sábado, 24 de abril de 2010

Serra contra tudo e contra ele mesmo

O candidato a presidente José Serra (PSDB-DEM-PPS) MENTE com freqüência – e o fez ainda hoje (23 /04/2010), em entrevista em Natal.
Serra disse que: Criou os genéricos. MENTE, os genéricos foram criados pelo saudoso senador Jamil Haddad (PSB-RJ)
Serra disse que: criou o seguro-desemprego. MENTE, o seguro desemprego já existia quando Serra foi Constituinte (1987-1988) ele fez alterações na lei.
A Oposição vive falado que é a favor de um monte de coisas, na verdade eles são contra, mentem na cara dura. Não seja enganado, Serra e os Tucanos são:
CONTRA o pré sal e a presença do Estado na economia e vida nacionais;
CONTRA políticas industriais e os estímulos fornecidos pelo Estado;
CONTRA o aumento de capital e a atuação do BNDES e do Banco do Brasil, verdadeiras instituições nacionais;
CONTRA o PAC o maior programa social do Brasil;
CONTRA Minha Casa Minha Vida, maior programa de moradias voltado para os pobres;
CONTRA todas as medidas do governo para fortalecer a economia nacional e o papel do Estado, é só conferir;
CONTRA a CPMF, que tirou de uma só tacada R$ 40 bi do Orçamento-Saúde, um duro, se não o maior golpe dado na saúde pública, e sem contar que mais de 95% da população estavam isentos, não precisavam pagar aquele imposto do cheque;
CONTRA a Petrobras e o BB, pois já tentou privatiza-los, sem êxito;
CONTRA a Educação justa e para todos, pois persegue os professores e os massacram com a sua policia;
CONTRA a construção da usina de Belo Monte, para que o Lula tenha um apagão energético, igual ao do FHC;
CONTRA o controle da inflação, torce para que ela volte, para derrubar a popularidade do Lula;
CONTRA os nordestinos, por que eles ajudaram a construir São Paulo;
CONTRA a devolução do terreno que pertence ao estado, doado por ele, a Rede Globo;
CONTRA a sua própria policia, pois paga um dos piores salários do país;
CONTRA em acabar com os altos preços dos pedágios em São Paulo que são os mais caros do mundo;
CONTRA a devolução do montante de dinheiro roubado do bolso do contribuinte, na venda das privatizações do FHC;
CONTRA o FHC aparecer no palanque, no decorrer da sua campanha a presidente;
CONTRA acordar antes das dez horas da manha.
CONTRA trocar o “vale coxinha” dos professores para no mínimo o “vale Bauru”;
CONTRA falar a verdade ao povo brasileiro, no famoso “Vale tudo” para ganhar as eleições;
CONTRA o crescimento do Brasil, quanto pior melhor, o que vale para ele é ganhar as eleições para presidente, o resto que se dane;
CONTRA a pesquisa da Sensus só porque indicou Dilma próxima dele;
CONTRA os Mineiros, pois deu a maior rasteira no seu colega de partido, Aécio Neves.
NOSSA, O HOMEM SÒ É DO CONTRA e da para VOTAR numa pessoa dessa?
Falando sério, SERRÁ que depois de tudo isso ele é pelo menos a FAVOR dele mesmo?
Eu duvido e você?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Lutar não é crime: MST de Santa Catarina



Como parte integrante da Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, o MST realiza uma grande marcha em Santa Catarina. Após quilômetros de caminhada, a marcha visita uma aldeia indígena Guarani em seu caminho rumo a Florianópolis.

Contando com a participação de centenas de militantes do próprio movimento, de sindicatos, movimento estudantil e uma infinidade de organizações populares, a assembléia organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Santa Catarina tratou dos seguintes eixos de discussão: Reforma Agrária, campanha “o Petróleo tem que ser nosso”, a questão energética (conjuntamente com o Movimento dos Atingidos por Barragens) e a luta contra a criminalização dos movimentos sociais.
Iniciada com uma mística em homenagem aos 19 sem-terra brutalmente assassinados pela polícia no sul do Pará em 17 de abril de 1996, episódio bárbaro de nossa história conhecido como Massacre de Eldorado dos Carajás, além das intervenções em torno dos eixos da assembléia houve a apresentação de uma peça teatral organizada pela Brigada Mitico (brigada urbana do MST em Florianópolis).
Após este momento inicial, a Marcha do MST em Santa Catarina foi iniciada no domingo, 18 de abril, pela manhã, seguindo para Florianópolis, com expectativa de chegar à cidade na segunda-feira, dia 19 de abril.



Você sabê quanto custa para ser "Salvador de Almas" ???

Precisamos apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e de cinco dias úteis (não consecutivos).
É tudo muito simples.

Não existem requisitos teológicos ou doutrinários para criar um culto religioso.
Tampouco se exige número mínimo de fiéis.

Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangélio e seu CNPJ, pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações financeiras isentas de IR e IOF.
Mas esses não são os únicos benefícios fiscais da empreitada.

Nos termos do artigo 150 da Constituição, templos de qualquer culto são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda ou os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais são definidas pelos próprios criadores.
Ou seja, se levássemos a coisa adiante, poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros "Is" de bens colocados em nome da igreja.

Há também vantagens extratributárias.
Os templos são livres para se organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus sacerdotes.

Uma vez ungidos, eles adquirem privilégios como a isenção do serviço militar obrigatório (já sagrei meus filhos Ian e David ministros religiosos) e direito a prisão especial.

Alguns curiosos nomes de “igrejas” no Brasil…

- Igreja da Água Abençoada
- Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina
- Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder
- Congregação Anti-Blasfêmias
- Igreja Chave do Éden
- Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta (????)
- Igreja Batista Incêndio de Bênçãos
- Igreja Batista Ô Glória!
- Congregação Passo para o Futuro
- Igreja Explosão da Fé
- Igreja Pedra Viva
- Comunidade do Coração Reciclado
- Igreja Evangélica Missão Celestial Pentecostal
- Cruzada de Emoções
- Igreja C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos)
- Congregação Plena Paz Amando a Todos
- Igreja A Fé de Gideão
- Igreja Aceita a Jesus
- Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém
- Igreja Evangélica Pentecostal Labareda de Fogo (poderia ser de água???)
- Congregação J. A. T. (Jesus Ama a Todos)
- Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação Para Cristo (quem perder vai ficar!!!)
- Igreja Pentecostal Uma Porta para a Salvação
- Comunidade Arqueiros de Cristo (na mosca !)
- Igreja Automotiva do Fogo Sagrado (cada carrão...)
- Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo (qual globo, a TV???)
- Assembléia de Deus do Pai, do Filho e do Espírito Santo (quem será o Deus do Pai???)
- Igreja Palma da Mão de Cristo
- Igreja Menina dos Olhos de Deus
- Igreja Pentecostal Vale de Bênçãos
- Associação Evangélica Fiel Até Debaixo D’Água (só pode ser Corinthiano!!!)
- Igreja Batista Ponte para o Céu
- Igreja Pentecostal do Fogo Azul
- Comunidade Evangélica Shalom Adonai, Cristo!
- Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas
- Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade (quanta humildade!)
- Igreja Filho do Varão (Opa!!! Se puxar o pai vai se dar bem!!!!)
- Igreja da Oração Eficiente
- Igreja da Pomba Branca
- Igreja Socorista Evangélica
- Igreja ‘A’ de Amor
- Cruzada do Poder Pleno e Misterioso
- Igreja do Amor Maior que Outra Força
- Igreja Dekanthalabassi
- Igreja dos Bons Artifícios (ainda bem que n são fogos)
- Igreja Cristo é Show - essa nem o Rei vai perder
- Igreja dos Habitantes de Dabir
- Igreja ‘Eu Sou a Porta’ - quem será a campanhia
- Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo
- Igreja da Bênção Mundial
- Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse
- Igreja Barco da Salvação - Para estes dias de chuva de São Paulo, olha que seria a salvação
- Igreja Pentecostal do Pastor Sassá - Será que é o mesmo personagem ???
- Igreja Sinais e Prodígios
- Igreja de Deus da Profecia no Brasil e América do Sul
- Igreja do Manto Branco
- Igreja Caverna de Adulão - Quanta criatividade poderia ser uma gruta
- Igreja Este Brasil é Adventista
- Igreja E.T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção) (????????)
- Igreja Evangélica Florzinha de Jesus
- Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando
- Ministério Eis-me Aqui
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia
- Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará
- Igreja de Deus Assembléia dos Anciãos
- Igreja Evangélica Facho de Luz - Venha para o lado negro da força
- Igreja Batista Renovada Lugar Forte
- Igreja Atual dos Últimos Dias
- Igreja Jesus Está Voltando, Prepara-te
- Ministério Apascenta as Minhas Ovelhas - (já somos um rebanho)
- Igreja Evangélica Bola de Neve
- Igreja Evangélica Adão é o Homem (e Eva é a Mulher!!!)
- Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado (??????? pq barranco tanta coisa melhor)
- Ministério Maravilhas de Deus
- Igreja Evangélica Fonte de Milagres
- Comunidade Porta das Ovelhas - Olha o rebanho ai de novo
- Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica (Você senta, Jesus levanta???)
- Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo
- Igreja Evangélica Luz no Escuro - Da-lhe Darth Vader
- Igreja Evangélica O Senhor Vem no Fim (Só no fim???)
- Igreja Pentecostal Planeta Cristo
- Igreja Evangélica dos Hinos Maravilhosos - Só n vale hino do Curintia
- Igreja Evangélica Pentecostal da Bênção Ininterrupta
- Assembléia de Deus Batista A Cobrinha de Moisés
- Assembléia de Deus Fonte Santa em Biscoitão - (Água e Sal please)
- “Igreija” Evangélica Muçulmana Javé é Pai
- Igreja Abre-te-Sésamo - ou abra cadabra
- Igreja Assembléia de Deus Adventista Romaria do Povo de Deus
- Igreja Bailarinas da Valsa Divina (não poderia ser um Bolero???)
- Igreja Batista Floresta Encantada
- Igreja da Bênção Mundial Pegando Fogo do Poder
- Igreja do Louvre
- Igreja ETQB, Eu Também Quero a Bênção
- Igreja Evangélica Batalha dos Deuses
- Igreja Evangélica do Pastor Paulo Andrade, O Homem que Vive sem Pecados (é o Cristo em pessoa!!)
- Igreja Evangélica Idolatria ao Deus Maior
- Igreja MTV, Manto da Ternura em Vida
- Igreja Pentecostal Marilyn Monroe (???????)
- Igreja Quadrangular O Mundo É Redondo
- Igreja Evangélica Florzinha de Jesus (Londrina – PR)
- Igreja Pentecostal Trombeta de Deus (Samambaia – DF)
- Igreja Pentecostal Alarido de Deus (Anápolis – GO) (Alarido eles fazem mesmo!!! mas o que Deus tem com isso???)
- Igreja pentecostal Esconderijo do Altíssimo (Anápolis – GO)
- Igreja Batista Coluna de Fogo (Belo Horizonte – MG)
- Igreja de Deus que se Reúne nas Casas (Itaúna – MG)
- Igreja Evangélica Pentecostal a Volta do Grande Rei (Poços de Caldas – MG)
- Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia (Uberlândia – MG)
- Igreja Evangélica a Última Trombeta Soará (Contagem – MG)
- Igreja Evangélica Pentecostal Sinal da Volta de Cristo (Três Lagoas – MS)
- Igreja Evangélica Assembléia dos Primogênitos (João Pessoa -PB)
- Ministério Favos de Mel (Rio de Janeiro – RJ) (diabéticos não entram!!!)
- Assembléia de Deus com Doutrinas e sem Costumes (Rio de Janeiro – RJ)

Rir ou chorar?

Qual a intenção, origem e motivação por trás de tanta “diversidade”?

*Blog do Radialista Carlos Ferreira Juiz de Fora/MG

quarta-feira, 21 de abril de 2010

"O capitalismo & outras infantilidades"



"Capitalism & other kids stuff" ("O capitalismo & outras infantilidades") é um documentário de Paddy Joe Shannon que nos convida a olhar de uma forma diferente o mundo em que vivemos e a questionar algumas das mais básicas premissas da vida no sistema capitalista.

Este trabalho apresenta, em linguagem clara e sem jargões econômicos ou políticos, as bases sobre as quais se assentam o sistema capitalista.

A razão do sistema capitalista é a busca, a qualquer custo, do lucro das grandes empresas e bancos. Para que uma minoria siga sendo privilegiada, a esmagadora maioria das pessoas é submetida a toda ordem de exploração, como a destruição de direitos, o desemprego, a fome, a miséria, o roubo, etc.

A minoria que comanda o mundo do capital tem em suas mãos o controle político da sociedade. Todas as instituições do Estado capitalista têm a função de preservar a propriedade privada, seja por leis ou simplesmente pelo uso da força e repressão. Todos os dias nos deparamos com esse fato, quando os sem-teto ocupam um terreno urbano ou os sem-terra ocupam uma propriedade rural, ou ainda quando os operários ocupam uma fábrica. A Polícia e a Justiça garantem a propriedade dos capitalistas. O Congresso de qualquer país capitalista vota as leis que interessam ao grande capital.

Através de eleições, por dentro do Estado capitalista, não se pode conseguir romper com o próprio capitalismo. Há nele uma espécie de "sistema autoimune" que se mostra em massacres e genocídios ao redor do mundo. Os proprietários do mundo, com seu poder econômico, controlam as eleições, financiando campanhas milionárias, controlando as TVs e os jornais (quando estes não são deles mesmos), comprando os partidos e cabos eleitorais. No mundo do capital, o capital é o poder supremo. Só com uma total mudança da consciência massa, que rompa com o capitalismo, usurpador por princípio, e com os governos hegemônicos ditatoriais (lembre-se: toda "democracia" é uma farsa), será possível mudar realmente a vida dos bilhões de seres humanos que sobrevivem em toda espécie de miséria.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Dilma x Serra

É passada a hora de acabar com a distorção do que os adversários políticos dizem e discutir o que eles disseram de fato. É passada a hora de aos amigos tudo e aos adversários a falácia. Se há concordância com relação a uma política ou proposta, concordemos, assumamos os feitos alheios. Se há discordância vamos mostrar o que há de errado na lógica, na proposta e apontar o caminho alternativo proposto. Distorções não são mais aceitáveis, porque podemos beber direto na fonte e fazer nossas próprias interpretações:

Discurso de Dilma Rousseff

Companheiros e Companheiras do ABC.

Estou aqui hoje e quero aproveitar este momento para me identificar com maior clareza. Os da oposição precisam dizer quem são. Vocês sabem quem eu sou, e vão saber ainda mais. O que eu fiz, o que planejo fazer e, uma coisa muito importante, o que eu não faço de jeito nenhum. Por isso gostaria de dizer que:

1 Eu não fujo quando a situação fica difícil. Eu não tenho medo da luta. Posso apanhar, sofrer, ser maltratada, mas estou sempre firme com minhas convicções. Em cada época da minha vida, fiz o que fiz por acreditar no que fazia. Só segui o que a minha alma e o meu coração mandavam. Nunca me submeti. Nunca abandonei o barco.

2 Eu não sou de esmorecer. Vocês não me verão entregando os pontos, desistindo, jogando a toalha. Vou lutar até o fim por aquilo em que acredito. Estarei velhinha, ao lado dos meus netos, mas lutando sempre pelos meus princípios. Por um País desenvolvido com oportunidades para todos, com renda e mobilidade social, soberano e democrático;

3 Eu não apelo. Vocês não verão Dilma Rousseff usando métodos desonestos e eticamente condenáveis para ganhar ou vencer. Não me verão usando mercenários para caluniar e difamar adversários. Não me verão fazendo ou permitindo que meus seguidores cometam ataques pessoais a ninguém. Minhas críticas serão duras, mas serão políticas e civilizadas. Mesmo que eu seja alvo de ataques difamantes.

4 Eu não traio o povo brasileiro. Tudo o que eu fiz em política sempre foi em defesa do povo brasileiro. Eu nunca traí os interesses e os direitos do povo. E nunca trairei. Vocês não me verão por aí pedindo que esqueçam o que afirmei ou escrevi. O povo brasleiro é a minha bússola. A eles dedico meu maior esforço. É por eles que qualquer sacrifício vale a pena.

5 Eu não entrego o meu país. Tenham certeza de que nunca, jamais me verão tomando decisões ou assumindo posições que signifiquem a entrega das riquezas nacionais a quem quer que seja. Não vou destruir o estado, diminuindo seu papel a ponto de tornar-se omisso e inexistente. Não permitirei, se tiver forças para isto, que o patrimônio nacional, representado por suas riquezas naturais e suas empresas públicas, seja dilapidado e partido em pedaços. O estado deve estar a serviço do interesse nacional e da emancipação do povo brasileiro.

6 Eu respeito os movimenos sociais. Esteja onde estiver, respeitarei sempre os movimentos sociais, o movimento sindical, as organizações independentes do povo. Farei isso porque entendo que os movimentos sociais são a base de uma sociedade verdadeiramente democrática. Defendo com unhas e dentes a democracia representativa e vejo nela uma das mais importantes conquistas da humanidade. Tendo passado tudo o que passei justamente pela falta de liberdade e por estar lutando pela liberdade, valorizo e defenderei a democracia. Defendo também que democracia é voto, é opinião. Mas democracia é também conquista de direitos e oportunidades. É participação, é distribuição de renda, é divisão de poder. A democracia que desrespeita os movimentos sociais fica comprometida e precisa mudar para não definhar. O que estamos fazendo no governo Lula e continuaremos fazendo é garantir que todos sejam ouvidos. Democrata que se preza não agride os movimentos sociais. Não trata grevistas como caso de polícia. Não bate em manifestantes que estejam lutando pacificamente pelos seus interesses legítimos.

Companheiras e companheiros,

Aquele país triste, da estagnação e do desemprego, ficou pra trás. O povo brasileiro não quer esse passado de volta.

Acabou o tempo dos exterminadores de emprego, dos exterminadores de futuro. O tempo agora é dos criadores de emprego, dos criadores de futuro.

Porque, hoje, o Brasil é um país que sabe o quer, sabe aonde quer chegar e conhece o caminho. É o caminho que Lula nos mostrou e por ele vamos prosseguir. Avançando. Com a força do povo e a graça de Deus.


Discurso de José Serra

O Brasil pode mais

Venho hoje, aqui, falar do meu amor pelo Brasil; falar da minha vida; falar da minha experiência; falar da minha fé; falar das minhas esperanças no Brasil. E mostrar minha disposição de assumir esta caminhada. Uma caminhada que vai ser longa e difícil mas que com a ajuda de Deus e com a força do povo brasileiro será com certeza vitoriosa.

Alguns dias atrás, terminei meu discurso de despedida do Governo de São Paulo afirmando minha convicção de que o Brasil pode mais. Quatro palavras, em meio a muitas outras. Mas que ganharam destaque porque traduzem de maneira simples e direta o sentimento de milhões de brasileiros: o de que o Brasil, de fato, pode mais. E é isto que está em jogo nesta hora crucial!

Nos últimos 25 anos, o povo brasileiro alcançou muitas conquistas: retomamos a Democracia, arrancamos nas ruas o direito de votar para presidente, vivemos hoje num país sem censura e com uma imprensa livre. Somos um Estado de Direito Democrático. Fizemos uma nova Constituição, escrita por representantes do povo. Com o Plano Real, o Brasil transformou sua economia a favor do povo, controlou a inflação, melhorou a renda e a vida dos mais pobres, inaugurou uma nova Era no Brasil. Também conquistamos a responsabilidade fiscal dos governos. Criamos uma agricultura mais forte, uma indústria eficiente e um sistema financeiro sólido. Fizemos o Sistema Único de Saúde, conseguimos colocar as crianças na escola, diminuímos a miséria, ampliamos o consumo e o crédito, principalmente para os brasileiros mais pobres. Tudo isso em 25 anos. Não foram conquistas de um só homem ou de um só Governo, muito menos de um único partido. Todas são resultado de 25 anos de estabilidade democrática, luta e trabalho. E nós somos militantes dessa transformação, protagonistas mesmo, contribuímos para essa história de progresso e de avanços do nosso País. Nós podemos nos orgulhar disso.

Mas, se avançamos, também devemos admitir que ainda falta muito por fazer. E se considerarmos os avanços em outros países e o potencial do Brasil, uma conclusão é inevitável: o Brasil pode ser muito mais do que é hoje.

Mas para isso temos de enfrentar os problemas nacionais e resolvê-los, sem ceder à demagogia, às bravatas ou à politicagem. E esse é um bom momento para reafirmarmos nossos valores. Começando pelo apreço à Democracia Representativa, que foi fundamental para chegarmos aonde chegamos. Devemos respeitá-la, defendê-la, fortalecê-la. Jamais afrontá-la.

Democracia e Estado de Direito são valores universais, permanentes, insubstituíveis e inegociáveis. Mas não são únicos. Honestidade, verdade, caráter, honra, coragem, coerência, brio profissional, perseverança são essenciais ao exercício da política e do Poder. É nisso que eu acredito e é assim que eu ajo e continuarei agindo. Este é o momento de falar claro, para que ninguém se engane sobre as minhas crenças e valores. É com base neles que também reafirmo: o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais.

Governos, como as pessoas, têm que ter alma. E a alma que inspira nossas ações é a vontade de melhorar a vida das pessoas que dependem do estudo e do trabalho, da Saúde e da Segurança. Amparar os que estão desamparados.

Sabem quantas pessoas com alguma deficiência física existem no Brasil? Mais de 20 milhões - a esmagadora maioria sem o conforto da acessibilidade aos equipamentos públicos e a um tratamento de reabilitação. Os governos, como as pessoas, têm que ser solidários com todos e principalmente com aqueles que são mais vulneráveis.

Quem governa, deve acreditar no planejamento de suas ações. Cultivar a austeridade fiscal, que significa fazer melhor e mais com os mesmos recursos. Fazer mais do que repetir promessas. O governo deve ouvir a voz dos trabalhadores e dos desamparados, das mulheres e das famílias, dos servidores públicos e dos profissionais de todas as áreas, dos jovens e dos idosos, dos pequenos e dos grandes empresários, do mercado financeiro, mas também do mercado dos que produzem alimentos, matérias-primas, produtos industriais e serviços essenciais, que são o fundamento do nosso desenvolvimento, a máquina de gerar empregos, consumo e riqueza.

O governo deve servir ao povo, não a partidos e a corporações que não representam o interesse público. Um governo deve sempre procurar unir a nação. De mim, ninguém deve esperar que estimule disputas de pobres contra ricos, ou de ricos contra pobres. Eu quero todos, lado a lado, na solidariedade necessária à construção de um país que seja realmente de todos.

Ninguém deve esperar que joguemos estados do Norte contra estados do Sul, cidades grandes contra cidades pequenas, o urbano contra o rural, a indústria contra os serviços, o comércio contra a agricultura, azuis contra vermelhos, amarelos contra verdes. Pode ser engraçado no futebol. Mas não é quando se fala de um País. E é deplorável que haja gente que, em nome da política, tente dividir o nosso Brasil.

Não aceito o raciocínio do nós contra eles. Não cabe na vida de uma Nação. Somos todos irmãos na pátria. Lutamos pela união dos brasileiros e não pela sua divisão. Pode haver uma desavença aqui outra acolá, como em qualquer família. Mas vamos trabalhar somando, agregando. Nunca dividindo. Nunca excluindo. O Brasil tem grandes carências. Não pode perder energia com disputas entre brasileiros. Nunca será um país desenvolvido se não promover um equilíbrio maior entre suas regiões. Entre a nossa Amazônia, o Centro Oeste e o Sudeste. Entre o Sul e o Nordeste. Por isso, conclamo: Vamos juntos. O Brasil pode mais. O desenvolvimento é uma escolha. E faremos essa escolha. Estamos preparados para isso.

Ninguém deve esperar que joguemos o governo contra a oposição, porque não o faremos. Jamais rotularemos os adversários como inimigos da pátria ou do povo. Em meio século de militância política nunca fiz isso. E não vou fazer. Eu quero todos juntos, cada um com sua identidade, em nome do bem comum.

Na Constituinte fiz a emenda que permitiu criar o FAT, financiar e fortalecer o BNDES e tirar do papel o seguro-desemprego - que hoje beneficia 10 milhões de trabalhadores. Todos os partidos e blocos a apoiaram. No ministério da Saúde do governo Fernando Henrique tomei a iniciativa de enviar ou refazer e impulsionar seis projetos de lei e uma emenda constitucional - a criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Agência Nacional de Saúde, a implantação dos genéricos, a proibição do fumo nos aviões e da propaganda de cigarros, a regulamentação dos planos de saúde, o combate à falsificação de remédios e a PEC 29, que vinculou recursos à Saúde nas três esferas da Federação - todos, sem exceção, aprovados pelos parlamentares do governo e da oposição. É assim que eu trabalho: somando e unindo, visando ao bem comum. Os membros do Congresso que estão me ouvindo, podem testemunhar: suas emendas ao orçamento da Saúde eram acolhidas pela qualidade, nunca devido à sua filiaç ão partidária.

Se o povo assim decidir, vamos governar com todas e com todos, sem discriminar ninguém. Juntar pessoas em vez de separá-las; convidá-las ao diálogo, em vez de segregá-las; explicar os nossos propósitos, em vez de hostilizá-las. Vamos valorizar o talento, a honestidade e o patriotismo em vez de indagar a filiação partidária.

Minha história de vida e minhas convicções pessoais sempre estiveram comprometidas com a unidade do país e com a unidade do seu povo. Sou filho de imigrantes, morei e cresci num bairro de trabalhadores que vinham de todas as partes, da Europa, do Nordeste, do Sul. Todos em busca de oportunidade e de esperança.

A liderança no movimento estudantil me fez conhecer e conviver com todo o Brasil logo ao final da minha adolescência. Aliás, na época, aprendi mesmo a fazer política no Rio, em Minas, na Bahia e em Pernambuco, aos 21 anos de idade. O longo exílio me levou sempre a enxergar e refletir sobre o nosso país como um todo.

Minha história pessoal está diretamente vinculada à valorização do trabalho, à valorização do esforço, à valorização da dedicação. Lembro-me do meu pai, um modesto comerciante de frutas no mercado municipal: doze horas de jornada de trabalho nos dias úteis, dez horas no sábado, cinco horas aos domingos. Só não trabalhava no dia 1 de janeiro. Férias? Um luxo, pois deixava de ganhar o dinheiro da nossa subsistência. Um homem austero, severo, digno. Seu exemplo me marcou na vida e na compreensão do que significa o amor familiar de um trabalhador: ele carregava caixas de frutas para que um dia eu pudesse carregar caixas de livros.

E eu me esforço para tornar digno o trabalho de todo homem e mulher, do ser humano como ele foi. Porque vejo a imagem de meu pai em cada trabalhador. Eu a vi outro dia, na inauguração do Rodoanel, quando um dos operários fez questão de me mostrar com orgulho seu nome no mural que eu mandei fazer para exibir a identidade de todos os trabalhadores que fizeram aquela obra espetacular. Por que o mural? Por justo reconhecimento e porque eu sabia que despertaria neles o orgulho de quem sabe exercer a profissão. Um momento de revelação a si mesmos de que eles são os verdadeiros construtores nesta nação.

Eu vejo em cada criança na escola o menino que eu fui, cheio de esperanças, com o peito cheio de crença no futuro. Quando prefeito e quando governador, passei anos indo às escolas para dar aula (de verdade) à criançada da quarta série. Ia reencontrar-me comigo mesmo. Porque tudo o que eu sou aprendi em duas escolas: a escola pública e a escola da vida pública. Aliás, e isto é um perigo dizer, com freqüência uso senhas de computador baseadas no nome de minhas professoras no curso primário. E toda vez que escrevo lembro da sua fisionomia, da sua voz, do seu esforço, e até das broncas, de um puxão de orelhas, quando eu fazia alguma bagunça.

Mas é por isso tudo que sempre lutei e luto tanto pela educação dos milhões de filhos do Brasil. No país com que sonho para os meus netos, o melhor caminho para o sucesso e a prosperidade será a matrícula numa boa escola, e não a carteirinha de um partido político. E estou convencido de uma coisa: bons prédios, serviços adequados de merenda, transporte escolar, atividades esportivas e culturais, tudo é muito importante e deve ser aperfeiçoado. Mas a condição fundamental é a melhora do aprendizado na sala de aula, propósito bem declarado pelo governo, mas que praticamente não saiu do papel. Serão necessários mais recursos. Mas pensemos no custo para o Brasil de não ter essa nova Educação em que o filho do pobre freqüente uma escola tão boa quanto a do filho do rico. Esse é um compromisso.

É preciso prestar atenção num retrocesso grave dos últimos anos: a estagnação da escolaridade entre os adolescentes. Para essa faixa de idade, embora não exclusivamente para ela, vamos turbinar o ensino técnico e profissional, aquele que vira emprego. Emprego para a juventude, que é castigada pela falta de oportunidades de subir na vida. E vamos fazer de forma descentralizada, em parcerias com estados e municípios, o que garante uma vinculação entre as escolas técnicas e os mercados locais, onde os empregos são gerados. Ensino de qualidade e de custos moderados, que nos permitirá multiplicar por dois ou três o número de alunos no país inteiro, num período de governo. Sim, meus amigos e amigas, o Brasil pode mais.

Podemos e devemos fazer mais pela saúde do nosso povo. O SUS foi um filho da Constituinte que nós consolidamos no governo passado, fortalecendo a integração entre União, Estados e Municípios; carreando mais recursos para o setor; reduzindo custos de medicamentos; enfrentando com sucesso a barreira das patentes, no Brasil e na Organização Mundial do Comércio; ampliando o sistema de atenção básica e o Programa Saúde da Família em todo o Brasil; prestigiando o setor filantrópico sério, com quem fizemos grandes parcerias, dos hospitais até a prevenção e promoção da Saúde, como a Pastoral da Criança; fazendo a melhor campanha contra a AIDS do mundo em desenvolvimento; organizando os mutirões; fazendo mais vacinações; ampliando a assistência às pessoas com deficiência; cerceando o abuso do incentivo ao cigarro e ao tabaco em geral. E muitas outras coisas mais. De fato, e mais pelo que aconteceu na primeira metade do governo, a Saúde estagnou ou avançou pouco. Mas a Saúde pode avanç ar muito mais. E nós sabemos como fazer isso acontecer.

Saúde é vida, Segurança também. Por isso, o governo federal deve assumir mais responsabilidades face à gravidade da situação. E não tirar o corpo fora porque a Constituição atribui aos governos estaduais a competência principal nessa área. Tenho visto gente criticar o Estado Mínimo, o Estado Omisso. Concordo. Por isso mesmo, se tem área em que o Estado não tem o direito de ser mínimo, de se omitir, é a segurança pública. As bases do crime organizado estão no contrabando de armas e de drogas, cujo combate efetivo cabe às autoridades federais. Ou o governo federal assume de vez, na prática, a coordenação efetiva dos esforços nacionalmente, ou o Brasil não tem como ganhar a guerra contra o crime e proteger nossa juventude.

Qual pai ou mãe de família não se sente ameaçado pela violência, pelo tráfico e pela difusão do uso das drogas? As drogas são hoje uma praga nacional. E aqui também o Governo tem de investir em clínicas e programas de recuperação para quem precisa e não pode ser tolerante com traficantes da morte. Mais ainda se o narcotráfico se esconde atrás da ideologia ou da política. Os jovens são as grandes vítimas. Por isso mesmo, ações preventivas, educativas, repressivas e de assistência precisam ser combinadas com a expansão da qualificação profissional e a oferta de empregos.

Uma coisa que precisa acabar é a falsa oposição entre construir escolas e construir presídios. Muitas vezes, essa é a conversa de quem não faz nem uma coisa nem outra. É verdade que nossos jovens necessitam de boas escolas e de bons empregos, mas se o indivíduo comete um crime ele deve ser punido. Existem propostas de impor penas mais duras aos criminosos. Não sou contra, mas talvez mais importante do que isso seja a garantia da punição. O problema principal no Brasil não são as penas supostamente leves. É a quase certeza da impunidade. Um país só tem mais chance de conseguir a paz quando existe a garantia de que a atitude criminosa não vai ficar sem castigo.

Eu quero que meus netos cresçam num país em que as leis sejam aplicadas para todos. Se o trabalhador precisa cumprir a lei, o prefeito, o governador e o presidente da República também tem essa obrigação. Em nosso país, nenhum brasileiro vai estar acima da lei, por mais poderoso que seja. Na Segurança e na Justiça, o Brasil também pode mais.

Lembro que os investimentos governamentais no Brasil, como proporção do PIB, ainda são dos mais baixos do mundo em desenvolvimento. Isso compromete ou encarece a produção, as exportações e o comércio. Há uma quase unanimidade a respeito das carências da infra-estrutura brasileira: no geral, as estradas não estão boas, faltam armazéns, os aeroportos vivem à beira do caos, os portos, por onde passam nossas exportações e importações, há muito deixaram de atender as necessidades. Tem gente que vê essas carências apenas como um desconforto, um incômodo. Mas essa é uma visão errada. O PIB brasileiro poderia crescer bem mais se a infra-estrutura fosse adequada, se funcionasse de acordo com o tamanho do nosso país, da população e da economia.

Um exemplo simples: hoje, custa mais caro transportar uma tonelada de soja do Mato Grosso ao porto de Paranaguá do que levar a mesma soja do porto brasileiro até a China. Um absurdo. A conseqüência é menos dinheiro no bolso do produtor, menos investimento e menos riqueza no interior do Brasil. E sobretudo menos empregos.

Temos inflação baixa, mais crédito e reservas elevadas, o que é bom, mas para que o crescimento seja sustentado nos próximos anos não podemos ter uma combinação perversa de falta de infra-estrutura, inadequações da política macroeconômica, aumento da rigidez fiscal e vertiginoso crescimento do déficit do balanço de pagamentos. Aliás, o valor de nossas exportações cresceu muito nesta década, devido à melhora dos preços e da demanda por nossas matérias primas. Mas vai ter de crescer mais. Temos de romper pontos de estrangulamento e atuar de forma mais agressiva na conquista de mercados. Vejam que dado impressionante: nos últimos anos, mais de 100 acordos de livre comércio foram assinados em todo o mundo. São um instrumento poderoso de abertura de mercados. Pois o Brasil, junto com o MERCOSUL, assinou apenas um novo acordo (com Israel), que ainda não entrou em vigência!

Da mesma forma, precisamos tratar com mais seriedade a preservação do meio-ambiente e o desenvolvimento sustentável. Repito aqui o que venho dizendo há anos: é possível, sim, fazer o país crescer e defender nosso meio ambiente, preservar as florestas, a qualidade do ar a contenção das emissões de gás carbônico. É dever urgente dar a todos os brasileiros saneamento básico, que também é meio ambiente. Água encanada de boa qualidade, esgoto coletado e tratado não são luxo. São essenciais. São Saúde. São cidadania. A economia verde é, ao contrário do que pensam alguns, uma possibilidade promissora para o Brasil. Temos muito por fazer e muito o que progredir, e vamos fazê-lo.

Também não são incompatíveis a proteção do meio ambiente e o dinamismo extraordinário de nossa agricultura, que tem sido a galinha de ovos de ouro do desenvolvimento do país, produzindo as alimentos para nosso povo, salvando nossas contas externas, contribuindo para segurar a inflação e ainda gerar energia! Estou convencido disso e vamos provar o acerto dessa convicção na prática de governo. Sabem por quê? Porque sabemos como fazer e porque o Brasil pode mais!

O Brasil está cada vez maior e mais forte. É uma voz ouvida com respeito e atenção. Vamos usar essa força para defender a autodeterminação dos povos e os direitos humanos, sem vacilações. Eu fui perseguido em dois golpes de estado, tive dois exílios simultâneos, do Brasil e do Chile. Sou sobrevivente do Estádio Nacional de Santiago, onde muitos morreram. Por algum motivo, Deus permitiu que eu saísse de lá com vida. Para mim, direitos humanos não são negociáveis. Não cultivemos ilusões: democracias não têm gente encarcerada ou condenada à forca por pensar diferente de quem está no governo. Democracias não têm operários morrendo por greve de fome quando discordam do regime.

Nossa presença no mundo exige que não descuidemos de nossas Forças Armadas e da defesa de nossas fronteiras. O mundo contemporâneo é desafiador. A existência de Forças Armadas treinadas, disciplinadas, respeitadoras da Constituição e das leis foi uma conquista da Nova República. Precisamos mantê-las bem equipadas, para que cumpram suas funções, na dissuasão de ameaças sem ter de recorrer diretamente ao uso da força e na contribuição ao desenvolvimento tecnológico do país.

Como falei no início, esta será uma caminhada longa e difícil. Mas manteremos nosso comportamento a favor do Brasil. Às provocações, vamos responder com serenidade; às falanges do ódio que insistem em dividir a nação vamos responder com nosso trabalho presente e nossa crença no futuro. Vamos responder sempre dizendo a verdade. Aliás, quanto mais mentiras os adversários disserem sobre nós, mais verdades diremos sobre eles.

O Brasil não tem dono. O Brasil pertence aos brasileiros que trabalham; aos brasileiros que estudam; aos brasileiros que querem subir na vida; aos brasileiros que acreditam no esforço; aos brasileiros que não se deixam corromper; aos brasileiros que não toleram os malfeitos; aos brasileiros que não dispõem de uma 'boquinha'; aos brasileiros que exigem ética na vida pública porque são decentes; aos brasileiros que não contam com um partido ou com alguma maracutaia para subir na vida.

Este é o povo que devemos mobilizar para a nossa luta; este é o povo que devemos convocar para a nossa caminhada; este é o povo que quer, porque assim deve ser, conservar as suas conquistas, mas que anseia mais. Porque o Brasil, meus amigos e amigas, pode mais. E, por isso, tem de estar unido. O Brasil é um só.

Pretendo apresentar ao Brasil minha história e minhas idéias. Minha biografia. Minhas crenças e meus valores. Meu entusiasmo e minha confiança. Minha experiência e minha vontade.

Vou lhes contar uma coisa. Desde cedo, quando entrei na vida pública, descobri qual era a motivação maior, a mola propulsora da atividade política. Para mim, a motivação é o prazer. A vida pública não é sacrifício, como tantos a pintam, mas sim um trabalho prazeroso. Só que não é o mero prazer do desfrute. É o prazer da frutificação. Não é um sonho de consumo. É um sonho de produção e de criação. Aprendi desde cedo que servir é bom, nos faz felizes, porque nos dá o sentido maior de nossas existências, porque nos traz uma sensação de bem estar muito mais profunda do que quaisquer confortos ou vantagens propiciados pelas posições de Poder. Aprendi que nada se compara à sensação de construir algo de bom e duradouro para a sociedade em que vivemos, de descobrir soluções para os problemas reais das pessoas, de fazer acontecer.

O grande escritor mineiro Guimarães Rosa, escreveu: O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Concordo. É da coragem que a vida quer que nós precisamos agora.

Coragem para fazer um projeto de País, com sonhos, convicções e com o apoio da maioria.

Juntos, vamos construir o Brasil que queremos, mais justo e mais generoso. Eleição é uma escolha sobre o futuro. Olhando pra frente, sem picuinhas, sem mesquinharias, eu me coloco diante do Brasil, hoje, com minha biografia, minha história política e com. esperança no nosso futuro. E determinado a fazer a minha parte para construir um Brasil melhor. Quero ser o presidente da união. Vamos juntos, brasileiros e brasileiras, porque o Brasil pode mais.

Faço, portanto, a todos os envolvidos nos debates políticos um apelo e um convite: discutam, opinem, critiquem, apertem os pré-candidatos para que eles demonstrem suas propostas e suas crenças, para que exprimam publicamente o que pensam e planejam, mas não se utilizem de falácias e distorções. Fazer isso só deixa mais distante o cumprimento das promessa que todo candidato faz nos começos da campanha: a de fazer uma campanha de propostas, não de ataques pessoais.





terça-feira, 13 de abril de 2010

Sob um tempo em que algemam flores

Não sois leis, homens é o que sois. Mas Charles, Maria Raimunda e outros e outras, podem agora ser presos preventivamente. Há o medo de que as algemas lhes fechem os abraços e que prevaleça a dor dos institutos jurídicos. Charles e Raimunda estão foragidos políticos com prisão preventiva decretada. Quantas prisões serão necessárias para os corpos que gritam liberdade? Como a liberdade da terra aprisionada em farpas da propriedade. Mas a lei do latifúndio, uníssona, absoluta sob as porteiras e cercas da ordem, prevalecem. O estado de direito que sentencia as prisões campeia na miopia do tempo e para prevenção de quem? De quem planta sonhos? A prisão preventiva previne o que? De quem? Da periculosidade de Charles e Raimunda? Do movimento do povo que inaugura a ação na estática do poder? A prisão serve para prevenir de que eles perpetuem desordem na ordem da injustiça? Previne para que não façam apologia ao crime de romper as amarras da terra? Prevenir para que não fujam do distrito da culpa? Culpa de que? Qual o distrito da culpa no território da miséria? Qual a idade da culpa na história da desigualdade? Do que a comoção pública os condena? Quem são os donos da comoção pública? Quem tem o termômetro da comoção pública? A grande mídia em suas cadeias feudais da informação? O mercado? Os sesmeiros da terra? Quem são os donos da convicção judicial, Excelência? Pode o magistrado pensar por si e pela história, ou padece de juizite, esta patalogia (curável) de poder paranóico sobre vidas, sonhos e corpos. Quem és tu, Excelência? Sois homens ou gramática dos códigos, sois história ou motivação alienada, de que matéria humana te constituis se tua sentença lança grades para resolver a ânsia das sementes? Agora no ssos amigos e amigas podem ser presos por sua ordem enquanto a iníqua indignidade ganha asas sob tua letra e o aparato do Estado. Agora nossos irmãos e irmãs estão exilados da terra que sustenta nossos sonhos e os reproduz. E o crime é ser inimigo da ordem latifúndia. E tu decretas a prisão de idéias, utopias e aspirações. E tu, Exa. despersonificado, é a pessoa do Estado, do Poder, da coerciva mão do decreto, quase absoluto, se não fosse a luz da história a te dizer que tua ordem de denuncia, toda a torpeza argumentativa, perceptiva, jurídica, sensível, contextual, teórica, epistemológica, humana. Esta prisão preventiva te prende nas grades da história e do absurdo. Ela é teu espelho e espelho do Estado. O decreto que arrota poder e advoga direito quando criminaliza a utopia. A memória campesina traz sementes, flores, e pão, porque Charles e Raimunda cultivam um tempo novo em hectares de esperança, ainda que sob a ameaça de cercas, de togas, das fardas, do mercado, do poder senhorial, de tudo que nega as germinações e quer encarcerar o pólen.

*Jorge Luis Ribeiro*

Advogado e escritor

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Stedile: " Esperamos que o governo cumpra a sua palavra"

9 de abril de 2010

17 de abril de 1996. Cerca de 1.500 famílias de trabalhadores rurais sem-terra estão acampadas há mais de um mês no município de Eldorado dos Carajás, sul do Pará. Reivindicam a desapropriação de terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira.

Como não são atendidas, em 10 de abril, iniciam a “Caminhada pela Reforma Agrária”, rumo a Belém, a capital, para sensibilizar as autoridades. No dia 16, montam acampamento próximo à cidade de Eldorado dos Carajás, interditam a estrada (no km 96 da rodovia PA-150) e exigem alimentos e transporte. Às 20h, o major que negocia com lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) garante que as reivindicações seriam levadas às autoridades estaduais e federais competentes. Um acordo é fechado.

Mas no dia 17, às 11h, um tenente da Polícia Militar (PM) comunica uma contra-ordem: nenhuma reivindicação seria atendida, nem a mesmo a doação de alimentos. Duas tropas fortemente armadas da PM – uma vinda de Marabá, outra de Paraupebas –, ocupam a estrada e iniciam a desobstrução, descarregando revólveres, metralhadoras e fuzis sobre os trabalhadores sem-terra, que se defendem com paus, pedras, foices e os tiros de um único revólver. O resultado da operação é o Massacre de Eldorados dos Carajás: 19 sem-terra barbaramente assassinados e 69 feridos. Os feridos tiveram de ser aposentados por incapacidade para o trabalho agrícola; dois deles faleceram meses depois em consequência dos ferimentos.

A partir daí, a Via Campesina Internacional instituiu o 17 de abril como o Dia Internacional da Luta Camponesa. No Brasil, o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, tornou a mesma data Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Desde então, acontecem manifestações camponesas no Brasil e no restante da América Latina. Este ano, no dia 17, elas ocorrerão mais uma vez.

“O objetivo é dar visibilidade à nossa luta, até porque, até hoje, nenhum dos policiais e políticos responsáveis pelo Massacre de Carajás foi punido”, afirma João Pedro Stedile, da Direção Nacional do MST.

“O papel do nosso movimento é organizar os trabalhadores do campo pobres para que lutem por seus direitos, melhorem de condições de vida e tenham terra para trabalhar.”

A mídia corporativa, que frequentemente criminaliza o MST, já está em campanha contra o “Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária” de 2010. O editorial “O vermelho de abril” publicado no Estadão de domingo passado, 4 de abril, é uma mostra do que está por vir.

Leia abaixo a entrevista.

Viomundo — O editorial do Estadão do último domingo dissemina medo em relação ao MST. Ao mesmo tempo, torce veladamente para que o abril de 2010 seja mais vermelho – leia-se violento, sangramento — e respingue na candidatura da ex-ministra Dilma Rousseff (PT). Essa é a sua leitura do editorial?

João Pedro Stedile – Nós estamos acostumados com as declarações ideológicas desse jornal. Ficamos impressionados com a clareza com que defendem os interesses do latifúndio, da minoria privilegiada. O Estado de S. Paulo é o principal porta-voz das oligarquias rurais e dos setores mais atrasados da burguesia brasileira. Não aceitam qualquer mudança social. Há mais de 100 anos defendem a ferro e fogo os privilégios da classe dominante.

Assim como antigamente faziam anúncios de venda de trabalhadores escravos, agora se colocam contra a reforma agrária. Qualquer movimento de trabalhadores organizados é um problema. Por isso, tratam o nosso movimento como uma ameaça à toda a sociedade, que deve ser acompanhado com preocupação e combatido por parlamentares, juízes, órgãos de inteligência e formadores de opinião.

Para isso, o jornal tenta construir um clima de terror e medo, colocar um movimento de trabalhadores sem-terra como uma sombra na sociedade, criando uma paranóia que só convence aqueles que não conhecem a realidade do campo. A reforma agrária é uma ameaça, de fato, somente aos 50 mil proprietários com mais de 1.000 hectares que concentram 146 milhões de hectares (43% das terras agricultáveis). Eles representam 1% dos proprietários e devem se preocupar…

Viomundo – Já a Folha tenta jogar o MST contra o governo federal. É isso mesmo?

João Pedro Stedile – O estilo da Folha é mais fofoqueiro e costuma se dedicar à pequena política. São fofocas de salão. Acredita que pode alterar a luta de classes com factoides. Investe em fofocas para tentar criar contradições vazias entre o nosso movimento e o governo federal, ignorando a situação dos trabalhadores rurais e a lentidão para a criação de assentamentos. Na atualidade, prioriza a criação de factoides em defesa da candidatura de José Serra a presidente e da continuidade dos tucanos à frente do governo do estado de São Paulo. O sonho do seu proprietário é ser um intelectual respeitado, mas não passa de um pequeno-burguês lambe botas dos grandes interesses da burguesia.

Viomundo – Como caracterizaria o comportamento dos outros veículos da chamada grande imprensa?

João Pedro Stedile – Os mais perniciosos são os veículos das Organizações Globo. O Globo e o Jornal Nacional são manipuladores contumazes. Conseguem unir com genialidade a ideologia burguesa com os seus interesses particulares para ganhar dinheiro sustentando ideologicamente a desigualdade da nossa sociedade. Espero que o projeto de banda larga popular e gratuita enfraqueça o poder de manipulação da televisão aberta e enterre o papel da Globo na sociedade brasileira.

Viomundo – Já li uma entrevista sua onde coloca o governo Lula e o FHC em pé de igualdade. Acha que são iguais mesmo?

João Pedro Stedile – Na forma de tratamento dos movimentos sociais, não são iguais, não. FHC tentou cooptar, isolar e criou condições para a repressão física, que resultou nos massacres de Corumbiara e Carajás. Já no governo Lula há mais diálogo. Nunca houve repressão por parte do governo federal.

Infelizmente, em ambos os governos, não houve desconcentração da propriedade da terra, o que é o fundamental. A reforma agrária é uma política governamental, executada pelo Estado em nome da sociedade, que visa desapropriar grandes propriedades de terra que não cumprem a função social. É uma bandeira republicana, que se insere nos direitos democráticos. Para isso, procura democratizar o acesso à terra e desconcentrar a propriedade fundiária. Dentro desse conceito, durante os governos FHC e Lula, os latifundiários aumentaram o controle das terras.

Está em curso um movimento de contra-reforma agrária, realizado pela lógica do capital de empresas transnacionais e do mercado financeiro. De acordo com o censo de 2006, 15 mil fazendeiros com mais de 2 mil hectares controlavam nada menos que 98 milhões de hectares. Também houve uma maior desnacionalização das terras, com a ofensiva do capital estrangeiro. Somente no setor sucroalcooleiro, em apenas três anos, o capital estrangeiro se apropriou de 27% de todo setor, segundo o jornal Valor Econômico.

Apesar disso, reitero as diferenças. O governo FHC era o legítimo representante da aliança entre uma parcela da burguesia brasileira subordinada aos interesses do capital internacional e financeiro. Já o governo Lula representa um outro tipo de alianças. É um governo de conciliação de classes, que juntou dentro dele setores da burguesia brasileira e setores da classe trabalhadora. E por isso é um governo mais progressista do que o governo FHC.

Viomundo – Em agosto de 2009, o MST acampou durante duas semanas em Brasília, além ter feito marchas e protestos por todo o país. Na ocasião, apresentou uma pauta de reivindicações e estabeleceu uma negociação ampla com o governo federal para a retomada da reforma agrária. Como está essa agenda?

João Pedro Stedile – Nas negociações, o governo se comprometeu a assinar a portaria que revisa os índices de produtividade e investir mais 460 milhões para as desapropriações de latifúndios, além de demandas para resolver problemas nos estados. Infelizmente, não houve ainda atualização da portaria dos índices de produtividade nem aporte de recursos para reforma agrária.

Esperamos que o governo cumpra a sua palavra. Dessa forma, poderão, pelo menos, resolver problemas pontuais e conflitos que se somam nos estados. Há mais de dois anos processos assinados para desapropriação de fazendas estão parados por falta de recursos do Incra. O governo precisa investir, no mínimo, 1 bilhão de reais para zerar o passivo de fazendas, que estão em processo final de desapropriação. O orçamento previsto para o ano é apenas 460 milhões de reais.

Viomundo – Este ano teremos eleições presidenciais. Eu sei que oficialmente o MST não apóia este ou aquele candidato. Mas a base assim como a direção tem suas preferências. Em que candidato não votariam de modo algum?

João Pedro Stedile – Nós fizemos um debate com os movimentos sociais que se articulam na Via Campesina Brasil. Há um sentimento de que devemos colocar energias para impedir que o Serra ganhe as eleições. Não se trata de julgamento pessoal ou partidário, mas de uma avaliação do tipo de projeto e de forças sociais que ele representa.

Viomundo – Em que candidatos poderiam votar?

João Pedro Stedile – Em toda a nossa trajetória, o MST nunca tirou deliberações sobre nomes para votar nas eleições. Mas naturalmente a militância tem consciência política de votar – em todos os níveis – em candidatos que sejam comprometidos com a reforma agrária e com as mudanças necessárias para o Brasil. A partir disso, cada um, de acordo com a sua consciência, faz a escolha. O voto é uma manifestação da liberdade política individual, que deve se expressar em torno de projetos de sociedade.

Viomundo – Nas eleições deste ano, o jogo será muito sujo. Como vocês pretendem agir neste contexto, já que as forças conservadoras tentarão queimar a candidatura Dilma, valendo-se do MST?

João Pedro Stedile – Realmente, a campanha eleitoral deste ano será muito disputada e dura. As elites e seus meios de comunicação já fizeram diversas reuniões para se articular e se organizar, numa verdadeira guerra ideológica. Eles farão de tudo para manipular fatos e criar factoides para favorecer o Serra. Ao mesmo tempo, caso não tenham condições de ganhar, tentarão fazer com que uma vitória da Dilma esteja condicionada e comprometida em não fazer mudanças. Para isso, vão atacar sistematicamente todas as lutas sociais e movimentos populares, para evitar que atuem como força social nas eleições e discutam projetos de sociedade. Ou seja, vão sobretudo criminalizar a luta social. Esse é o jogo.

Nós estamos acostumados a ele e, independentemente de candidaturas, continuaremos fazendo o nosso papel, ou seja: organizar os trabalhadores do campo para que lutem por seus direitos e melhorem as suas condições de vida. Até os intelectuais dos tucanos sabem que nunca houve em toda a história da humanidade mudanças sociais a favor do povo e dos mais pobres sem que eles se organizassem, lutassem e conquistassem.

No fundo, o que a grande mídia teme é a força organizada dos trabalhadores. Por isso, tentam criar um clima de desânimo, contrário às lutas sociais, para evitar uma nova ascensão do movimento de massas que altere a correlação de forças na sociedade. A força da classe dominante está no poder econômico e na mídia, com o controle da ideologia. A força dos trabalhadores está na sua capacidade de mobilizar as maiorias. Para quem não acredita em luta de classes, podem esperar cenas cotidianas desse confronto.

Viomundo – Muita gente defende realmente a reforma agrária, mas discorda de ocupações que consideram violentas. O senhor concorda com esse tipo de ocupação? O que diria a essas pessoas?

João Pedro Stedile – O MST já usou todas as formas de luta possíveis e legítimas na luta pela democratização da terra: abaixo-assinados, 800 mil se cadastraram nos Correios (nos tempos do FHC), marchas de mais de 1.500 quilômetros, manifestações de rua e também ocupações de terras. Se houvesse vontade política e força social suficiente, não precisaríamos fazer ocupações de terra. Isso representa um enorme sacrifício para as famílias. As famílias não fazem ocupações porque gostam. A história de dominação do latifúndio é que fez com que as ocupações se transformassem na principal forma de luta dos camponeses.

As pessoas que criticam as ocupações de terra deveriam saber que todos os assentamentos que existem foram frutos de ocupações e pressão de acampamentos. Ao mesmo tempo, deveriam saber também que a maioria dos grandes proprietários não obteve suas terras por meio do trabalho, mas se apropriou ilegalmente de terras publicas por meio da apropriação indébita. O que as pessoas dizem quando o banqueiro Daniel Dantas usa recursos de origem desconhecida para comprar 56 fazendas com mais de 400 mil hectares no sul do Pará? Algumas delas são griladas de terras públicas e portanto nem sequer escritura têm.

Viomundo – E a ocupação da Cutrale?

João Pedro Stedile – Todo mundo criticou a nossa ocupação na Cutrale, porque os companheiros numa atitude desesperada derrubaram pés de laranja. No entanto, não ouvimos críticas na mesma altura pelo fato de a Cutrale se apropriar de mais de 5 mil hectares de terras públicas, registradas como propriedade da União, e que o Incra move um processo para despejá-la. Os trabalhadores são condenados por destruir menos de um hectare de pés de laranjas, mas a Cutrale pode grilar terras, criar um cartel no setor do suco e, com isso, nos últimos dez anos, segundo o IBGE, levar à falência mais de 20 mil pequenos e médios citricultores, que foram obrigados a destruir mais de 200 mil hectares de laranja no estado de São Paulo!!!

Viomundo – O MST não receia perder o apoio de parte da sociedade em função das ocupações de terra?

João Pedro Stedile – É possível que determinados momentos setores da sociedade se deixem influenciar pela campanha sistemática da imprensa. Mas quando isso não tem base real e verdadeira, as pessoas se dão conta de que há manipulação. A mídia burguesa já fez muita campanha contra o Lula, mas a população continua dando apoio ao seu governo.

Na base social, entre os pobres, entre os trabalhadores, o MST continua tendo muito apoio. Eu diria até que o MST nunca teve tanto apoio entre os setores organizados e conscientes da nossa sociedade. Esses setores se deram conta que as elites não querem abrir mão da concentração da propriedade e, por isso, nos atacam com tanta veemência.

Se fosse pela vontade das elites, nós e os demais movimentos sociais já tinham desaparecido. Estão nos perseguindo no Congresso Nacional: em oito anos, criaram três CPIs contra o MST. Não há registros na história do Brasil de perseguição desse tipo contra nenhum movimento social ou partido político. No entanto, continuamos firmes, porque a causa da reforma agrária é justa e necessária para o país.

No fundo, todo mundo é a favor da reforma agrária e contra o latifúndio. Chegará o dia em que a verdade será maior do que a manipulação.

Viomundo – Mas o apoio da sociedade civil à reforma agrária é importante, concorda?

João Pedro Stedile – Com certeza. Infelizmente, vivemos um momento de refluxo do movimento de massas em geral. E isso diminui a força daqueles que defendem mudanças no campo e nas cidades.

Veja a dificuldade para aprovar a lei que reduz 44 para 40 horas a jornada de trabalho, já em vigor em todo o mundo industrializado. Veja a dificuldade para aprovar o projeto de lei que determina a desapropiaçao de fazendas com trabalho escravo. Veja a greve dos professores do Estado de São Paulo.

A sociedade não fez ainda ações concretas para apoiar demandas tão justas. As organizações populares e progressistas não têm tido força para fazer as mudanças. Pelas mãos do agronegócio, o Brasil se transformou no maior consumidor mundial de venenos agrícolas (são 720 milhões de litros por safra, que agridem o meio ambiente, destroem o solo, as águas e vão para seu estômago dentro dos alimentos) e a sociedade não reage! Mas isso é temporário. Outro ciclo virá com o reascenso dos movimentos de massas e de maior mobilização das forças populares. Aí, teremos as mudanças necessárias, como a reforma agrária. Não se pode pensar em reforma agrária separada das demais mudanças que a sociedade brasileira precisa.


Do blog Vi o mundo

terça-feira, 6 de abril de 2010

Dicionário de Politiquês

Linguagem para transformar o mundo

Vito Gianotti lança manual prático de linguagem para quem deseja se comunicar com muitas pessoas

Dicionário de Politiquês é o novo livro de Vito Giannotti, escritor e coordenador do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC). Escrita em parceria com Sérgio Domingues, a publicação é um manual prático de linguagem para ser usado todos os dias por quem deseja se comunicar com muitas pessoas. São cerca de 3500 verbetes incompreensíveis traduzidos para a língua dos “normais”, ou seja, para a grande maioria da população que não passou mais do que oito anos nos bancos escolares.

Vito Giannotti já escreveu outros livros sobre o tema. Essa preocupação vem do reconhecimento da importância da linguagem na disputa de hegemonia, ou seja, na disputa por uma nova visão de mundo, por novos valores, para que se chegue à organização da classe trabalhadora para a transformação. “Temos que convencer vários milhões de que é necessário mudar os rumos, participar, se mobilizar e tomar o poder das mãos dos nossos inimigos de classe. E como se convence? Comunicando. Em que língua? Na que todos entendem”, afirma o autor.

A necessidade de escrever esse livro vem da constatação de que muitas vezes a linguagem que os sindicalistas, os jornalistas sindicais e os militantes de esquerda falam se torna muito difícil para aquelas pessoas que eu costumo chamar de “normais”. Ou seja: a maioria.
Essa constatação é evidente, basta perguntar a quem está assistindo a uma palestra ou um debate. Provavelmente essa pessoa vai confessar que entende muito pouco do que está ouvindo. Isso também acontece com a escrita. Se alguém vai ler um texto e não conhece sete, oito ou dez palavras, acaba se distraindo e não consegue entender o sentido geral daquela mensagem. Isso eu descobri quando trabalhava como metalúrgico em São Paulo, durante uns vinte anos. Percebi que o discurso feito por nós, militantes de esquerda, revolucionários, era muito bom, muito bonito, tinha um conteúdo muito rico, mas tinha um pequeno problema: o público-alvo. Aqueles que queríamos convencer não conseguiam compreender nossa mensagem sobre a necessidade de mudança e a importância da luta.

E essa preocupação vem desde quando mais ou menos?
Desde a década de 1970 comecei a discutir esse assunto com outros companheiros que faziam comigo os boletins clandestinos, os jornais sindicais. Nós até inventamos a palavra operariês, que é exatamente o contrário do intelectualês. E percebemos que havia ainda outros ês: o juridiquês do advogado; o economês, típico dos economistas; o politiquês etc. Vimos então que era essencial se preocupar com a linguagem. A partir daí escrevi vários livros ao longo desses anos para tratar dessa questão. O primeiro deles foi O Que é o Jornalismo Operário (Brasiliense). Depois veio o Manual de Linguagem Sindical (NPC) escrito com Claudia Santiago e Sérgio Domingues, que foi um ensaio de dicionário. A argumentação de todos eles é a mesma: a necessidade de falar a língua que o pessoal entende. Aí vem uma velha questão, que é muita gente achar que estamos “rebaixando” a linguagem. Não se trata de rebaixar, mas sim de traduzir. É muito simples: eu falo casa com quem entende a língua portuguesa, mas não adianta falar casa com franceses. Com estes tenho que falar maison, se não a mensagem não será transmitida. Ou seja, você tem que saber muito bem duas línguas: a que você está falando, e aquela para a qual você quer traduzir. Isso não é rebaixar, é fazer entender. Por exemplo: como você vai usar a expressão “Calcanhar de Aquiles”? 95% da população nunca viu Aquiles, não sabe quem foi ele, o que isso significa. Você pode, então, substituir por “o nosso ponto fraco”, “nossa dificuldade”. Pode falar da maneira que quiser, mas não “Calcanhar de Aquiles”. Este só para doutores, ou quem conhece mitologia grega.

Você citou outros livros já escritos sobre essa questão – como o Muralhas da Linguagem, por exemplo. Qual seria a principal diferença desses anteriores para esse Dicionário?
O Muralhas da Linguagem é bem diferente. São cerca de 250 páginas de argumentação e de explicação do porquê dessa dificuldade de alguns de se entender uma linguagem mais elaborada. A ideia central do Muralhas é que a causa dessa diferença está no nível de escolaridade. O problema é que um engenheiro ficou nos bancos escolares durante 25 anos... A mesma coisa um médico, um psiquiatra, um dentista etc. E a imensa maioria dos trabalhadores do mundo, quantos anos estudaram? A média no Brasil é seis anos. Quem ficou seis anos não entende “calcanhar de Aquiles”, “irreversível”, “irreconciliável”. Então tem que traduzir! Quando você quer usar uma palavra que considera importante, pode introduzi-la, mas depois explica, traduz logo em seguida. Eu posso, por exemplo, dizer “na atual conjuntura, ou seja, na situação em que vivemos hoje...”. Assim eu uso um termo novo, e não estou impedindo a compreensão. Mas é preciso ter cuidado para não exagerar. Em um artigo de duas laudas, posso fazer isso uma ou duas vezes, no máximo, se não o nosso artigo se torna uma aula de português.

Voltando à questão da diferença entre os livros sobre linguagem. Podemos dizer que enquanto Muralhas da Linguagem discute a teoria, o Dicionário é um manual para o dia-a-dia de quem vai se comunicar?
Isso. O primeiro é uma conversa para mostrar a necessidade de se usar uma linguagem compreensível por todo mundo. Já o Dicionário de Politiquês é prático: após uma rápida introdução, entra uma lista de cerca de 3500 verbetes, relacionados a uma ou duas frases que dizem a mesma coisa de maneira clara. Então este dicionário não é para ensinar a usar as palavras difíceis, mas sim para o contrário: para aprender a traduzir. Se tem lá “irreversível”, não é para usar essa palavra, mas sim para usar outro termo ou expressão no lugar.

Para quem você indica o Dicionário de Politiquês?
Ele é para professores, jornalistas, sindicalistas, formadores, militantes políticos que vivem o tempo inteiro falando com muita gente. Ou seja: é para todo mundo que quer conversar com o povo. Para quem estudou mais de doze anos, ou então para quem já aprendeu a falar outra língua, quem tem uma certa vivência política e social e frequenta reuniões, debates, seminários, cursos, encontros, palestras... Essa pessoa também precisa de dicionário.

E como você foi recolhendo essas expressões, essas palavras?
Em cada curso que dou pelo Brasil afora escuto dezenas de palavras complicadas. Então cada vez que eu escutava um termo ou frase, anotava. E não foi só ouvindo não, foi também muitas vezes lendo artigos de jornais para metalúrgicos e até mesmo para professores de escolas públicas. Assim juntei essas 3500, mas teria muito mais. Quero chegar a 5000, e isso não é difícil.

Como você disse, essa preocupação com a linguagem já tem uns 40 anos. Você acha que a esquerda em geral, os movimentos sociais e os sindicatos não aprenderam a se comunicar?
Não é que nós da esquerda não aprendemos não. Na verdade nunca quisemos aprender, porque isso não interessa. Na visão geral da esquerda essa discussão de linguagem é besteira, porque o “importante é a política, é a mensagem, e o povo tem que entender”. Também acho que o povo tem que entender, mas quais são as condições que existem para essa compreensão? Bem, a culpa é nossa porque, primeiro, a nossa luta ainda não foi suficiente para que no Brasil haja uma maior escolaridade. Segundo: ainda não nos convencemos que esse problema da linguagem é real e é sério. Nos sindicatos, nos meios de esquerda, a atitude geral é a seguinte: o importante é o conteúdo, é a mensagem... Com isso se deixa de lado a forma, a preocupação com a língua que se fala. Não adianta transmitir uma mensagem maravilhosa se for em uma língua que ninguém entende. Por isso a importância de se traduzir.
É claro que temos que fazer crescer o nível de conhecimento, e para isso temos que lutar por escolas decentes, universais, que ensinem de verdade, que ensinem o significado de todos esses termos. Mas infelizmente não é isso que temos no Brasil hoje. Na última estatística mundial do PISA [Programa Internacional de Avaliação de Alunos], de 55 países o Brasil ficou em último lugar em interpretação de textos. Esse é o quadro do nosso ensino. Com ele o povo não vai entender expressões como, por exemplo, “uma luta fratricida”. Então, precisamos lutar pelo acesso de todos e todas a uma educação de qualidade. Mas esse não é o papel dos nossos boletins, dos jornais, dos discursos... Nestes devemos usar as palavras que todos sabem.

E você acha que, por outro lado, a burguesia se preocupa mais com a linguagem?
A direita não tem muito problema para transmitir sua mensagem. A sua preocupação em manter a hegemonia é primeiramente na força. Eles têm a polícia para fazer obedecer, o exército para impor sua vontade, o judiciário para impor as leis da classe hegemônica... Mas às vezes a coerção não é suficiente, e então vem a preocupação com o convencimento, com a comunicação. E eles se preocupam mais do que nós com a comunicação. Basta prestar atenção no Jornal Nacional, analisar as palavras usadas e o tamanho das frases. Muito dificilmente você encontra uma com mais de 20 palavras. E essa é outra norma da linguagem. Além de não usar palavras complicadas, as frases têm que ser curtas. Alguns estudos já provaram que uma frase longa é chata, deixa de ser interessante, não desperta atenção, e a pessoa se distrai facilmente. A direita sabe disso, e aplica quando quer convencer. Nós de esquerda, que queremos fazer uma luta contra-hegemônica, temos uma obsessão “politicista”, ou seja, o importante é a política, e o resto é secundário. O conteúdo é importante sim, mas se não for comunicado para as chamadas “massas” acaba ficando restrito a um pequeno grupo de “entendidos”.

Então a linguagem está diretamente ligada à disputa de hegemonia?
Claro. Disputar a hegemonia significa, primeiro, disputar a visão de mundo, os valores, e levar a novas atitudes para se contrapor à atual forma de organização do mundo. Ou seja: mudar. Nessa nossa batalha contra-hegemônica, nós precisamos de duas coisas, como dizia Gramsci: precisamos ter convencimento da classe com a qual nós queremos fazer a transformação. E também precisamos de força, como a organização em partidos, em centrais, em sindicatos, em governos. Mas, para isso, temos que convencer vários milhões de que é necessário mudar os rumos do mundo, participar, se mobilizar e tomar o poder das mãos dos nossos inimigos de classe. E como se convence? Comunicando. Em que língua? Na que todos entendem.

*Por Sheila Jacob

(Originalmente publicado na página do Núcleo Piratininga de Comunicação

quinta-feira, 1 de abril de 2010

BBB = Um imenso comercial sem intervalos em meio a tempestades hormonais

“BBB” é melhor forma de merchandising da televisão

Programa, que deu ao vencedor R$ 1,5 milhão, atrai todos os nichos mercado; audiência do reality show aumenta com o uso redes sociais e blogs na internet

“Minhas derrotas eu perco pra ganhar”, a frase “nonsense” do lutador pitboy Marcelo Dourado, vencedor do “Big Brother 10″, resume o vazio de “sentido” de mais uma edição do “zoológico humano” que teve 154 milhões de votos na sua final. Um recorde de participação mundial entre os reality shows do mundo que deve parte de seu sucesso no Brasil a entrada pesada dos usuários das redes sociais e ferramentas de postagem on-line como Twitter, Facebook, Orkut e blogs.

O que parecia ser um fenômeno limitado à TV aberta foi ressignificado com uma sobrevida on-line, na qual mesmo quem não assiste ao programa ouve falar dele e se posiciona sobre os “desacontecimentos” do laboratório televisivo.

Essa ideia da “torcida” que a televisão não pode materializar. Quem são esses 60% de votantes em Marcelo Dourado? Tornam-se frases, “flames” e disputas na internet. Como no Twitter da @mafiadourada que repercute a homofobia do vencedor: “o grande problema desse BBB10 foi juntar gays a seres humanos”. Mas a internet também introduz elementos críticos, de desconstrução dos discursos e comportamentos clichês, além das suspeitas de manipulação das votações levantadas pelos internautas.

Mais importante do que o que é dito pelos participantes da casa (onde está Jean, o homosexual que ganhou uma das edições? Que mudanças ele trouxe para a causa gay?) é esse componente “viral” do programa. Durante três meses, ou pelo menos nas últimas semanas, o BBB abduz e mobiliza um contingente de telespectadores/consumidores que migra de atração em atração, paredão a paredão, num comportamento randômico, mas previsível.

Daí a necessidade de “empacotar”, “glamourizar” esse cotidiano amesquinhado em “atrações” ultraeditadas e editorializadas: clipes de bundas malhadas, corpos ensaboados, músculos, festas a fantasia e figurinos escolhidos, choros copiosos, gritos, sussurros, orgias plastificadas, no meio do que realmente importa: merchandising e comercial sem fim. Não são os BBBs que valorizam as marcas, mas as marcas que dão subjetividade e singularidade aos participantes do BBB!!!

É o telespectador-produtor de audiência, a mobilização da vida que dá “alma”, com suas participações, ao vazio das atrações e virais. Afinal, logo os brothers serão esquecidos. Ou ganharão sobrevida em pontas de novelas, festas de “presença”, programas de fofocas e comerciais do varejo. Muito mais impressionante do que as opiniões polêmicas ou risíveis dos habitantes da casa, com suas subjetividades “prêt-à-porter” -o homofóbico, a “frágil guerreira”, o macho “alfa”, a lésbica, a drag queen, o gay-, é esse democratismo frouxo, United Colors of Benetton, de uma “diversidade” não problemática- um arco-íris de vendas potenciais para todos os “nichos” de mercado.

O dispositivo televisivo descobriu a melhor forma de venda. Em vez de teledramaturgia com intervalos comerciais, um mega comercial de carro, computador, televisor, refrigerante, protetor solar, creme de cabelo, detergente, tira-mancha, cartão de crédito, moto, celular, no meio de uma tempestade hormonal/emocional.

A telenovela do real não vale um milhão e meio para o vencedor, vale um passe-celebridade provisório para que alguns possam acumular capital social antes de desaparecer no limbo televisivo, substituídos pelo próximo “viral”. Vale milhões em ligações telefônicas, merchandising, publicidade, audiência para a emissora. Vale zilhões de subjetividades potenciais capturáveis para dar sentido, encanto, fetiche aos brothers despotencializados e “agregar valor”, “vida” às mercadorias.

IVANA BENTES é professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ e diretora da ECO-UFRJ

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