídio.

*Tijoladas do Mosquito

segunda-feira, 8 de março de 2010

mulheres camponesas, com o apoio e participação das mulheres urbanas, organizam uma atividade para comemorar o Dia da Mulher

Os movimentos das mulheres camponesas, com o apoio e participação das mulheres urbanas, organizam uma atividade para comemorar o Dia da Mulher, em 08 de março. São esperadas 600 mulheres da região Oeste para discutir temas da atualidade, como o Bioma Mata Atlântica, as agroflorestas, as políticas públicas e os subsídios para a agricultura.

O evento será realizado no Salão da Paróquia Santo Antônio, com a seguinte programação:
09:00 – Recepção das Caravanas;
09:30 – Abertura do evento;
10:00 – Debate Bioma Mata Atlântica e as agroflorestas;
12:00 – Almoço partilhado;
13:00 – Abertura do processo da 11ª Assembleia Estadual do Movimento das Mulheres Camponesas;
14:00 – Caminhada na Avenida Getúlio Vargas e mobilização para discutir o pagamento de serviços ambientais, subsídio para a produção agroecológica de alimentos da agricultura camponesa/familiar e a carência das dívidas;
16:00 – Encerramento.


“Os temas que serão debatidos no encontro nos darão subsídio pra entendermos melhor as questões, e também para continuarmos o nosso trabalho de produzir alimentos saudáveis e preservar o meio ambiente. Também queremos mostrar que 08 de março é de organização, ao contrário de muitos outros encontros que é só festa e presentes”, salienta a agricultora Rosalina da Silva, da comunidade de Faxinal dos Rosas, interior de Chapecó.

terça-feira, 2 de março de 2010

Prefeito de Chapecó sentenciado a mais de cinco anos de prisão por licitação irregular em Pinhalzinho

JUSTIÇA FEDERAL
João Rodrigues condenado
Prefeito de Chapecó sentenciado a mais de cinco anos de prisão por licitação irregular em Pinhalzinho

A pretensão de João Rodrigues em concorrer em uma chapa majoritária ao governo do Estado ou ao Senado sofreu um baque. Ontem veio a público a condenação do prefeito de Chapecó a cinco anos e três meses de detenção por irregularidades em uma licitação ocorrida em Pinhalzinho, em 1999.

Ex-vice-prefeito do município, Rodrigues foi condenado pelo Tribunal Regional Federal da 4º Região, em Porto Alegre , em denúncia feita pelo Ministério Público Federal. A condenação, em regime semiaberto, além de multa de R$ 2.365, aconteceu por irregularidades no processo de aquisição de uma retroescavadeira.

Ele autorizou a compra da máquina no período em que era prefeito interino do município e foi condenado por infringir a Lei de Licitações (8.666), nos artigos 89 e 90 (ver quadro ao lado). De acordo com a denúncia do Ministério Público, João Rodrigues teria autorizado a realização de um processo licitatório para a compra de uma retroescavadeira no valor de R$ 60 mil. Na compra, teria sido entregue uma retroescavadeira usada no valor de R$ 23 mil.

De acordo com o MP, a comissão responsável por avaliar o preço da máquina usada foi nomeada dois dias depois do edital, onde já constava o valor de R$ 23 mil.

A licitação foi realizada na modalidade de tomada de preços e houve somente uma concorrente, de São José, que foi considerada vencedora.

Segundo a denúncia do Ministério Público, a empresa recebeu R$ 95,2 mil mais a máquina usada, o que totalizaria R$ 118,2 mil.

Além disso, a máquina usada, avaliada em R$ 23 mil, foi vendida pela empresa de São José a um terceiro pelo valor de R$ 35 mil.

TRF absolveu os outros denunciados

No entendimento do Ministério Público, houve fraude no caráter competitivo do processo licitatório. O TRF absolveu outros denunciados como o então procurador do município de Pinhalzinho, Cláudio Pedro Utzig, e o presidente da comissão de avaliação, Elói Trevisan.

O proprietário da empresa vencedora da licitação, Luiz Fernando de Oliveira Guedes, teve sua punibilidade extinta. O mesmo ocorreu em relação ao secretário de Agricultura de Pinhalzinho na época, Luiz Hentz.

Como o prefeito João Rodrigues recorreu da decisão, as penas ainda não foram aplicadas.

darci.debona@diario.com.br
DARCI DEBONA | Chapecó

O que diz a lei 8.666

- Art. 89 – Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade.

- Pena – detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa.

- Parágrafo único – Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovadamente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

- Art. 90 – Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combinação ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto da licitação.

- Pena – detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.





FONTE: DIÁRIO CATARINENSE DE 2 DE MARÇO DE 2010

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