terça-feira, 31 de maio de 2011

"Recursos do FUNDEB precisam ser somente para a Educação"

 
 

Foto_02368_2011_M.jpgNa semana passada a deputada estadual, Luciane Carminatti (PT) protocolou na Assembleia Legislativa um Projeto de Lei (PL 189/2011) que propõe alteração na Lei nº 15.297, que trata sobre as diretrizes orçamentárias para o exercício financeiro de 2011. O Objetivo é diminuir dos Poderes: como Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça e Ministério Público o repasse de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) da base de cálculo da Receita Líquida Disponível (RLD).

“Nossa proposta é para que os recursos atualmente repassados aos Poderes sejam redirecionados para o pagamento do Piso Nacional do Magistério aos professores da rede pública estadual, sem achatamento da tabela salarial como está sendo proposto pelo Governo do Estado através da Medida Provisória Nº 188/2011”, ressalta a parlamentar.

Conforme a previsão de orçamento enviado pelo Poder Executivo e aprovado na ALESC para vigorar em 2011, Santa Catarina receberá do Fundeb R$ 1,26 bilhão, sendo que deste valor 16,13% será repassado aos 4 órgãos citados acima, o que significa R$ 203,8 milhões. “Não é possível aceitar que os recursos financeiros desse tão importante Fundo, que tem os fins claros e específicos, sejam colocados na base de cálculo para os repasses para os outros Poderes do Estado. Entendemos que isso é desvio de finalidade”.

O Projeto foi lido em plenário e está tramitando na Comissão de Constituição e Justiça da Casa

16º Encontro Diocesano de CEBs

                      
 "/:Comunidade eclesial de base novo jeito de ser cristão,
 povo de Deus no Rio Grande a caminho da libertação:/"
                       ( canto das Cebs gaúchas }
   O último domingo 29 de maio,na cidade bicentenária,histórica e acolhedora de Piratini(RS),a "Capital Farroupilha",no Ginásio Municipal de Esportes,aconteceu sob a proteção de Nossa Senhora da Imaculada Conceição o 16º Encontro Diocesano das Comunidades Eclesiais de Base;poderíamos dizer historicamente o 1º Encontro Arquidiocesano de CEBs da Arquidiocese de Pelotas (RS).
  Encontro este que teve como lema:" CEBs: Palavra e Missão" e o tema:" CEBs: Vivendo a Palavra de Deus",que teve como assessor o arcebispo metropolitano Dom Jacinto Bergmann( Biblista e presidente da Comissão Bíblico-Catequética da CNBB).Onde estavam reunidos 1000 delegados das 450 comunidades eclesiais de base,das 27 Paróquias dos 13 municípios que compõe a área da Arquidiocese.
  Na sua pregação Dom Jacinto fez a contextualização e a reflexão sobre o tema e o lema do encontro das Cebs.Onde nos trouxe presente a realidade dos discípulos e missionários.
  Nos falou da grande rede em que é formada a Igreja,onde a Igreja de Cristo como comunidade tem expressão universal em torno de Pedro= " católica" e local-em torno dos apóstolos=" apostólica"... E a IGREJA de Cristo enquanto Igreja local" somos a Arquidiocese de Pelotas( Igreja Particular),formada por uma rede de Paróquias( Igreja Paroquial),cada Paróquia formada por uma rede de comunidades( Comunidade Eclesial de Base),e cada comunidade formada por uma rede de "Familias" a (Igreja Domestica).E que como Arquidiocese,Paróquias, comunidades e "familias"...existimos para Evangelizar.
  Falou da crise em que estamos vivendo e ver como algo bom desta crise.Onde estamos vivendo uma crise de discípulos e missionários, crise está surgida pela mudança de época,que atingiu todas as instâncias da IGREJA.
  Tal crise tem inicio nas familias e dos ataques sofridos pela instituição familiar nos últimos tempos.
  E devemos evangelizar vivendo como discípulos e missionários as virtudes teologais( Fé, Esperança e Caridade),que fica claro na comunidade dos primeiros missionários (At2,42-47).
  Foi falado do Plano Pastoral Diocesano para o triênio de 2011-2013,das prioridades pastorais,como a virtude teologal da Fé,no pilar eclesial da Palavra-no âmbito de ação evangelizador da Pessoa.
  Onde a 1ª Prioridade é Animação Bíblica da Pastoral,1ª Ação comum:Revitalizar os Grupos Bíblicos para a Leitura Orante Permanente;2 ação comum: Promover a Formação BÍBLICA em toda a Diocese.
 Do amor em que nós cristãos batizados temos que ter pela Palavra de Deus,dar o destaque a "Palavra de Deus".( Bíblia).
  Nós assumimos em nossas comunidades eclesiais de base,fazer acontecer a Animação Bíblica Pastoral,através de grupos de familias,mediante a leitura orante da Bíblia,especialmente usando o método da Lectio Divina.
  O encontro encerrou na acolhedora cidade de Piratini,com a Santa Missa celebrada por Dom Jacinto Bergmann e presbíteros,com a proteção da Imaculada Conceição,retornamos com alegria e disposição para as nossas comunidades e Paróquias.
  O próximo encontro será em 2013,na Paróquia do Senhor Ressuscitado no Bairro Areal em Pelotas (RS).
_____________________

  Por: Júlio Lázaro Torma
 * Membro da Equipe Arquidiocesana da Pastoral Operária ( Pelotas /RS).
 Colaborador deste blog

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Movimento Hip-Hop MH2C na "Boca da BR" comunidade do Lajedo São José

ENCONTRO HIP-HOP EM CHAPECÓ from Leonardo Santos on Vimeo.

O coletivo de Hip Hop –MH2C  de Chapecó, promoveu evento na comunidade do Lajedo São José,  com a participação de  coletivos dos três estados do sul, a junção destes atores, deu voz aos manos e às minas e mostrou que, mais que um modismo ou que um estilo de música,o hip hop,  hoje tem um alcance global e já massivo, é uma nação que busca congregar excluídos do mundo inteiro. Na pauta do encontro ficou  determinado a criação de uma rede de articulação dos três estados da região sul, com o objetivo de criar uma  ferramenta, que possa, de forma mais efetiva fazer dos coletivos de Hip-Hop uma manifestação cultural das periferias de pequenas e grandes cidades, que envolva  distintas representações artísticas de cunho contestatório, revolucionário, ligadas pela idéia da emancipação, autovalorização da juventude das periferias, por meio da recusa consciente de certos estigmas (violência, marginalidade, drogadição) associados à essa juventude,  para que possa intervir e agir sobre essa realidade a transformá-la.Também ficou preestabelecido a  publicação de informativo,  produção de CD com participação dos coletivos. Extraiu-se o mês e  local, para o próximo encontro, que será em Julho na cidade de Blumenau-SC,  

*É ensurdecedor o brado que emana da goela
do inferno – logo ali, em torno da grande cidade.
Vem em ondas concêntricas e vai tomando
as zonas centrais, as circunvizinhanças dos
ricos condomínios, as universidades – um brado
que fede, que arde, que sangra, que dói –, carregado
de miséria, de fome, de desemprego, de
desabrigo, de violência, de crueldade, de álcool,
de drogas, de estampidos e de carências (de oportunidades,
de educação, de saúde, de respeito, de
direitos, de futuro).
Brado-radiografia de personagens que sobrevivem
no campo minado em que, mesmo antes de nascer,
se é condenado à morte sumária. Um brado que
sempre esteve lá, mas a sociedade jamais poupou
esforços para torná-lo inaudível, imperceptível, impotente.
Brado mudo, num país que tem o orgulho
de se fazer de surdo.
Mas o tempo se incumbiu de amplificar esse
som, que ecoa da periferia. 
Ele ganhou força e vida.


*Oswaldo Faustino 
  jornalista, escritor e pesquisador.

 * Prof. Lonardo Santos
    Video



quinta-feira, 26 de maio de 2011

Aprovada a destruição. Que fazer?

Vivemos um eterno retorno quando se trata da proteção aos latifundiários e grandes empresas internacionais. No Brasil contemporâneo, pós-ditadura, nunca houve um governo sequer que buscasse, de verdade, uma outra práxis no campo. Todos os dias, nas correntes ideológicas do poder, disseminadas pela mídia comercial – capaz de atingir quase todo o país via televisão  – podemos ver, fragmentadas, as notícias sobre a feroz e desigual queda de braço entre os destruidores capitalistas e as gentes que querem garantir vida boa e plena aos que hoje estão oprimidos e explorados. Nestes dias de debate sobre o novo Código Florestal, então, foi um festival. As bocas alugadas falavam da votação e dos que são contra o código como se fossem pessoas completamente desequilibradas, que buscam impedir o progresso e o desenvolvimento do país. Não contentes com todo o apoio que recebem da usina ideológica midiática, os latifundiários e os capatazes das grandes transnacionais que já dominam boa parte das terras brasileiras, ainda se dão ao luxo de usar velhos expedientes, como o frio assassinato, para fazer valer aquilo que consideram como seu direito: destruir tudo para auferir lucros privados.
Assim, nos exatos dias de votação do novo código, jagunços fuzilam Zé Claudio, conhecido defensor da floresta amazônica. Matam ele e a mulher, porque os dois incomodavam demais com esse papo verde de preservar as árvores. Discursos tolo, dizem, de quem emperra a distribuição da riqueza, deles próprios, é claro. E o assassinato acontece, sem pejo, no mesmo dia em que os deputados discutem como fazer valer – para eles – os seus 30 dinheiros sujos de sangue.
Imagens diferentes, mas igualmente desoladoras. De um lado, a floresta devastada e as vidas ceifadas à bala, do outro a tal da “casa do povo”, repleta de gente que representa, no mais das vezes, os interesses escusos de quem lhes enche o bolso. Pátria? País? Desenvolvimento? Progresso? Bobagem! A máxima que impera é do conhecido personagem de Chico Anísio, o deputado Justo Veríssimo: eu quero é me arrumar!
No projeto construído pelo agronegócio só o que se contempla é o lucro dos donos das terras, dos grileiros, dos latifundiários. Menos mata preservada, legalização da destruição, perdão de todas as dívidas e multas dos grandes fazendeiros. Assim é bom falar de progresso. Progresso de quem, cara pálida? Ao mesmo tempo, os “empresários” do campo, incapazes de mostrar a cara, lotam as galerias com a massa de manobra. Pequenos produtores que acreditam estar defendendo o seu progresso. De que lhes valerá alguns metros a mais de terra na beira de um rio se na primeira grande chuva, o rio, sem a proteção da mata ciliar, transborda e destrói tudo? Que lógica tacanha é essa que impede de ver que o homem não está descolado da natureza, que o homem é natureza.
Que tamanha descarga de ideologia os graúdos conseguem produzir que leva os pequenos produtores a pensar que é possível dominar a natureza, como se ao fazer isso não estivessem colocando grilhões em si mesmo? Desde há muito tempo – e gente como Chico Mendes, irmã Doroty e Zé Claudio já sabia -  que o ser humano só consegue seguir em frente nesta terra se fizer pactos com as outras forças da natureza. E que nestes pactos há que se respeitar o que estas forças precisam sob pena de ele mesmo (o humano) sucumbir.
O novo código florestal foi negociado dentro das formas mais rasteiras da política. Por ali, na grande casa de Brasília, muito pouca gente estava interessa em meio ambiente, floresta, árvore, rio, pátria, desenvolvimento. O negócio era conseguir cargo, verba, poder. Que se danem no inferno pessoas como Zé Cláudio, que ficam por aí a atrapalhar as negociatas.  Para os que ali estavam no plenário da Câmara gente como o Zé e sua esposa Maria não existem. São absolutamente invisíveis e desnecessárias. Haverão de descobrir seus assassinos, talvez prendê-los por algum tempo, mas, nas internas comemorarão: menos um, menos um.
Assim, por 410 x 63, venceram os destruidores. Poderão desmatar a vontade num tempo em que o planeta inteiro clama por cuidado. Furacões, tsunamis, alagamentos, mortes. Quem se importa? Eles estarão protegidos nas mansões. Não moram em beiras de rio. Dos 16 deputados federais de Santa Catarina apenas Pedro Uczai votou não. Até a deputada Luci Choinacki, de origem camponesa votou sim, contrariando tudo o que sempre defendeu.
Então, na mesma hora em que a floresta chorava por dois de seus filhos abatidos a tiros, os deputados celebravam aos gritos uma “vitória” sobre o governo e sobre os ecologistas. Daqui a alguns dias se verá o tipo de vitória que foi. Mas, estes, não se importarão. Não até que lhes toque uma desgraça qualquer. O cacique Seatlle, da etnia Suquamish, já compreendera, em 1855,  o quanto o capitalismo nascente era incapaz de viver sem matar: “Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver.
Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus fil hos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende”.
Zé Claudio e Maria eram assim, vistos como “selvagens que nada compreendem”. Mas, bem cedo se verá que não. Eles eram os profetas. Os que conseguiam ver para além da ganância. Os que conseguiam estabelecer uma relação amorosa com a terra e com as forças da natureza. Eles caíram à bala. E os deputados vende-pátria, quando cairão?
Já os que gritam e clamam por justiça, não precisam esmorecer. Perdeu-se uma batalha. A luta vai continuar. Pois, se sabe: quem luta também faz a lei. Mas a luta não pode ser apenas o grito impotente.
Tem de haver ação, organização, informação, rebelião. Não só na proteção do verde, mas na destruição definitiva deste sistema capitalista dependente, que superexplora o trabalho e a terra. É chegada a hora de uma nova forma de organizar a vida. Mas ela só virá se as gentes voltarem a trabalhar em cada vereda deste país, denunciando o que nos mata e anunciando a boa nova.

Elaine Tavares é jornalista. Texto publicado originalmente no Boletim do Instituto de Estudos Latinos (Iela), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Como votaram os dep. fed. Catarinenses, no projeto do novo código florestal

Infelizmente, não vejo como traição - traidores eles seriam se abnegassem os anseios dos ruralistas, que os mantém no poder. A tragédia já era anunciada. Caros amigos, falta o Senado. E, sobretudo, esta lei é inconstitucional, afronta a dignidade humana e, também, cláusulas pétreas. Tenhamos a convicção que será assim declarada. Não deixemos nos abater. O meio ambiente precisa de nosso apoio constante. E mais: mandemos aos nossos amigos esta lista, para que saibamos exatamente como escolher nossos próximos legisladores. Anotemos em todos os lugares aqueles que disseram "sim" a essa atrocidade, para que não mais tenham oportunidade de afrontar dessa forma a vida dos que aqui estão e das gerações futuras. E não venham com essa história de acabar com a fome no mundo, porque ironia maior não há: a degradação é a companheira mais próxima da miséria. Abraços a todos, e não desanimemos! Perder a batalha não é perder a luta.

DEM

Onofre Santo Agostini          Sim

PMDB

Edinho Bez                            Sim
Gean Loureiro                       Sim
Rogério Peninha Mendonça   Sim
Ronaldo Benedet                   Sim
Valdir Colatto                        Sim

PP

Esperidião Amin                    Sim
Zonta                                    Sim

PSDB

Jorginho Mello                      Sim

PT

Décio Lima                           Sim
Jorge Boeira                         Sim
Luci Choinacki                      Sim
Pedro Uczai                          Não



terça-feira, 24 de maio de 2011

Movimentos sociais e ONGs vão ao Congresso Nacional para denunciar propostas do deputado Aldo Rebelo

Com a votação da reforma do Código Florestal marcada para esta terça-feira (24), mil e quinhentos militantes de organizações da sociedade civil marcharam, pela manhã, na Esplanada dos Ministérios. “Somos contrários às mudanças que venham prejudicar a agricultura familiar e camponesa. O relatório do Aldo [Rebelo – PcdoB-SP] é do agronegócio, dos desmatadores do meio ambiente”, disse, de cima do carro de som, Roseli Sousa, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).
Também compunham a marcha a Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT), as ONGs Greenpeace, WWF e SOS Clima Terra. Os deputados federais Padre Tom (PT-RO), Ivan Valente (PSOL-SP) e Marcon (PT-RS).
Os integrantes da marcha, ao tentarem entrar no Congresso Nacional, foram barrados pela Polícia do Senado. Entretanto, apoiadores do projeto de Aldo Rebelo forma recebidos desde cedo, com direito a café da manhã, no hall de entrada (Chapelaria) do Congresso. Após a intervenção de alguns deputados, os manifestantes opositores tiveram sua entrada liberada.





Vinicius Mansur
de Brasília (DF)

O mundo todo esta ??? Pretenço a uma velocidade terrível da queda!!!!

sábado, 21 de maio de 2011

Fuegos Bajo el Agua


Fuegos Bajo el Agua: primera parte (1/2) from la letra r on Vimeo.




Fuegos Bajo el Agua: segunda parte (2/2) from la letra r on Vimeo.


(Venezuela, 2010, 77min - Direção: Lenin Brea e Nuria Vila)
Um filme essencial para se entender as raízes políticas e da luta de classes da Venezuela atual.
“23 de Enero” é um bairro venezuelano famoso por seus movimentos populares e luta política. O nome veio da data (23 de janeiro) em que o povo derrubou a ditadura que assolava o país.
Os governos oligárquicos que viriam a seguir, alinhados com os EUA, viam no bairro um grande inimigo e também um centro de pesquisas de ações de repressão. Estas ações tornaram-se tão cruéis, a ponto do bairro estar permanentemente em Estado de Sítio.
A então recém revolução cubana levou muitos venezuelanos a decidirem tomar o poder com as próprias mãos. Mas a contra-revolução apoiada pela CIA através da Escola das Américas pôs a Venezuela no hall de países de repressão brutal ao lado das ditaduras que assolaram o continente. Mas a insistente consciência popular inflamou o processo revolucionário que já estava em marcha (docverdade).

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Operação Jerônimo"

Se o escalpe de Jerônimo era falso, quem garante que Bin Laden foi mesmo morto na mansão paquistanesa?

Por que a ação militar que teria matado Bin Laden mereceu o nome de Operação Jerônimo? Prescott Bush integrava, em 1918, a associação estudantil Skull & Bones (Crânio e Osso). Desafiado pelos colegas, invadiu um cemitério apache e roubou o escalpo do lendário cacique Jerônimo.
Dono de terras no Texas, Prescott tornou-se um exitoso empresário do ramo de petróleo e amigo íntimo de John Foster Dulles, que comandava a CIA por ocasião do assassinato de John Kennedy, em 1963. Dulles convenceu o amigo a fazer um gesto magnânimo e devolver aos apaches o escalpo de Jerônimo. Bush o atendeu, mas não tardou para os indígenas descobrirem que a relíquia restituída era falsa…
A amizade com Dulles garantiu ao filho mais velho de Prescott, George H. Bush, o emprego de agente da CIA. George destacou- se a ponto de, em 1961, coordenar a invasão da Baía dos Porcos, em Cuba, para tentar derrubar o regime implantado pela guerrilha de Sierra Maestra. Malgrado a derrota, tornou-se diretor da CIA em 1976.
Triste com o mau desempenho de seu primogênito como 007, Prescott Bush consolava-se com o êxito dele nos negócios de petróleo. E aplaudiu o faro empresarial do filho quando George, em meados dos anos 60, tornou-se amigo de um empreiteiro árabe que viajava com frequência ao Texas: Muhammad Bin Laden. Em 1968, ao sobrevoar os poços de petróleo de Bush, Bin Laden morreu em acidente aéreo no Texas. Os laços de família, no entanto, estavam criados.
George Bush não pranteou a morte do amigo. Andava mais preocupado com as dificuldades escolares de seu filho George W. Bush, que só obtinha média C. A guerra do Vietnã acirrou-se e, para evitar que o filho fosse convocado, George tratou de alistá-lo na força aérea da Guarda Nacional.
Papai George incentivou o filho a fundar, em meados dos anos 70, sua própria empresa petrolífera, a Arbusto (bush, em inglês) Energy. Gracas aos contatos internacionais que o pai mantinha desde os tempos da CIA, George filho buscou os investimentos de Khaled Bin Mafouz e Salem Bin Laden, o mais velho dos 52 filhos gerados pelo falecido Muhammad. Mafouz era banqueiro da família real saudita e casara com uma das irmãs de Salem. Esses vínculos familiares permitiram que Mafouz se tornasse presidente da Blessed Relief, a ONG árabe na qual trabalhava um dos irmãos de Salem, Osama Bin Laden.
Em dezembro de 1979, George H. Bush viajou a Paris para um encontro entre republicanos e partidários moderados de Khomeini, no qual trataram da libertação dos 64 reféns estadunidenses sequestrados, em novembro, na embaixada dos EUA, em Teerã. Buscava-se evitar que o presidente Jimmy Carter se valesse do episódio e prejudicasse as pretensões presidenciais de Ronald Reagan. Papai George fez o percurso até a capital francesa a bordo do jatinho de Salem Bin Laden, que lhe facilitava o contato com o mundo islâmico. (Em 1988, Salem faleceu, como o pai, num desastre de avião).
Naquele mesmo ano, os soviéticos invadiram o Afeganistão. Papai George, que coordenava operações da CIA, recorreu a Osama, um dos irmãos de Salem, que aceitou infiltrar-se no Afeganistão para, monitorado pela CIA, fortalecer a resistência afegã contra os invasores comunistas.
Os dados acima são do analista italiano Francesco Piccioni. Mais detalhes no livro A fortunate son: George W. Bush and the making of na American President, de Steve Hatfield.
Em 1979, a pedido de George Bush pai, então diretor da CIA, Osama, já com 23 anos, transferiu-se para o Afeganistão para administrar os recursos financeiros destinados às operações secretas da agência contra a invasão soviética àquele país. Preocupado com a ofensiva de Moscou, o governo dos EUA havia liberado a mais alta soma que a CIA recebeu, em toda a sua história, para atuar em um só país: US$ 2 bilhões.
Quando o presidente George W. Bush, após 11 de setembro, enquadrou, como crime anexo ao terrorismo o “aproveitamento ilícito de informações privilegiadas”, sabia do que falava. Tudo indica que, graças a essas informações, Osama Bin Laden montou a sua rede terrorista mundo afora, movimentando recursos através de paraísos fiscais.
Talvez Freud pudesse explicar um detalhe das armas escolhidas pelos terroristas de 11 de setembro: aviões. O pai e o irmão mais velho de Osama Bin Laden morreram em acidentes aéreos, ambos nos EUA.
Se o escalpe de Jerônimo era falso, quem garante que Bin Laden foi mesmo morto na mansão paquistanesa? Não seria mais útil ao combate ao terrorismo agarrá-lo vivo e obrigá-lo a revelar tudo sobre a Al-Qaeda? Não duvido que, em algum porta-aviões dos EUA, Bin Laden esteja sendo torturado para dizer o que sabe. Depois, basta adotar a “solução argentina”: atirar o corpo ao mar. Caso o encontrem boiando em alguma praia, ficam por conta dos afiados dentes dos peixes as marcas profundas.

Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros.

LA REVOLUCION DE LOS INDIGNADOS MANIFESTO EN LA PUERTA DEL SOL, MADRID

  Somos personas normales y corrientes. Somos como tú: gente que se levanta por las mañanas para estudiar, para trabajar o para buscar trabajo, gente que tiene familia y amigos. Gente que trabaja duro todos los días para vivir y dar un futuro mejor a los que nos rodean.

Unos nos consideramos más progresistas, otros más conservadores. Unos creyentes, otros no. Unos tenemos ideologías bien definidas, otros nos consideramos apolíticos... Pero todos estamos preocupados e indignados por el panorama político, económico y social que vemos a nuestro alrededor. Por la corrupción de los políticos, empresarios, banqueros... Por la indefensión del ciudadano de a pie.

Esta situación nos hace daño a todos diariamente. Pero si todos nos unimos, podemos cambiarla. Es hora de ponerse en movimiento, hora de construir entre todos una sociedad mejor. Por ello sostenemos firmemente lo siguiente:

Las prioridades de toda sociedad avanzada han de ser la igualdad, el progreso, la solidaridad, el libre acceso a la cultura, la sostenibilidad ecológica y el desarrollo, el bienestar y la felicidad de las personas.
Existen unos derechos básicos que deberían estar cubiertos en estas sociedades: derecho a la vivienda, al trabajo, a la cultura, a la salud, a la educación, a la participación política, al libre desarrollo personal, y derecho al consumo de los bienes necesarios para una vida sana y feliz.
El actual funcionamiento de nuestro sistema económico y gubernamental no atiende a estas prioridades y es un obstáculo para el progreso de la humanidad.
La democracia parte del pueblo (demos=pueblo; cracia=gobierno) así que el gobierno debe ser del pueblo. Sin embargo, en este país la mayor parte de la clase política ni siquiera nos escucha. Sus funciones deberían ser la de llevar nuestra voz a las instituciones, facilitando la participación política ciudadana mediante cauces directos y procurando el mayor beneficio para el grueso de la sociedad, no la de enriquecerse y medrar a nuestra costa, atendiendo tan sólo a los dictados de los grandes poderes económicos y aferrándose al poder a través de una dictadura partitocrática encabezada por las inamovibles siglas del PPSOE.

El ansia y acumulación de poder en unos pocos genera desigualdad, crispación e injusticia, lo cual conduce a la violencia, que rechazamos. El obsoleto y antinatural modelo económico vigente bloquea la maquinaria social en una espiral que se consume a sí misma enriqueciendo a unos pocos y sumiendo en la pobreza y la escasez al resto. Hasta el colapso.

La voluntad y fin del sistema es la acumulación de dinero, primándola por encima de la eficacia y el bienestar de la sociedad. Despilfarrando recursos, destruyendo el planeta, generando desempleo y consumidores infelices.

Los ciudadanos formamos parte del engranaje de una máquina destinada a enriquecer a una minoría que no sabe ni de nuestras necesidades. Somos anónimos, pero sin nosotros nada de esto existiría, pues nosotros movemos el mundo.

Si como sociedad aprendemos a no fiar nuestro futuro a una abstracta rentabilidad económica que nunca redunda en beneficio de la mayoría, podremos eliminar los abusos y carencias que todos sufrimos.

Es necesaria una Revolución Ética. Hemos puesto el dinero por encima del Ser Humano y tenemos que ponerlo a nuestro servicio. Somos personas, no productos del mercado. No soy sólo lo que compro, por qué lo compro y a quién se lo compro.


 

terça-feira, 17 de maio de 2011

Cadernos do Cárcere: Sobre o Partido

[...] Quando se quer escrever a história de um partido político, na realidade enfrenta-se toda
uma série de problemas, muito menos simples do que possa crer, por exemplo, Roberto Michels, que não obstante é considerado um especialista na matéria. O que será a história de um partido? Será a mera narração da vida interna de uma organização política? Como ela nasce, quais foram os primeiros grupos que a constituíram, quais as polêmicas ideológicas através das quais se forma o seu programa e a sua concepção do mundo e da vida? Tratar-se-ia, em tal caso, da história de restritos grupos intelectuais e talvez da biografia política de uma individualidade. A moldura do quadro deverá, porém, ser mais vasta e abrangente.

Deverá fazer-se a história de uma determinada massa de homens que terá seguido os promotores, terá apoiado com a sua confiança, com a sua lealdade, com a sua disciplina ou os terá criticado de maneira “realista” dividindo-se ou permanecendo passiva diante de certas iniciativas. Mas essa massa será constituída apenas dos aderentes do partido? Será suficiente seguir os congressos, as votações etc., isto é, todo o conjunto das atividades e do modo de existência com que uma massa de partido manifesta a sua vontade?

Evidentemente será necessário ter em conta o grupo social de que determinado partido é expressão e sua parte mais avançada: isto significa que a história de um partido não poderá deixar de ser a história de um determinado grupo social. Mas esse grupo não é isolado: tem amigos, afins, adversários, inimigos. Somente do complexo quadro de todo o conjunto social e estatal (e freqüentemente até com interferências internacionais), resultará a história de um determinado partido, por isso se pode dizer que escrever a história de um partido significa nada mais que escrever a história geral de um país do ponto de vista monográfico, para pôr em relevo um aspecto característico.

Um partido terá tido maior ou menor significado e peso, na medida em que sua atividade particular tenha pesado mais ou menos na história de um país. Portanto, eis por que do modo de escrever a história de um partido resulta o conceito que se tenha sobre o que é e deva ser um partido.

O sectário se exaltará com as questões internas, que para ele terão um significado esotérico e o encherão de místico entusiasmo; o historiador, embora dando a todas as coisas a importância que têm no quadro geral, porá acento sobretudo na eficiência real do partido, na sua força determinante, positiva e negativa, no haver contribuído para criar um fato e também no haver impedido que outros ocorressem.

O ponto de saber quando um partido está formado, ou seja, quando tem uma tarefa precisa e permanente, dá lugar a muitas discussões e freqüentemente também, infelizmente, a uma forma de arrogância que não é menos ridícula e perigosa que a “arrogância da nação”, de que fala Vico. É verdade que se pode dizer que um partido não está jamais completo e formado, no sentido de que todo desenvolvimento cria novas tarefas e obrigações e no sentido de que para certos partidos é verdade o paradoxo de que estarão completos e formados quando já não existirem mais, isto é, quando a sua existência tiver se tornado historicamente inútil.

Assim, desde que todo partido não é senão uma nomenclatura de classe, é evidente que para o partido que se propõe anular a divisão em classes, a perfeição e a plenitude consistem no não existir mais porque não existirão mais classes e portanto suas expressões. Mas aqui se quer apontar para um momento particular desse processo de desenvolvimento ao momento sucessivo àquele em que um fato pode existir e ao mesmo tempo não existir, no sentido de que a necessidade da sua existência não se tornou ainda “peremptória”, mas depende em “grande parte” da existência de pessoas de extraordinário poder volitivo e de extraordinária vontade.

Quando um partido se torna “necessário” historicamente? Quando as condições do seu “triunfo”, da sua inevitabilidade estejam ao menos em vias de formação e permitam prever normalmente seu ulterior desenvolvimento. Mas quando se pode dizer, em tais condições, que um partido não pode ser destruído com meios normais? Para responder, é necessário desenvolver um raciocínio: para que exista um partido é necessário que confluam três elementos fundamentais (ou seja, três grupos de elementos)

1) Um elemento difuso, de homens comuns, médios, cuja participação é oferecida pela disciplina e a fidelidade, não pelo espírito criativo e altamente organizativo. Sem estes, o partido não existiria, é verdade, mas também é verdade que o partido tampouco existiria “somente” com estes. Estes são uma força somente porque há aqueles que centralizam, organizam e disciplinam o partido, mas na ausência desta força coesiva o partido se dispersaria e se anularia como algo insignificante e impotente. Não se nega que algum desses elementos possa tornar-se uma força coesiva, mas se fala destes precisamente no momento em que não são esta força coesiva e não estão em condições de ser e se são, isto ocorre num círculo restrito, politicamente ineficiente e sem consequência.

2) O elemento coesivo principal, que centraliza no campo nacional, que torna eficiente e potente um conjunto de forças que deixadas a si contariam zero ou umpouco mais; este elemento é dotado de força altamente coesiva, centralizadora, disciplinadora e também, aliás talvez por isso mesmo, de inventividade (se se entende “inventividade” em uma certa direção , segundo certa linha de força, certa perspectiva e ainda certa premissa): é também verdade que somente deste elemento não se formaria o partido, mas o formaria mais do que se não fosse considerado o primeiro elemento. Fala-se de capitães sem exército, mas na realidade é mais fácil formar um exército do que formar capitães. Tanto é verdade que um exército já existente será destruído se faltarem os capitães, enquanto que a existência de um grupo de capitães, bem formados, concordes entre si, com fins comuns, não tarda a formar um exército mesmo onde não existe.

3) Um elemento médio, que articule o primeiro com o segundo, que os ponha em contato, não só “físico”, mas moral e intelectual. Na realidade, para todo partido existem “proporções definidas” entre esses três elementos e se alcança o máximo de eficiência quando tais “proporções definidas” são realizadas.

Dadas estas considerações, pode-se dizer que um partido não pode ser destruído com meios normais quando, existindo necessariamente o segundo elemento, cujo surgimento está ligado à existência das condições materiais objetivas (e se este segundo elemento não existe, todo raciocínio é vazio), mesmo que seja no estado disperso e vagante, não possam deixar de formar-se os outros dois, ou seja, o primeiro que necessariamente forma o terceiro como sua continuação e meio de exprimir-se.

Ocorre que, para que isso advenha, deve ser formada a convicção férrea de que é necessária uma determinada solução dos problemas vitais. Sem esta convicção, não se formará o segundo elemento, cuja destruição é a mais fácil pelo seu escasso número, mas é necessário que este segundo elemento, se destruído, tenha deixado como herança um fermento a partir do qual regenerar-se.

E onde este fermento subsistirá melhor e poderá melhor formar-se senão no primeiro e no terceiro elemento que, evidentemente, são mais homogêneos com o segundo? A atividade do segundo elemento para constituir este elemento é assim fundamental: o critério de juízo deste segundo elemento será buscar: 1) no que realmente faz; 2) no que prepara, na hipótese de sua destruição. Entre os dois fatos é difícil dizer qual seja o mais importante. Como na luta se deve sempre prever a derrota, a preparação dos próprios sucessores é um elemento tão importante de tudo quanto se deve fazer para vencer.

Por Antonio Gramsci, em Quaderni del Carcere
Traduzido do italiano por José Reinaldo Carvalho

"Criança, a alma do negócio" Um documentário sobre infância e consumismo

Produtora: Maria Farinha Produções
Direção: Estela Renner
Produção Executiva: Marcos Nisti
Um documentário sobre publicidade, consumo e infância.
(Este documentário está divido em 6 partes ao final deste texto.)

Sinopse: “Por que meu filho sempre me pede um brinquedo novo? Por que minha filha quer mais uma boneca se ela já tem uma caixa cheia de bonecas? Por que meu filho acha que precisa de mais um tênis? Por que eu comprei maquiagem para minha filha se ela só tem cinco anos? Por que meu filho sofre tanto se ele não tem o último modelo de um celular? Por que eu não consigo dizer não? Ele pede, eu compro e mesmo assim meu filho sempre quer mais. De onde vem este desejo constante de consumo?” Este documentário reflete sobre estas questões e mostra como no Brasil a criança se tornou a alma do negócio para a publicidade. A indústria descobriu que é mais fácil convencer uma criança do que um adulto, então, as crianças são bombardeadas por propagandas que estimulam o consumo e que falam diretamente com elas. O resultado disso é devastador: crianças que, aos cinco anos, já vão à escola totalmente maquiadas e deixaram de brincar de correr por causa de seus saltos altos; que sabem as marcas de todos os celulares mas não sabem o que é uma minhoca; que reconhecem as marcas de todos os salgadinhos mas não sabem os nomes de frutas e legumes. Num jogo desigual e desumano, os anunciantes ficam com o lucro enquanto as crianças arcam com o prejuízo de sua infância encurtada. Contundente, ousado e real, este documentário escancara a perplexidade deste cenário, convidando você a refletir sobre seu papel dentro dele e sobre o futuro da infância.

Instituto Alana














segunda-feira, 9 de maio de 2011

Carta de um Nobel da Paz a Barack Obama

 
Adolfo Pérez EsquivelAdolfo Pérez EsquivelEstimado Barack, ao dirigir-te esta carta o faço fraternalmente para, ao mesmo tempo, expressar-te a preocupação e indignação de ver como a destruição e a morte semeada em vários países, em nome da "liberdade e da democracia", duas palavras prostituídas e esvaziadas de conteúdo, termina justificando o assassinato e é festejada como se tratasse de um acontecimento desportivo.
Indignação pela atitude de setores da população dos Estados Unidos, de chefes de Estado europeus e de outros países que saíram a apoiar o assassinato de Bin Laden, ordenado por teu governo e tua complacência em nome de uma suposta justiça. Não procuraram detê-lo e julgá-lo pelos crimes supostamente cometidos, o que gera maior dúvida: o objetivo foi assassiná-lo.
Os mortos não falam e o medo do justiçado, que poderia dizer coisas inconvenientes para os EUA, resultou no assassinato e na tentativa de assegurar que "morto o cão, terminou a raiva", sem levar em conta que não fazem outra coisa que incrementá-la.
Quando te outorgaram o Prêmio Nobel da Paz, do qual somos depositários, te enviei uma carta que dizia: "Barack, me surpreendeu muito que tenham te outorgado o Nobel da Paz, mas agora que o recebeu deve colocá-lo a serviço da paz entre os povos; tens toda a possibilidade de fazê-lo, de terminar as guerras e começar a reverter a situação que viveu teu país e o mundo".
No entanto, ao invés disso, você incrementou o ódio e traiu os princípios assumidos na campanha eleitoral frente ao teu povo, como terminar com as guerras no Afeganistão e no Iraque e fechar as prisões em Guantánamo e Abu Graib no Iraque. Não fez nada disso. Pelo contrário, decidiu começar outra guerra contra a Líbia, apoiada pela OTAM e por uma vergonhosa resolução das Nações Unidas. Esse alto organismo, apequenado e sem pensamento próprio, perdeu o rumo e está submetido às veleidades e interesses das potências dominantes.
A base fundacional da ONU é a defesa e promoção da paz e da dignidade entre os povos. Seu preâmbulo diz: "Nós os povos do mundo...", hoje ausentes deste alto organismo.
Quero recordar um místico e mestre que tem uma grande influência em minha vida, o monge trapense da Abadia de Getsemani, em Kentucky, Tomás Merton, que diz: "a maior necessidade de nosso tempo é limpar a enorme massa de lixo mental e emocional que entope nossas mentes e converte toda vida política e social em uma enfermidade de massas. Sem essa limpeza doméstica não podemos começar a ver. E se não vemos não podemos pensar".
Você era muito jovem, Barack, durante a guerra do Vietnã e talvez não lembre a luta do povo norteamericano para opor-se à guerra. Os mortos, feridos e mutilados no Vietnã até o dia de hoje sofrem as consequências dessa guerra.
Tomás Merton dizia, frente a um carimbo do Correio que acabava de chegar, "The U.S. Army, key to Peace" (O Exército dos EUA, chave da paz): "Nenhum exército é chave da paz. Nenhuma nação tem a chave de nada que não seja a guerra. O poder não tem nada a ver com paz. Quanto mais os homens aumentam o poder militar, mais violam e destroem a paz".
Acompanhei e compartilhei com os veteranos da guerra do Vietnã, em particular Brian Wilson e seus companheiros que foram vítimas dessa guerra e de todas as guerras.
A vida tem esse não sei o quê do imprevisto e surpreendente fragrância e beleza que Deus nos deu para toda a humanidade e que devemos proteger para deixar às gerações futuras uma vida mais justa e fraterna, reestabelecendo o equilíbrio com a Mãe Terra.
Se não reagirmos para mudar a situação atual de soberba suicida que está arrastando os povos a abismos profundos onde morre a esperança, será difícil sair e ver a luz; a humanidade merece um destino melhor. Você sabe que a esperança é como o lótus que cresce no barro e floresce em todo seu esplendor mostrando sua beleza.
Leopoldo Marechal, esse grande escritor argentino, dizia que: "do labirinto, se sai por cima".
E creio, Barack, que depois de seguir tua rota errando caminhos, você se encontra em um labirinto sem poder encontrar a saída e te enterra cada vez mais na violência, na incerteza, devorado pelo poder da dominação, arrastado pelas grandes corporações, pelo complexo industrial militar, e acredita ter todo o poder e que o mundo está aos pés dos EUA porque impõem a força das armas e invade países com total impunidade. É uma realidade dolorosa, mas também existe a resistência dos povos que não claudicam frente aos poderosos.
As atrocidades cometidas por teu país no mundo são tão grandes que dariam assunto para muita conversa. Isso é um desafio para os historiadores que deverão investigar e saber dos comportamentos, políticas, grandezas e mesquinharias que levaram os EUA á monocultura das mentes que não permite ver outras realidades.
A Bin Laden, suposto autor ideológico do ataque às torres gêmeas, o identificam como o Satã encarnado que aterrorizava o mundo e a propaganda do teu governo o apontava como "o eixo do mal". Isso serviu de pretexto para declarar as guerras desejadas que o complexo industrial militar necessitava para vender seus produtos de morte.
Você sabe que investigadores do trágico 11 de setembro assinalam que o atentado teve muito de "auto golpe", como o avião contra o Pentágono e o esvaziamento prévios de escritórios das torres; atentado que deu motivo para desatar a guerra contra o Iraque e o Afeganistão, argumentando com a mentira e a soberba do poder que estão fazendo isso para salvar o povo, em nome da "liberdade e defesa da democracia", com o cinismo de dizer que a morte de mulheres e crianças são "danos colaterais". Vivi isso no Iraque, em Bagdá, com os bombardeios na cidade, no hospital pediátrico e no refúgio de crianças que foram vítimas desses "danos colaterais".
A palavra é esvaziada de valores e conteúdo, razão pela qual chamas o assassinato de "morte" e que, por fim, os EUA "mataram" Bin Laden. Não trato de justificá-lo sob nenhum conceito, sou contra todas as formas de terrorismo, desde a praticada por esses grupos armados até o terrorismo de Estado que o teu país exerce em diversas partes do mundo apoiando ditadores, impondo bases militares e intervenção armada, exercendo a violência para manter-se pelo terror no eixo do poder mundial. Há um só eixo do mal? Como o chamarias?
Será que é por esse motivo que o povo dos EUA vive com tanto medo de represálias daqueles que chamam de "eixo do mal"? É simplismo e hipocrisia querer justificar o injustificável.
A Paz é uma dinâmica de vida nas relações entre as pessoas e os povos; é um desafio à consciência da humanidade, seu caminho é trabalhoso, cotidiano e portador de esperança, onde os povos são construtores de sua própria vida e de sua própria história. A Paz não é dada de presente, ela se constrói e isso é o que te falta meu caro, coragem para assumir a responsabilidade histórica com teu povo e a humanidade.
Não podes viver no labirinto do medo e da dominação daqueles que governam os EUA, desconhecendo os tratados internacionais, os pactos e protocolos, de governos que assinam, mas não ratificam nada e não cumprem nenhum dos acordos, mas pretendem falar em nome da liberdade e do direito. Como pode falar de Paz se não quer assumir nenhum compromisso, a não ser com os interesses de teu país?
Como pode falar da liberdade quanto tem na prisão pessoas inocentes em Guantánamo, nos EUA e nas prisões do Iraque, como a de Abu Graib e do Afeganistão?
Como pode falar de direitos humanos e da dignidade dos povos quando viola ambos permanentemente e bloqueia quem não compartilha tua ideologia, obrigando-o a suportar teus abusos?
Como pode enviar forças militares ao Haiti, depois do terremoto devastador, e não ajuda humanitária a esse povo sofrido?
Como pode falar de liberdade quando massacra povos no Oriente Médio e propaga guerras e tortura, em conflitos intermináveis que sangram palestinos e israelenses?
Barack, olha para cima de teu labirinto e poderá encontrar a estrela para te guiar, ainda que saiba que nunca poderá alcançá-la, como bem diz Eduardo Galeano. Busca a coerência entre o que diz e faz, essa é a única forma de não perder o rumo. É um desafio da vida.
O Nobel da Paz é um instrumento ao serviço dos povos, nunca para a vaidade pessoal.
Te desejo muita força e esperança e esperamos que tenha a coragem de corrigir o caminho e encontrar a sabedoria da Paz.

Adolfo Pérez Esquivel, Nobel da Paz 1980.
Buenos Aires, 5 de maio de 2011
Fonte: Carta Maior

RECIDMACROSUL 2011 13, 14 e 15 de maio FLORIANÓPOLIS/SC



Nesse mês de maio irá realizar-se em Florianópolis o Encontro Macro Sul da Rede de Educação Cidadã. O encontro. que acontece já há 8 ano.s deve reunir cerca de 50 educadores populares dos três estados da Região Sul do Brasil; além de educadores de outros estados que virão participar a atividade e  do Talher Nacional que acompanha os trabalhos da RECID em todo Brasil.
O objetivo desse encontro é avaliar o processo desenvolvido no último ano e planejar o próximo período tendo presente o projeto do Governo Federal de erradicação da pobreza no país. Na oportunidade haverá uma analise de conjuntura feita coletivamente que contará com a presença de representantes de movimentos sociais reconhecidos nacionalmente e de representantes do Governo Federal. Na sequência. os participantes trabalharão com Teatro do Oprimido, além de vivenciar canturias e danças populares da nossa cultura.



Sandra Sangaletti
RECID Santa Catarina
Comissão Organizadora do RECID MACROSSUL 2011

quinta-feira, 5 de maio de 2011

193 anos de nascimento de Karl Marx

 Homenagem nas palavras de Engels.

O Capital de Karl Marx
Friedrich Engels
13 de Março 1868

Desde que há capitalistas e obreiros no mundo, não apareceu livro de tão grande importância para os obreiros como este. As relações entre o Capital e o Trabalho, eixo em torno do qual rota todo o nosso sistema social do tempo presente são cá, pola primeira vez, desenvolvidos cientificamente, com uma profundidade e com uma clareza só possíveis para um alemão.
Por mais preciosos que sejam e ficarão como tais os escritos dum Owen, dum Saint-Simon, dum Fourier, foi reservado a um alemão alçar-se à altura desde a que se pudesse enxergar com claridade e panoramicamente o domínio inteiro das relações sociais modernas, de igual modo que aparecem aos olhos do espectador, situado no mais alto cimo, os sítios montanhosos menos altos.
A economia política ensina-nos até agora que o trabalho é a fonte de toda a riqueza e a medida de todos os valores, de tal jeito que dous objectos cuja producção custou o mesmo tempo de trabalho têm também o mesmo valor e devem também ser necessariamente trocados uns polos outros em vista que somente valores equivalentes podem ser trocados entre si.
Mas ensina, ao mesmo tempo, que existe uma espécie de trabalho acumulado a que se chama capital; que este capital, graças às possibilidades que contém, multiplica por cem e por mil a produtividade do trabalho vivo e reivindica por isso uma certa compensação a que se chama lucro ou benefício.
Percebemos todos nós que as cousas são, na realidade, assim: os lucros do trabalho morto, acumulado, formam uma massa cada vez maior, os capitais dos capitalistas tomam proporções cada vez mais colossais, enquanto o salário do travalho vivo torna-se cada vez menor, e a massa dos operários que vive unicamente do salário, é cada vez maior e mais pobre. Como resolver esta contradição?
imagemCrédito: Marxists.org
Como pode ter um lucro o capitalista se o obreiro recebe o valor total do trabalho que amplia ao produto? E, no entanto, visto que apenas valores iguais são trocáveis, tem de ser assim.
Por outro lado, como valores iguais podem ser trocados, como o obreiro pode receber o valor inteiro do seu produto, se, como imaginam muitos economistas, este produto é partilhado entre ele e os capitalistas? A economia encontra-se até hoje perplexa face esta contradição, escreve ou balbucia fórmulas confusas e vácuas.
Mesmo os críticos socialistas da economia não foram capazes até aquí de fazer outra cousa do que sublinhar esta contradição; nenhum a resolveu até o momento em que, finalmente, Marx, perseguindo o processo da formação deste lucro até o lugar onde nasce, clareou totalmente o assunto.
No desenvolvimento do capital, Marx parte do facto simples e notório que os capitalistas valorizam o seu capital através da troca; compram mercadoria por dinheiro e a seguir revendem-na por uma soma mais elevada do que lhes custar. Um capitalista compra, por exemplo, algodão por 1000 francos e revende-o por 1100, ganhando assim 100 francos. É a este excedente de 100 francos sobre o capital inicial que Marx chama mais-valor.
De onde surge este mais-valor? Segundo a hipótese dos economistas, só os valores iguais são trocáveis e, no domínio da teoria abstracta, isto é certo. A compra do algodão e a sua revenda não pode, então, fornecer mais valor do que a troca de uma quilograma de prata contra uma soma e uma nova troca desta moeda contra uma quilograma de prata, operação em que não se enriquece nem empobrece. Mas o mais-valor também não pode sair do facto de os vendedores trocarem as suas mercadorias acima do seu valor, ou de os compradores as obterem acima do seu valor, porque sendo cada um deles tanto vendedor como comprador, há, conseqüentemente, compensação.
Isso também não pode surgir do facto de os compradores e os vendedores encarecerem uns com outros o produto, porquanto isso não produziria novo valor ou mais-valor, mas ao contrário, repartiria-se de outra forma o capital existente entre os capitalistas.
Ora, a pesar de que o capitalista compra e revende as mercadorias polo seu valor, tira mais valor do que investiu. Como é que isto pode acontecer?
Nas actuais condições sociais, o capitalista acha no mercado uma mercadoria que possui esta propriedade peculiar, que o seu consumo é fonte de um novo valor, cria novo valor, e esta mercadoria é a força de trabalho.
Qual é o valor da força de trabalho? O valor de cada mercadoria é determinado polo trabalho que reclama a sua produção. A força de trabalho existe sob a forma do operário vivo que precisa, para viver, assim como para sustentar a sua família que garante a reprodução da força de trabalho depois da sua morte, duma soma determinada de meios de subsistência. É, conseguintemente, o tempo de trabalho necessário à produção destes meios de subsistência que representa o valor da força de trabalho. O capitalista paga ao operário à semana e compra assim o emprego do seu trabalho por uma semana. Os senhores economistas estarão, até aquí, de acordo connosco sobre o valor da força de trabalho.
Nesse momento, o capitalista põe o seu obreiro a trabalhar. Durante um tempo determinado, o operário terá fornecido tanto trabalho quanto o representado polo salário semanal. Aceitando que o salário semanal de um operário representa três dias de trabalho, o operário que inícia na segunda-feira restituiu ao capitalista na quarta-feira à tarde o valor total do salário pago.
Mas de seguida para de trabalhar? Muito polo contrário. O capitalista comprou o seu trabalho por uma semana, e é necessário que o obreiro trabalhe ainda os outros três dias da semana. Este mais-trabalho do obreiro, para além do tempo necessário para restituir o seu salário, é a fonte do mais-valor, do lucro, do aumento sempre crescente do capital.
Não se diga que é esta uma suposição gratuita quando se afirmar que o operário produz em três dias o salário que recebeu e que nos outros três dias trabalha para o capitalista. Aliás, que precise exactamente três dias para devolver o seu salário, ou de dous, ou de quatro, é aquí uma cousa totalmente irrelevante que não muda segundo as circunstâncias; pois a cousa principal é que o capitalista, além do trabalho que paga, consegue ainda trabalho que não paga, e não se trata de uma suposição arbitrária, visto que como no dia em que o capitalista não recebesse continuamente do operário o trabalho que ele paga em salário, esse dia, fecharia a sua fábrica porque todo o lucro se esfumaria.
Eis que nos resolvemos todas estas contradições. A produção de mais-valor (de que o lucro do capitalista constitue boa parte) é agora totalmente clara e natural. O valor da força de trabalho é pago, mas este valor é muito menor do que aquele que o capitalista tira da força de trabalho, e a diferença, o trabalho que não é pago, constitue precisamente a parte do capitalista, ou mais exactamente, da classe capitalista.
É assim porque o lucro que, no exemplo citado mais acima, o comerciante de algodão tira do seu algodão, necessariamente deve consistir em trabalho não pago se os preços do algodão não aumentaram. Foi necessário que o comerciante vendesse a um fabricante de tecidos de algodão que, além dos cem francos, possa obter ainda um benefício pola sua fabricação e que distribue com ele o trabalho não pago que ele, por conseqüência, obteve.
É este trabalho não pago que, em geral, mantém todos os membros da sociedade que não trabalham. É com ele que são pagos os impostos do Estado e dos concelhos na medida em que estes atingem a classe capitalista, as rendas dos grandes proprietários da terra, etc. É sobre ele que descansa todo o estado social existente.
Mesmo assim, seria ridículo supor que o trabalho não pago só se formou nas condições actuais, em que a produção é realizada, por um lado, por capitalistas e por outro polos assalariados. Ao contrário, desde sempre a classe oprimida teve que efectuar trabalho não pago. Durante todo o longo período em que a escravidão foi a forma dominante de organização do trabalho, os escravos foram obrigados a trabalhar muito mais do que lhes era dado sob a forma de meios de subsistência. Sob a dominação da servidão e até a extinção das corveias, sucedeu-se o mesmo; e até mesmo aquí aparecia, de maneira tangível, a diferença entre o tempo em que o lavrador trabalhava para si e a mais-valia que realizava para o senhor, visto que estas duas forma de trabalho se faciam separadamente. A forma é hoje diferente, mas a cousa não mudou, e enquanto,
"uma parte da sociedade possuir o monopólio dos meios de produção , o trabalhador, livre ou não, é forçado a acrescentar ao tempo de trabalho necessário para a sua própria subsistência um mais-valor destinado a sustentar o possuidor dos meios de produção"
(Marx, O Capital, Livro I).
No artigo anterior, reparamos que cada operário que está ao serviço do capitalista executa um duplo trabalho: durante uma parte do seu tempo de trabalho, restitui o salário que lhe adiantara o capitalista, e esta parte do seu trabalho é denominado por Marx trabalho necessário. Mas, em seguida, deve continuar a trabalhar ainda e produzir durante este tempo o mais-valor para o capitalista, do que o lucro constitue uma parte importante. Esta parte do trabalho chama-se mais-trabalho.
Suponhamos que o obreiro trabalha três dias da semana para devolver o seu salário e outros três para produzir o mais-valor para o capitalista. Isto quer dizer, noutros termos, que trabalha, numa jornada de doze horas, seis diárias para o seu salário e seis horas para criar o mais-valor. Mas uma semana não tem mais de seis dias, e contando o domingo, sete tão só, assim que cada dia pode ter seis, oito, dez, doze e até quinze ou mais horas de trabalho. O obreiro vendeu polo seu salário uma jornada de trabalho ao capitalista. Mas, o que é um dia de trabalho? Oito horas ou dezoito?
O capitalista tem interesse em fazer a jornada de trabalho tão prolongada quanto possível. Quanto mais ampla for, mais mais-valor terá criado. O operário tem a verdadeira sensação de que cada hora de trabalho feita para além da restituição do seu salário, lhe é roubada; é no seu próprio corpo que sente o que significa trabalhar muito tempo seguido. O capitalista briga polo seu lucro, o obreiro pola sua saúde, por algumas horas de repouso quotidiano, para poder fornecer ainda uma outra actividade humana, fora das horas de trabalho, do sono e da comida. Notemos de passagem que não depende da boa vontade dos capitalistas tomados isoladamente, que queiram ou não comprometer-se nesta luita, a concorrência obriga o mais filantropo dentre eles a aliar-se com os seus colegas e a fazer cumprir uma jornada de trabalho como a daqueles.
A luita pola limitação da jornada de trabalho data do primeiro surgimento dos obreiros livres na história e dura até hoje. Nas várias indústrias existem normas diversas à jornada de trabalho; mas na realidade, são raramente observadas. É somente nos casos em que a lei determina a jornada de trabalho e verifica a sua observação, que se pode falar verdadeiramente de uma jornada de trabalho normal. E até hoje unicamente nos distritos industriais da Inglaterra. Aquí, a jornada de trabalho de dez horas (10 horas e meia durante cinco horas dias e sete horas e meia ao Sábado) foi fixada para todas as mulheres e para os jovens entre os 13 e os 18 anos, e como os homens não podem trabalhar sem estes últimos, ficam, também eles, sujeitos à lei da jornada de dez horas.
Esta lei foi uma conquista dos operários das fábricas da Inglaterra através de longos anos de persistência, pola luita mais tenaz e obstinada contra os fabricantes, pola liberdade de imprensa, polo direito de associação e de reunião, ademais de aproveitar as divisões no seio da própria classe dominante. A lei transformou-se na salvaguarda dos operários ingleses, e alargada pouco a pouco a todos os ramos da indústria e, no ano passado, a quase todos os ofícios, ou polo menos a todos aqueles empregados por mulheres e meninos. Sobre a história desta regulamentação legal da jornada de trabalho na Inglaterra, a obra possui uma documentação extremamente pormenorizada.
O próximo "Reichstag da Alemanha do Norte" irá igualmente discutir uma lei industrial, e consequentemente, ajustar o trabalho nas fábricas. Aguardamos que nenhum dos deputados que deve a sua eleição aos obreiros alemães, irá para a discussão sem se ter familiarizado antes com o livro de Marx.
Podem obter muito. As divisões nas classes reinantes são mais favoráveis aos obreiros do que nunca foram na Inglaterra, pois o sufrágio universal compele as classes dominantes a procurar o favor dos operários. Nestas circunstâncias, quatro ou cinco representantes do proletariado são uma potência se souberem aproveitar a sua situação, se sobretudo souberem do que se trata, cousa que os burgueses não percebem. E, por isso, o livro de Marx fornece-lhes a documentação já elaborada.
Deixaremos de lado uma série de outras investigações esplêndidas, de interesse mais teórico, e contentar-nos-emos abordando o capítulo final que trata da acumulação do capital. Demonstra-se que o modo de producção capitalista, é dizer, realizado polos capitalistas, por um lado, e polos assalariados por outro, não só reproduz sempre o capital ao capitalista, mas produz sempre, simultaneamente também, a miséria dos obreiros, e que isto faz de forma a reproduzir sempre, de um lado os capitalistas, que são os proprietários de todos os meios de subsistência, de todas as matérias-primas e de todos os instrumentos de trabalho, por outro, a grande massa dos operários que são constrangidos a vender a sua força de trabalho a estes capitalistas por uma certa quantidade de meios de subsistência apenas suficientes, no melhor dos casos, para os conservar em estado de trabalhar e para fazer crescer uma nova geração de proletarios aptos para o trabalho.
Mas o capital não se limita apenas a ser reproduzido: está continuamente se multiplicado e ampliando, e com ele, o seu poder sobre a classe dos obreiros, privados de propriedade. E enquanto se reproduz em proporções cada vez mais grandes, o modo de produção capitalista moderno reproduz assim mesmo, em proporções cada vez mais grandes e em número sempre crescente, a classe dos operários privados de propriedade.
"A acumulação do capital não faz mais que reproduzir as relações do capital numa escala mais alargada, com mais capitalistas ou mais grandes capitalistas por um lado, mais assalariados por outro… A acumulação do capital é, então, ao mesmo tempo, aumento do proletariado" (Marx, O Capital, Tomo 3) .
Mas, como para produzir todavia a mesma quantidade de produtos, precisam-se cada vez menos obreiros, graças ao progresso do maquinismo, à modernização da agricultura, etc., como este aperfeiçoamento, isto é, este excedente de obreiros, aumenta mais rapidamente que o capital crescente, o que é que se faz com este sempre crescente de operários? Formam um exército industrial de reserva que, durante os momentos de maus negócios ou mediocres, é pago abaixo do valor do seu trabalho e ocupado irregularmente ou cai ainda na assistência pública, mas é absolutamente necessário à classe capitalista para os momentos de actividade particularmente viva dos negócios, como se viu de modo tangível na Inglaterra, mas que, de qualquer maneira, vale para desbaratar a resistência dos operários ocupados regularmente e manter os seus salários a baixo nível.
"Quanto mais a riqueza social crescer… mais numerosa é a sobrepopulação comparativamente ao exército de reserva industrial. Quanto mais este exército de reserva aumenta comparativamente ao exército activo do trabalho e mais massiva é a sobrepopulação permanente, mais estas camadas compartem a sorte de Lázaro e quanto o exército de reserva é mais crescente, mais grande é a pauperização oficial. Esta é a lei geral, absoluta da acumulação capitalista."
(Marx, O Capital, Tomo 3)
Esta são, certificadas de uma maneira rigorosamente científica — que os economistas oficiais evitam quando não tentam refutá-las — algumas das leis principais do sistema capitalista moderno. E logo assim dissemos tudo? Disso nada. Com a mesma clareza com que Marx sublinha o lado nocivo da produção capitalista, prova, também de modo claro, que esta formação social era necessária para desenvolver as forças produtivas da sociedade até ao grau tal que permitisse o mesmo desenvolvimento verdadeiramente humano para todos os membros da sociedade. Todas as formações sociais anteriores foram demasiadamente pobres para isso. Só a produção capitalista cria as riquezas e as forças de produção necessárias, mas cria simultaneamente, com a massa dos obreiros oprimidos, a classe social que cada vez mais é obrigada a exigir o uso dessas riquezas e forças produtivas em favor de toda a sociedade e não, tal como hoje é, para uma classe monopolista.

Homenagem deste blogueiro a todos os cargos de confiança do Gov. de SC


segunda-feira, 2 de maio de 2011

NOTA DE FALECIMENTO




As viúvas do PARTIDO DEMOCRATAS, acompanhada dos integrantes do PMDB, PSDB e da Coligação que venceu a eleição para Governo do estado de Santa Catarina, comunica com pesar o prematuro desaparecimento do partido que aconteceu na noite deste domingo dia 1º de Maio de 2011, Dia do Trabalhador, quando foi vitimado de um golpe fatal desferido por sua maior expressão no estado, o Governador Raimundo Colombo.

Os sintomas eram esperados e foram prognosticados pelo Dr. Luis Inácio Lula da Silva, quando ao final do ano de 2010 previu de que, com um pouco de esforço poderia "se extirpar da vida política nacional o DEM".

Todos estão convidados para o velório que vai ocorrer durante todos os próximos 15 dias, quando os que mamam na teta do Governo providenciarão suas transferências, pois nenhum deles vai deixar da mamata.

Após o sepultamento (ocorrido é bem verdade já há alguns anos) todos serão recepcionados na residência do PSD, de braços abertos para as efusivas congratulações mais propícia para um nascimento do que para um enterro, afinal de contas, neste país, "Nada se cria, tudo se copia e tudo se transforma". 

Por: Rogerio Maurer
Jornalista / Radialista


"Vejam como vive a Classe Trabalhadora. Eles trabalham para que?


 "Vejam o salário dos trabalhadores que fizeram a colheita nos
  campos de vocês:retido por vocês,esse salário clama,e os  
  protestos chegaram aos ouvidos do Senhor"
                                                        ( Tiago 5,4) 

   Neste ano celebramos os 125 anos da greve geral que aconteceu na cidade de Chicago( Illinois),no dia 1º de Maio de 1886,em que mobilizou 20 mil trabalhadores em diversos estados dos Estados Unidos da América.
  A Pastoral Operária nos chama a meditar neste 1º de Maio o lema:"Vejam como vive a Classe Trabalhadora.Eles trabalham para que?",nos provoca a refletir sobre a realidade do trabalho e as suas conseqüências na vida dos/as trabalhadores/as.Desafia-nos a pensar no porque trabalhamos,se é para nos enriquecer,consumir mais ou para que o fruto do nosso trabalho contribua para uma vida digna(1).
  O dia 1º de Maio é um dia de luta da classe trabalhadora e não um dia de mega-shows,milionários, vazios de conteúdo e de luta.Nós trabalhadores/as temos pouco que comemorar e muito que lutar,assim como foi o memorável 1º de Maio de 1886 nas ruas e praças de Chicago.
  Onde nós trabalhadores temos os nossos direitos,conquistados com muito suor,lágrimas e sangue por gerações de trabalhadores/as que lutaram e tombaram.Sendo ameaçados pelas mudanças que está acontecendo no mundo do trabalho, que dificultam a organização e mobilização dos trabalhadores.
  Estamos vendo a precarização do mundo do trabalho,onde trabalhadores não recebem nada do que trabalham,assim como o trabalho escravo em grandes empresas transnacionais que recrutam trabalhadores em regiões distantes ,que acabam morando em péssimas condições nos locais em que estão localizadas estas empresas.
  A proibição de não sindicalização dos trabalhadores,que são ameaçados de demissão por parte dos empresários.
  A flexibilização das leis trabalhistas,o salário miséria de R$ 545,que não atende as exigências básicas de uma familia como pede a Constituição Federal ( cap II, 7),enquanto isso os deputados e senadores tiveram um reajuste de 61% ou seja de R$ 26.723.13, enquanto que o salário minimo deveria estar em R$ 2,132.
  Além da reforma da previdência, tão defendida pelos donos do capital,onde fazem sua campanha do deficit da previdência.Deficit este que não existe.Onde o Governo Federal está retirando até 20 % dos cofres da previdência para pagar os juros da divida financeira,enquanto isso os aposentados após uma vida de serviço a nação tem recebido um salário miseria.
  Temos vistos milhares de jovens em busca do primeiro emprego,vitimas do exterminio,atirados no sub emprego,desemprego,onde não é valorizado o sewu rico potencial. Além da política da livre concorrencia dentro dos locais de trabalho que tem jogado os trabalhadores a desunião e lutarem uns contra os outros em nome das promoções pessoais dentro das empresas.
 O processo de livre concorrência nas empresas,além de dividir a classe trabalhadora,tem feito com que os trabalhadores sejam des(h)umanizados e caiam nos vicios ilicitos,que destroem com as pessoas e suas familias.Onde acabam se tornando meras peças descartaveis.
  Enquanto a classe trabalhadora é destruida como classe,os setores do capitalismo,recebem pomposos emprestimos do estado,que os salva em suas crises ciclicas,como mostra os casos de financiamento das transnacionais e do sistema financeiro internacional.
  Mas uma vez o dia do trabalhador/a não é um dia de festa,mega-eventos,mas um dia de luto e de luta da classe trabalhadora em defesa de seus direitos e na conquista da ampliação de seus direitos.Nos trabalhadores temos que foratelecer os sindicatos,movimentos sociais.Pois nós trabalhadores/as de todo o mundo não temos outro caminho,alternativa do que a luta contra o capitalismo e a construção de um outro mundo possivel e necessario.
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(1) Pastoral Operária:" Mensagem do 1º de Maio de 2011"
 
Por: Julio Lázaro Torma
Membro da Equipe da Pastoral Operária ( Arquidiocese de Pelotas /RS) 
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