quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A função social do puxa-saco


Tragédias políticas

"Cílios" são pelos posicionados nas margens das pálpebras, protegendo a delicada superfície do globo ocular e, sem eles, o processo da visão como é conhecido seria impossível. "Matas ciliares" são agrupamentos florestais em margens de rios, em estratégica posição de proteção e, em muitos casos, salvaguardando para que o fluxo de cheias não destrua propriedades e vidas. Também protetoras, as florestas situadas em topos e encostas de morros formam "guarda-chuvas" com suas copadas, ajudando a prevenir encharcamentos do solo, e as tramas organizadas pelas suas raízes elaboram a união e sustentação terrestre.
            No dia 11/01/11, ao mesmo tempo em que Aldo Rebelo argumentava favoravelmente à destruição desta organização florestal e pela desestruturação do Código Florestal Brasileiro (CFB) na Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (FETAG-RS), já caíam os primeiros pingos de uma chuva torrencial sobre a região serrana do Rio de Janeiro. Gradativamente desmatada pela ação do homem e, como previsível sucedâneo, rios saíram dos seus leitos e encostas lamacentas ruíram em incontida força, destruindo o que a potência da gravidade lhes energizava.
            Longe dali, seco e seguro, Aldo ainda discorria favoravelmente ao desmatamento e à anistia financeira de desmatadores, ávido em passar a motosserra do agronegócio no CFB. Entre outras irresponsabilidades, seu relatório libera para uso topos e encostas de morros (fato que levou a vários desabamentos e mortes naquela região), intensa retirada de matas ciliares e - um escárnio - a naturalização da jaca. Argumenta que o fruto veio da Índia há muito tempo e quer que a sua "lei" se sobreponha às da natureza.
            No RJ a população mais pobre (sempre eles) era vitimada por tsunamis de lama impulsionados pela arrogância, omissão e ganância de políticos. Não obstante, gestores públicos entrevistados diziam o que sempre dizem: já tinham um plano de recuperação da região, verbas seriam liberadas num futuro próximo e a culpa era da chuva.
            Segundo sua prestação de contas, sabe-se que o reeleito Aldo desfrutou de milionária campanha à deputação federal (2010) - R$ 2.177.724.19 - de onde aproximadamente R$ 627.000.00 vieram de empresas do agronegócio, bancos, construtoras e metalúrgicas. O palestrante, astuto, falseava similitudes da abandonada agricultura familiar com os dos grandes negociantes rurais; truculento, impunha interesses de seus ricos financiadores sobre os coletivos: fingido, desejava o bem do País e de todos - desde que, claro, lhe auferissem benesses políticas.
               Entretanto, Aldo não ataca o CFB sozinho. Entre outros exemplos nacionais temos, no RS, Luiz Carlos Heinze (PP-RS), em cujo "site", ele "alerta sobre necessidade de mobilização para aprovar mudanças no código florestal ". Recebeu, inclusive, o prêmio Responsabilidade Ambiental em 2010 de um tal "instituto ambiental borboleta azul". Neste caso o logro é o seguinte; os mesmos que financiam o "instituto", financiaram Heinze na campanha de 2006 - Votorantin R$ 19.217.16; Aracruz R$ 10.000.00 e Stora Enso R$ 15.770.16 (a campanha de 2010 custou R$ 1.557.728,41). Um premia o outro, o outro premia o um, a troca de prêmios vai para o currículo e dá-lhe festa.
               Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal, Matas ciliares são locais nevrálgicos para a preservação da natureza, mas muito mais - e em maior expressão - para a proteção de pessoas. A catástrofe do Rio - assim como foi a de Santa Catarina há algum tempo atrás, e já esquecida - corroboram este fato inequivocamente.
            Os parlamentares não são os responsáveis pelo temporal no RJ, entretanto suas ações pela supressão de árvores agigantaram a tragédia e, a atuação destes políticos além de levarem preocupações aos lares, levam os próprios lares correnteza abaixo!
            Nem os quase 700 mortos e as lágrimas dos milhares vitimados arrefecem o saracoteio "dos Aldo e Heinze" pela destruição de florestas e, fiquemos atentos, pois votarão o novo Código imediatamente. Concomitante ao desaparecimento de famílias inteiras e a sofrimentos inenarráveis dos que ficam, o grupo só contabiliza os lucros políticos oriundos de suas ações. Na lógica de suas deputações, legislam estritamente no sentido da privada. Este é o mundo que constroem/destroem e, pelo bem de todos, não deveríamos reeleger tais políticos! 
  Por: Prof Althen Texeira Filho, da UFPEL

domingo, 23 de janeiro de 2011

O que virá ainda será o mesmo do que se foi

A posse da nova gerente do Estado brasileiro para dar prosseguimento à administração PT/FMI não promete novidades. Passadas as eleições, vão caindo pouco a pouco os mitos difundidos pelos marqueteiros que venderam a candidata ao eleitorado.
 Tal como Luiz Inácio em 2003, ela inicia seu gerenciamento fazendo juras de amor eterno ao capital financeiro e dando patentes demonstrações de seu amor através de medidas concretas para reduzir os "gastos públicos", contingenciando o orçamento e tomando medidas para frear a inflação e assim garantir a continuação da farra dos especuladores em nosso país. Também inicia seu gerenciamento com uma visita à matriz do império onde receberá as devidas recomendações de Barack Obama.

Os penduricalhos da faixa presidencial

Dilma Roussef recebe de Luiz Inácio a faixa presidencial, ou gerencial, para ficar mais claras suas funções, com a série de penduricalhos, como a dívida pública na casa de R$ 1,8 trilhão, a inflação em alta, o déficit nas transações correntes, a desindustrialização em marcha acelerada, as obras do PAC inacabadas, entre outras. A "marolinha" prometida por Luiz Inácio se transformou pouco a pouco no tsunami em que os efeitos da crise geral do capitalismo chegaram ao Brasil. Como o AND tem afirmado, desde o início da crise no USA em 2007/8, as colônias e as semicolônias é que serão chamadas a pagar a conta da crise do imperialismo, como de fato o Brasil já começou a pagar, transferindo bilhões de dólares sob as mais diversas rubricas, tais como remessa de lucros das montadoras, potencializadas pelo alongamento dos prazos do crediário e da renúncia fiscal, as maiores taxas de juro do mundo oferecidas aos especuladores, os portos escancarados às importações, além de pagar para manter suas reservas em dólar nos cofres ianques.

As falsas promessas de campanha começam a sucumbir diante de desculpas ancoradas na "governabilidade responsável". Assim, o ministro Mantega diz ser impossível pagar um salário mínimo de mais de R$ 540,00 e que sua fórmula para diminuir a inflação é excluir de seu cálculo as variações nos preços dos combustíveis e dos alimentos. O Sr Gabrielli, presidente da Petrobras, diz que a exploração do pré-sal deve ser a médio prazo, pois a indústria nacional e até mundial não dispõem de equipamentos suficientes para a demanda do pré-sal. O eleitoreiro PAC2 também ficará para quando "deus der bom tempo". Enquanto isso, as legiões de miseráveis, promovidas ou não, pela propaganda mistificadora, à classe C ou D, clamam por comida, moradia, educação, saúde, enfim, clamam pela vida que lhes foi prometida na campanha eleitoral.

Toma que o Sarney é nosso

Desde quando a mutreta do mensalão veio a baixo, a construção da base aliada de sustentação à administração PT/FMI teve que se dar a partir da incorporação dos picaretas de todos os matizes à maquina administrativa. O gerenciamento do oportunismo teve que assumir compromissos eleitoreiros com esta mesma apodrecida escória que agora cobra a fatura.
Temer, Sarney e as velhas raposas do parlamento não deixam por menos os seus serviços em prol da governabilidade e emplacam no ministério suas múmias como Moreira Franco, Garibaldi Alves, Edison Lobão, Pedro Novais, todos prontos a acobertarem as negociatas da velha e carcomida oligarquia.
Para evitar qualquer surpresa, o velho e corrupto PMDB saltou à frente e construiu uma coligação com a escumalha de partidos da podre base aliada, conformando um bloco capaz de dar as cartas no congresso e, na prática, direcionar as ações do gerenciamento na base do toma lá da cá.
Se algum petista tinha a ilusão de que o gerenciamento de Luiz Inácio seria a transição para um efetivo gerenciamento petista, pode tirar o cavalo da chuva, pois o gerenciamento de Dilma Roussef, pelos compromissos assumidos com o imperialismo, com a grande burguesia e com o latifúndio de velho e novo tipo não produzirá nada mais do que mais do mesmo que foi o gerenciamento de Luiz Inácio que, por sinal, promete não desencarnar. O programa aprovado no ultimo congresso do PT continuará como peça demagógica a engabelar os ingênuos e noviços da política.

Tudo para servir ao capitalismo burocrático

A falsa contradição entre estatismo e mercado, ensaiado no discurso petista, na verdade, só encobre seus compromissos de dar continuidade ao desenvolvimento do capitalismo burocrático em nosso país. Tentam, pois, encobrir o caráter de classe do velho e apodrecido Estado brasileiro, no fundo dominado pelas mesmas forças que dominam o mercado, ou seja, a grande burguesia e o latifúndio, serviçais do imperialismo.
Bastante representativo deste falso dilema é a polêmica desenvolvida através das páginas do jornal Folha de São Paulo entre o cineasta Luis Carlos Barreto e o maestro John Neschling a respeito da política cultural do próximo gerenciamento petista.
O trecho a seguir é de autoria do maestro, que defende a permanência de Juca Ferreira à frente do Ministério da Cultura:
"Barreto é o tipo de produtor artístico que Berlusconi tem como ideal para o século 21, aquele que recebe as benesses do Estado, mas o isenta da enfadonha responsabilidade de pensar a cultura e apresentar democraticamente propostas definidas de política cultural.
Evidentemente que, com esse perfil, Barreto jamais apoiará um ministro como Juca Ferreira. Ferreira representa um tipo de político que encara o Estado como um pensador e enunciador de política cultural, com projetos definidos, e que chama para si a responsabilidade de viabilizar aquilo que o mercado jamais terá interesse em realizar."
O equívoco do maestro é pensar que o Estado no capitalismo pode estar livre do mercado. Assim, caro maestro, um "Estado como um pensador e enunciador de política cultural, com projetos definidos, e que chama para si a responsabilidade de viabilizar aquilo que o mercado jamais terá interesse em realizar" só será possível após uma revolução de nova democracia ininterrupta ao socialismo. Bom, mas isto escapa ao campo de interesse do oportunismo, sendo tarefa das massas que se organizam de forma cada vez mais consciente e independente de toda a corporativização produzida pelo gerenciamento PT/FMI, e que mais cedo do que se pensa construirão a vanguarda capaz de dirigi-la neste glorioso processo.

Por: Fausto Arruda  AND

sábado, 22 de janeiro de 2011

Alimento não saudável predomina na televisão

Na Faculdade de Saúde Pública da USP, uma pesquisa mostra que peças publicitárias de alimentos na televisão induziram diversas crianças a acreditar que esses produtos eram bons e saudáveis. O estudo também acompanhou os anúncios exibidos e aponta que nenhum deles mostra alimentos saudáveis.

O nutricionista Alexander Marcellus, que realizou o trabalho, defende que o Congresso Nacional regulamente a publicidade de alimentos para crianças, que não possui lei ampla sobre esse assunto no Brasil.

Participaram do trabalho 15 crianças de 10 a 12 anos e 15 mães, entrevistados para avaliar a maneira como percebem a publicidade de produtos alimentícios na televisão. Também foi analisada a programação dos dois canais de maior audiência para o público infantil, de segunda à sexta-feira.

– Entre as crianças pesquisadas, 26% viam mais de 3 horas de televisão durante a semana, e 40% assistiam 6 horas ou mais no final de semana –, conta Alexander.

O tipo de alimento mais veiculado foi o fast-food, também apontado como o preferido pelas crianças, ao lado dos refrigerantes e dos produtos lácteos.

– Elas possuem uma memória voltada para aquilo que aparece na televisão –, diz o nutricionista.

– Embora já diferenciem a propaganda do restante da programação, sentem vontade de consumir os produtos e pedem aos pais para comprar.

Nenhum dos alimentos anunciados no período acompanhado pela pesquisa é considerado saudável, aponta Alexander.
– A publicidade transmite uma ideia errada sobre a qualidade nutricional, ludibriando crianças que alimentos ricos em açúcar ou gorduras são saudáveis, por exemplo –, afirma.

O pesquisador relata que em alguns casos, apesar da veiculação de informações verdadeiras, não há honestidade nos anúncios, o que fere a ética publicitária.

– Mostra-se que um suco de frutas não tem conservantes, mas é omitida a presença de outros aditivos que podem ser prejudiciais à saúde.

As mães entrevistadas na pesquisa não souberam identificar os publicitários como responsáveis pelos anúncios de alimentos.

– Entretanto, 40% não concordam que a publicidade tenha que ter apelo à criança – , observa Alexander.

– É importante resssaltar que os pais não apenas estão entre os responsáveis pelos hábitos alimentares dos filhos como também servem de influência, por isso, precisam de orientação.

Alexander alerta que o Brasil é um dos poucos países do mundo que não possuem regulamentação séria sobre a publicidade de alimentos e bebidas para crianças até 12 anos.

– A lei deve vir em respeito à fase de formação da criança, que está compreendendo o mundo em sua volta para se comportar como consumidor – destaca.

A publicidade institucional do governo federal é outro caminho apontado pelo nutricionista para incentivar o consumo de alimentos saudáveis.

– Anualmente são gastos R$ 6 bilhões em publicidade, sendo que com apenas 1% desse valor seria possível colocar seis inserções semanais na televisão de anúncios mostrando os benefícios de alimentos como frutas, verduras e legumes –, calcula Alexander.

– O governo tem a obrigação não só de educar como de cuidar da saúde das crianças.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

SEMINÁRIO CRISE E DEMOCRACIA NO BRASIL



PALESTRANTE - PROFª. VIRGÍNIA FONTES (ICHF-HISTÓRIA)

domingo, 16 de janeiro de 2011

Balanço da Reforma Agrária 2010

2010, que encerra a chamada Era Lula, foi o pior ano para a Reforma Agrária brasileira nos últimos 08 anos. A realidade é que a promessa do Presidente Lula de fazer a Reforma Agrária com uma canetada não foi cumprida.
A situação dos camponeses e trabalhadores rurais é bastante grave! O campo exige mudanças a favor da cidadania, do desenvolvimento sustentável, contra a concentração de terra e contra o fortalecimento do já poderoso agronegócio brasileiro!
Em 2010, houve uma redução das famílias assentadas em 44% com relação ao ano anterior, o qual já foi bastante insuficiente diante das promessas e dos deveres de um governo de fazer a Reforma Agrária e, sobretudo, diante das necessidades das famílias camponesas.
Também ocorreu neste ano uma drástica redução de 72% no número de hectares destinados à Reforma Agrária, conforme os números divulgados pelo próprio Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Não é exagero afirmar que em 2010 houve uma intensa estagnação no processo de Reforma Agrária em todo o País.
De fato, o orçamento do Incra foi reduzido em quase a metade em relação ao ano passado. Esse profundo corte dos recursos confirma que a Reforma Agrária não foi uma prioridade para o Governo Federal. O quadro se agravou ainda mais porque, além do corte, o orçamento destinado para a Reforma Agrária neste ano se encerrou no mês de junho e o Governo nada fez para evitar que o Congresso Nacional vetasse a suplementação orçamentária. O dinheiro que já era pouco, faltou por quase um semestre.
A Reforma Agrária, como um conjunto de medidas estratégicas para enfrentar a concentração da propriedade da terra e para promover um desenvolvimento sustentável e igualitário no campo,  transformou-se em um precário programa de assentamentos, em nível bastante aquém das próprias promessas do II Plano Nacional de Reforma Agrária.
É lamentável que o Governo Lula, nestes oito anos, tenha relegado esta pauta à periferia das políticas públicas e tenha consumado uma surpreendente opção preferencial pelo agronegócio e pelo latifúndio.
A histórica disputa no Brasil entre dois projetos para o campo brasileiro está sendo desequilibrada em favor dos poderosos de sempre. De um lado, se favorece com recursos públicos abundantes o agronegócio agroexportador e destruidor do planeta. De outro lado, praticamente se relega a um plano inferior a agricultura familiar e camponesa que é responsável pela produção dos alimentos, do abastecimento do mercado interno e pelo emprego de mais de 85% da mão-de-obra do campo, segundo o último Censo agropecuário de 2006.
Com a expansão do setor sulcroalcooleiro e maior investimento governamental para a produção de etanol, os números de trabalhadores encontrados em situação de escravidão subiram significativamente. Na era FHC, cerca de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras foram libertados do trabalho escravo no campo. Na Era Lula esse número sobe drasticamente para 32 mil. Atribuímos este aumento a uma maior atuação do Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, pressionados por uma maior mobilização social em torno do tema, criações de Campanhas, denúncias nacionais e internacionais (OIT), visibilidade na imprensa, a criação da lista suja, além de outros mecanismos jurídicos como a alteração da definição penal do crime de Trabalho Escravo (TE), no art. 149.
No caso dos territórios quilombolas a situação é a mesma. Com efeito, não houve vontade política em demarcar os territórios quilombolas, além de o Incra não dispor de pessoal capacitado e de estrutura para promover o procedimento de titulação e de elaboração de relatórios técnicos, mantendo-se inerte diante dessa dívida histórica com o povo dos quilombos, remanescente ainda sofrido da odiosa escravidão.
Como resultado disso, são insignificantes os dados divulgados pelo Instituto, que revelam que o Governo Lula chega ao seu último ano emitindo apenas 11  títulos às comunidades quilombolas. Número bastante irrisório diante da demanda de mais de 3.000 comunidades em 24 estados brasileiros.
Também nessa questão, o agronegócio tem exercido pressões contrárias à titulação das terras e, infelizmente, o Governo tem sido mais sensível a essas pressões e interesses do que ao seu dever maior de fazer justiça às comunidades quilombolas. Setores políticos ligados ao agronegócio articularam uma instrução normativa que não mais respeita o direito de autoidentificação, conforme preconiza a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Decreto 4887/03.
A postura do Governo Federal foi ainda mais lamentável quando a Casa Civil passou a reter todos os processos de regularização territorial dessas comunidades, embora o Supremo Tribunal Federal tenha negado o pedido liminar do DEM na ADIN que pretende julgar inconstitucional o decreto que regulamenta a matéria.
Na Reforma Agrária, como nos remanescentes dos quilombos, lamentavelmente, o governo Lula manteve o passivo de conflitos de terra recebido do Governo anterior. A atual política econômica é uma aliada das empresas transnacionais, mineradoras e do agronegócio e, assim, penaliza cada vez mais a agricultura familiar e camponesa.
Embora as ocupações de terra tenham diminuído em alguns Estados nos últimos anos, em especial em 2010, o número de famílias envolvidas na luta pela terra na Era Lula, não é tão distante do da Era FHC (570 mil famílias, 3.880 ocupações). Os dados do governo Lula, relativos aos dois mandatos, ainda não foram fechados, mas estimativas indicam a participação de cerca de 480 mil famílias em 3.621 ocupações de Terra ao longo desse período (dados do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Projetos de Reforma Agrária - NERA).
No Sertão Nordestino também são visíveis os efeitos perversos desse abandono de prioridade das políticas públicas. Tem se intensificado o crescimento do agronegócio e da mineração, com o decisivo apoio dos Governos Federal e Estaduais, através de ações e de recursos públicos. É o que vem ocorrendo na região do Vale do Açu e na Chapada do Apodi, no Rio Grande do Norte, no alto sertão paraibano e no sertão pernambucano.
Todos são projetos de mineração, de fruticultura irrigada, com uso intensivo de agrotóxicos, com a degradação do meio ambiente e, sobretudo, com a irrigação custeada por recursos públicos para atender prioritariamente às grandes empresas e não aos pequenos produtores.
Em todos esses grandes Projetos, os resultados imediatos na geração de empregos e de investimentos mascaram um futuro nada sustentável, com a geração de danos à saúde das pessoas e ao meio ambiente, bem como com a intensificação da concentração de renda e de terras, com graves impactos nas populações tradicionais.
Com esses moldes e parâmetros, o projeto de transposição das águas do Rio São Francisco, que o governo tanto divulga e festeja, é mais um Projeto que só vai beneficiar o agro-hidronegócio e que trará impactos negativos para as comunidades tradicionais, como os indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Na região de Curumataú e Seridó paraibano, a exploração das atividades de mineração só fez aumentar a grilagem de terras e a expulsão das famílias que há décadas moram e plantam na área.
Na Zona da Mata pernambucana, o Governo Federal não questionou o domínio territorial do decadente agronegócio canavieiro. Nem a tragédia ambiental, com a inundação de dezenas de cidades em Alagoas e Pernambuco, em decorrência da devastação provocada pela cana de açúcar, sensibilizou os Governos Federal e Estadual.
Embora o IBAMA tenha ajuizado ações civis públicas para obrigar as Usinas de Açúcar e Álcool de Pernambuco a repor os seus passivos ambientais, a forte pressão do setor e o apoio do Ministério Público Federal, fez com que houvesse uma trégua da Justiça para com essas Empresas seculares, enquanto a população mais pobre perdia tudo que tinha na devastadora enchente de 2010.
Diante desses fatos, a reconstrução das cidades está se dando em áreas desapropriadas das Usinas, sem que qualquer medida preventiva ou estrutural de recomposição da Mata Atlântica destruída tenha sido tomada.
No que se refere à aquisição de terras por estrangeiros, o Governo Federal perdeu o controle que existiu de 1971 até 1994 e deu continuidade à política de FHC, com a permissão de compras de extensas áreas de terras por empresas estrangeiras ou brasileiras controladas por estrangeiros.
Apenas em 2010, a Advocacia Geral da União reviu seu parecer e passou a entender que a venda de terras brasileiras a estrangeiros ou empresas brasileiras controladas por estrangeiros, estaria limitada ao máximo em cinco mil hectares, cuja soma das áreas rurais controladas por esses grupos não poderia ultrapassar 25% da superfície do município.
A decisão veio tardia e foi ineficaz, além de consolidar todas as aquisições anteriormente realizadas, configurando-se uma medida de extrema gravidade e atentatória à soberania nacional, ao manter sob domínio estrangeiro áreas próximas às fronteiras e na região amazônica.
Assim, no governo Lula, pouco há a comemorar em favor da agricultura camponesa. Mas temos o dever de registrar essas exceções para estimular a sua multiplicação. Por exemplo, o Programa Nacional da Agricultura Familiar (PRONAF) e o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) foram transformados em políticas públicas permanentes, através de  decretos assinados por Lula.
Um outro fato positivo foi a reestruturação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que praticamente não existia e que virou um instrumento importante para a comercialização da agricultura familiar e camponesa.
Também é merecedor de reconhecimento que o Governo Federal tenha deixado de ser um agente ativo na criminalização de trabalhadores sem-terras, de suas lideranças e de seus movimentos. O que dificultou os esforços do agronegócio junto à Justiça, um poder que pouco tem melhorado nesses anos, no trato das questões agrárias e no reconhecimento dos direitos de cidadãos humildes e explorados.
Diante da existência dessas poucas ações importantes e positivas, em contraste com a abundância do mau desempenho do Governo Lula na Reforma Agrária, o próximo governo tem que ter um posicionamento firme, com ações concretas, nas  questões estratégicas da Reforma Agrária, a exemplo de (1) assumir efetivamente a vontade política de realizar a reforma agrária e de defender a agricultura familiar e camponesa; (2) ter um orçamento compatível e do tamanho das demandas, da dignidade e dos direitos do povo do campo; (3) propor um modelo que priorize a soberania alimentar baseado na produção camponesa; (4) Limitar o tamanho da propriedade da terra; (5) assegurar a aprovação do Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 438/2001 PEC,  que prevê o confisco de terras de escravagistas; (6) garantir a demarcação das terras indígenas e Quilombolas; (7) promover a aferição da função social da terra pelos vários pontos fixados pela Constituição Federal; (8) atualizar, enfim, os índices de produtividade.
No Brasil, não poderá haver desenvolvimento alternativo, democrático e sustentável sem uma reforma agrária intensa e extensa. Atualmente, todo o Mundo se volta para as questões do meio ambiente e à necessidade de salvar o planeta. A reforma agrária e a agricultura familiar e camponesa são partes essenciais desse esforço inadiável para se alcançar a sustentabilidade desejada na agricultura, na produção de alimentos e nos modelos produtivos. Igualmente nessa parte, o Governo Lula beneficiou o latifúndio no debate, na formatação e na tramitação do projeto do novo Código Florestal.
O período que agora se encerra com o final do segundo mandato do Presidente Lula, produziu resultados evidentes na formação de Consumidores, mas não na formação de Cidadãos. Os desafios são imensos para que a migração que ocorreu entre as classes sociais não seja meramente provisória. Na verdade, o fato positivo de poder consumir é apenas uma parte da cidadania, a qual somente se estabiliza com o acesso ao conhecimento, à educação, à terra, às condições de nela produzir, dentre outros atributos que o Governo Lula não soube, nem quis assegurar ao povo do campo.
Assim, diante das demandas da reforma agrária e da agricultura familiar e camponesa, é imensa a missão da Presidenta da República recentemente eleita. Com o apoio da maioria do Congresso Nacional, a futura Presidenta efetivamente terá, nesses campos estratégicos, a missão de fazer a Reforma Agrária que nunca foi feita no Brasil.

Da Comissão Pastoral da Terra

O Valor do Salário Mínimo

 
                                      " pois o operário é digno do seu  salário"
                                                                             ( Lc 10,7)
  O ano inicia com um novo governo federal e com o reajuste do salário mínimo que poderá ser reajustado de R$510 para R$ 540,00,que representaria um aumento de 5,88%.
  Enquanto que a proposta das centrais sindicais é que o salário mínimo seja elevado para R$ 580,a correção da Tabela do Imposto de Renda ( IR) e o aumento das aposentadorias.
  Proposta de reajuste que devera ir à negociações no Palácio do Planalto bem como no Congresso nacional,onde vamos ver os parlamentares,os mesmos que votaram para sim reajuste de 61,83%,discutindo se o valor do mínimo deve ser dado ou não.
  Durante a recente campanha presidencial os partidos e candidatos falavam em aumentar o valor do mínimo,a oposição de direita demotucana, demagogicamente em R$ 600 e que o governo tinha de onde tirar este valor.
  Agora passados a campanha eleitoral vamos ver se os nobres parlamentares ( para lamentares),que elevaram o seu ordenado de R$ 16.512,00 para R$ 26.723.13,um reajuste de 61,83%.
   Os comentarios serão de rombo nos cofres públicos e privados,de que o governo tem que cortar gastos,o aumento dos salários podem desencadear a inflação,os empregadores não podem pagar e que vai aumentar o desemprego,além do surrado discurso da crise economica mundial, que estara batendo a porta do Brasil.
  Eis que o novo piso é insuficiente para compensar as perdas geradas pela inflação.Para que isso ocorra,o novo valor deveria ser de R$ 560.
  Segundo dados cerca de 47 milhões de pessoas tem o seu rendimento com base no salário minimo.O atual valor injetara R4 18 bilhões na economia.E o governo terá uma arrecadação adicional de quase R$9 bilhões.
   Para que o salário mínimo possa atender as necessidades básicas de uma familia como exige a Constituição Federal ( art 7, IV), de que o " salário mínimo fixado em lei,nacionalmente unificado,capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e às de sua familia com moradia,alimentação,educação,saúde,lazer,vestuário,higiene,transporte e previdência social,com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo".
  Para que seja atendida,as necessidades básicas de uma familia o valor do mínimo deveria estar em torno de R$2,132,00 .Valor este em que a classe patronal e os parlamentares não aceitarão pagar aos trabalhadores.
  Pois a proposta do salário mínimo como a que está tramitando no Planalto e no parlamento é um salário miséria,como aquele proposto pela oposição de direita na última campanha presidencial.
  Eis que a classe trabalhadora deve cobrar de fato do governo, parlamento e da classe patronal, o real valor do salário mìnimo,como aponta o valor do DIEESE,e que  atende de fato como propõe a constituição de 1988.
  Qual é a central sindical, que vai levantar está bandeira do aumento real do salário mìnimo?
  O trabalhador brasileiro é o que mais trabalha e o que recebe um dos salários mais baixos do mundo e do continente.Sendo entre 49 paìses o 16º menor salário junto da India, China,México, Rússia, Polônia  em que o salário mínimo,na Polonia como no Brasil é de U$ 5,92 e US$ 5,95.
  Os parlamentares que aprovaram os 61%  para o seu salário que abocanhou 240 milhões do orçamento público?, vão aprovar o reajuste de 13% do salário mínimo?, ou como sempre vão procurar mais uma desculpa para não aumentar o salário mínimo,como exige e reza a Constituição Federal.
  Ou o aumento do salárial, não pode para a classe trabalhadora,que com as forças de seus trabalho, geram as riquezas do país,queremos que o salário mínimo seja valorizado e respeitado.Queremos o aumento real do salário,assim como a redução da jornada de trabalho,para que mais pessoas possam trabalhar.

 Por: Júlio Lázaro Torma
Colaborador deste blog

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Alguns minutos apenas

 Nos últimos dias do mês de dezembro de 2010,no apagar das luzes do ano,da primeira década do século XXI,do governo Lula e de alguns mandatos parlamentares,nós brasileiros de todos os rincões fomos suprendidos pelo congresso nacional.
   O parlamento brasileiro,mais uma vez como é de seu feitio e peculiaridade,votou em regime de urgência o reajuste salarial dos nobres deputados.
  Onde 93% dos parlamentares alguns reeleitos e outros que estavam limpando as gavetas votaram sim para o reajuste do salário dos deputados,senadores,que irá onerar o orçamento público em quase R$ 240 milhões anualmente(cerca de 130 milhões nos cofres do congresso e 100 milhões nos cofres do executivo).
   Em tempo record,os parlamentares aprovaram em 61% os seus salários de forma de urgência e sem discutir a matéria.Isso mostra a incoerência de muitos de parlamentares de todas as matizes ideologicas da extrema direita a centro esquerda.Segundo os que votaram contra foram 35 deputados,os que votaram contra alguns por convicção e coerência e outros de forma debochada e oportunista.Os últimos por quererem se promover nas suas bases eleitorais.
   O fato do dia 15 de dezembro de 2010,nos convoca a refletir sobre a classe política e o parlamento brasileiro que temos.
   Porque que para votar assuntos de interesses particulares e pessoais dos parlamentares é sempre em regime de urgência?,assim como para salvar empresas e banqueiros fálidos o parlamento vota rápido e nem debate á matéria?
   Enquanto que temas de interesses urgentes da população,os parlamentares fazem uma novela,drama,cavalo de batalha e empurram com á barriga,para o povo esquecer e falam de que as suas bases não vão aceitar.
   Porque não se vota com urgência a redução da jornada de trabalho,a reforma agrária e urbana,o limite do tamanho da propriedade rural e urbana, reforma política,democratização da mídia,demarcação das terras indigenas e titularização das areas quilombolas,o aumento dos salários dos aposentados,pensionistas e dos trabalhadores na ativa,o fim do fator previdenciario,restatização das estatais...
  E o aumento do salário minimo,que mesmo aumentando para R$ 580, fazem um drama se aumentar o salário os empregadores vão demitir ou quebrar,o pais vai entrar em crise econômica,visto que o valor do salário minimo já deveria estar em torno de R$ 1500 ou R$2000.
  Eis que a política no Brasil é uma profissão,os parlamentares são os funcionários mais bem pagos.Se são os funcionários e representantes legitimos do povo,porque não votam com urgência os benefícios em defesa de seus eleitores?
  depois ficam com raiva quando um Tiririca se elege deputado federal com votação expressiva desbancando alguns nomes da política nacional.Se eles são os representantes do povo porque não escutam a voz rouca das ruas,do povo que os elegeu.
   Mas em vez do povo,eles preferem escutar a voz das transnacionais, banqueiros,agronegócio que os elegeu e votam,afavor dos interesses destas coorporações do que do povo,de seus eleitores.Como disse um político,votar em questões de interesse do povo não dá voto.
  Os parlamentares ou " para lamentar",eles feriram a democracia e o poder popular no momento e nas atitudes de legislar em causa própria,dos lobbys,que é uma atitude ditatorial que fere a democracia e o povo brasileiro.um minuto para si pode mas para o povo brasileiro não pode?, cadê a coerência,nobres deputados?



 Por: Júlio Lázaro Torma
Colaborador deste blog

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

1905: Domingo sangrento em São Petersburgo

             Lenin liderou a revolução comunista na Rússia                    

No dia 9 de janeiro de 1905, o czar Nicolau 2º recebeu uma petição em tom desesperado: “Estamos em situação miserável, somos oprimidos, sobrecarregados com excesso de trabalho, insultados, não nos reconhecem como seres humanos, somos tratados como escravos. Para nós, chegou aquele momento terrível em que a morte é melhor do que a continuidade do sofrimento insuportável”.
O país estava afundado numa enorme crise, as pessoas passavam fome, em todas as classes da sociedade havia insatisfação. Os nobres não queriam aceitar a industrialização da Rússia, por acreditar que isso os empobreceria. Os camponeses sentiam-se oprimidos e enganados: apesar da abolição do regime feudal em 1856, toda a terra continuava pertencendo exclusivamente aos nobres. E não havia perspectiva de mudança.
De sua parte, os intelectuais exigiam uma participação na vida política. O czar Nicolau 2º, absolutista, ainda podia administrar e agir no seu imenso reino como bem entendesse. Às vésperas da primeira revolução russa, o soberano ainda não tomava conhecimento dos problemas dos trabalhadores, da fome, da miséria e das arbitrariedades dos proprietários de fábricas.
Numa situação tão tensa, um fato insignificante transformou-se, de repente, numa catástrofe. Quatro operários da maior fábrica de São Petersburgo foram demitidos, narra Jutta Petersdorf, historiadora do Instituto da Europa Oriental na Universidade Livre de Berlim. “Eles foram demitidos porque exigiram a punição de um feitor que era injusto e tratava mal os operários.”
Início da revolta
Os quatro revoltosos estavam dispostos a lutar. O protesto foi apoiado pelos sindicatos fiéis ao regime, os chamados “sindicatos amarelos”, criados pelas autoridades estatais nas regiões industriais russas, no início do século, para canalizar e controlar a crescente insatisfação popular. Tais associações sindicais eram dirigidas e administradas pela polícia local. O sindicato de São Petersburgo, que contava 11 mil filiados em janeiro de 1905, tentou manter a paz social, procurando fazer com que o diretor da fábrica anulasse a demissão dos quatro operários. Em vão. O industrial permaneceu irredutível.
Em 2 de janeiro, foi realizada uma assembleia do sindicato. Discutiu-se de maneira extremamente emocional o que se podia fazer em tal situação. E surgiu então a conclamação à greve. Pouco a pouco, mas de maneira inexorável, a situação começava a fugir ao controle das autoridades estatais. Outras fábricas de São Petersburgo aderiram à greve. Foi nesse clima de revolta que se decidiu a realização da marcha de protesto do dia 9 de janeiro, que dirigiria uma petição ao czar, reivindicando uma melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Marcha de protesto
Na manhã gelada do domingo, 9 de janeiro, uma multidão de 100 mil pessoas dirigiu-se então para a residência do czar, o Palácio de Inverno de São Petersburgo. A residência estava protegida pelos militares, com o apoio da cavalaria dos cossacos. Mas a multidão era pacífica. Não eram os aspectos revolucionários que predominavam na marcha, mas sim os ícones de santos da Igreja Ortodoxa, os estandartes eclesiásticos, as ladainhas rezadas. Por onde passava o cortejo, nas ruas de São Petersburgo, as pessoas faziam o sinal da cruz, e muitas se juntavam a ele.
Quando a multidão aproximou-se do palácio, ouviram-se os primeiros disparos. Sobre o massacre que se seguiu, existem divergências de interpretação. Algumas fontes falam de um ato espontâneo e inconsequente. Jutta Petersdorf e muitos outros historiadores acreditam, porém, que o banho de sangue foi premeditado.
Duzentas pessoas foram assassinadas e cerca de 800 ficaram gravemente feridas. A sangrenta repressão da marcha de protesto diante do palácio do czar em São Petersburgo foi o ponto de partida para as rebeliões que se seguiram. Poucos dias mais tarde, a população de Varsóvia – na época, administrada pela Rússia – saiu às ruas para protestar. Novamente, o regime czarista mandou abrir fogo contra os manifestantes.
Fim da primeira
revolução russa

Mas o povo, insatisfeito, não podia mais ser contido. Os protestos eclodiram em toda a Rússia. Em outubro do turbulento ano de 1905, após uma greve geral, o czar Nicolau 2º assinou um decreto conhecido como Manifesto de Outubro. Ele abriu caminho para as primeiras eleições parlamentares livres. Isso marcou, ao mesmo tempo, o fim da primeira revolução russa, que começara de maneira sangrenta em São Petersburgo.
Segundo Jutta Petersdorf, “por um lado, a classe política foi pacificada através da formação de partidos e a possibilidade de concretizar eventualmente as suas esperanças através do trabalho parlamentar. De outro lado estava o movimento socialista, com a sua conclamação a uma rebelião armada, a qual fracassou então estrondosamente”. Posteriormente, em 1917, o Partido Comunista assume o poder naquela que seria a União Soviética, que permaneceu de pé até a década de 80 do século passado.

*DW - de Berlim

CUBA FAZ PELO HAITI O QUE O MUNDO PROMETEU E NÃO FEZ

Observadores do terremoto no Haiti poderiam ser perdoados por pensar operações de agências de ajuda internacional e por os deixarem sozinhos na luta contra a devastação que matou 250.000 pessoas e deixou cerca de 1,5 milhões de desabrigados. De fato, trabalhadores da saúde cubanos estão no Haiti desde 1998, quando um forte terremoto atingiu o país. E em meio a fanfarra e publicidade em torno da chegada de ajuda dos EUA e do Reino Unido, centenas de médicos, enfermeiros e terapeutas cubanos chegaram discretamente. A maioria dos países foi embora em dois meses, novamente deixando os cubanos e os Médicos Sem Fronteiras como os principais prestadores de cuidados para a ilha caribenha.

Números divulgados na semana passada mostram que o pessoal médico cubano, trabalhando em 40 centros em todo o Haiti, tem tratado mais de 30.000 doentes de cólera desde outubro. Eles são o maior contingente estrangeiro, tratando cerca de 40% de todos os doentes de cólera. Um outro grupo de médicos da brigada cubana Henry Reeve, uma equipe especializada em desastre e em emergência, chegou recentemente, deixando claro que o Haiti está se esforçando para lidar com a epidemia que já matou centenas de pessoas.

Desde 1998, Cuba treinou 550 médicos haitianos gratuitamente na Escola Latinoamericana de Medicina em Cuba (Elam), um dos programas médicos mais radicais do país. Outros 400 estão sendo treinados na escola, que oferece ensino gratuito - incluindo livros gratuitos e um pouco de dinheiro para gastar - para qualquer pessoa suficientemente qualificada e que não pode pagar para estudar Medicina em seu próprio país.

John Kirk é um professor de Estudos Latino-Americanos na Universidade Dalhousie, no Canadá, que pesquisa equipes médicas internacionais de Cuba. Ele disse: "A contribuição de Cuba, como ocorre agora no Haiti, é o maior segredo do mundo. Eles são pouco mencionados, mesmo fazendo muito do trabalho pesado.".

Esta tradição remonta a 1960, quando Cuba enviou um punhado de médicos para o Chile, atingido por um forte terremoto, seguido por uma equipe de 50 a Argélia em 1963. Isso foi apenas quatro anos depois da Revolução.

Os médicos itinerantes têm servido como uma arma extremamente útil da política externa e econômica do governo, gahando amigos e favores em todo o globo. O programa mais conhecido é a "Operação Milagre", que começou com os oftalmologistas tratando os portadores de catarata em aldeias pobres venezuelanos em troca de petróleo. Esta iniciativa tem restaurado a visão de 1,8 milhões de pessoas em 35 países, incluindo o de Mario Terán, o sargento boliviano que matou Che Guevara em 1967.

A Brigada Henry Reeve, rejeitada pelos norteamericanos após o furacão Katrina, foi a primeira equipe a chegar ao Paquistão após o terremoto de 2005, e a última a sair seis meses depois.

A Constituição de Cuba estabelece a obrigação de ajudar os países em pior situação, quando possível, mas a solidariedade internacional não é a única razão, segundo o professor Kirk. "Isso permite que os médicos cubanos, que são terrivelmente mal pagos, possam ganhar dinheiro extra no estrangeiro e aprender mais sobre as doenças e condições que apenas estudaram. É também uma obsessão de Fidel e ele ganha votos na ONU."

Um terço dos 75 mil médicos de Cuba, juntamente com 10.000 trabalhadores de saúde, estão atualmente trabalhando em 77 países pobres, incluindo El Salvador, Mali e Timor Leste. Isso ainda deixa um médico para cada 220 pessoas em casa, uma das mais altas taxas do mundo, em comparação com um para cada 370 na Inglaterra.

Onde quer que sejam convidados, os cubanos implementam o seu modelo de prevenção com foco global, visitando famílias em casa, com monitoração proativa de saúde materna e infantil. Isso produziu "resultados impressionantes" em partes de El Salvador, Honduras e Guatemala, e redução das taxas de mortalidade infantil e materna, redução de doenças infecciosas e deixando para trás uma melhor formação dos trabalhadores de saúde locais, de acordo com a pesquisa do professor Kirk.

A formação médica em Cuba dura seis anos - um ano mais do que no Reino Unido - após o qual todos trabalham após a graduação como um médico de família por três anos no mínimo. Trabalhando ao lado de uma enfermeira, o médico de família cuida de 150 a 200 famílias na comunidade em que vive.

Este modelo ajudou Cuba a alcançar alguns índices invejáveis de melhoria em saúde no mundo, apesar de gastar apenas $ 400 (£ 260) por pessoa no ano passado em comparação com $ 3.000 (£ 1.950) no Reino Unido e $ 7.500 (£ 4,900) nos EUA, de acordo com Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento.

A taxa de mortalidade infantil, um dos índices mais confiáveis da saúde de uma nação, é de 4,8 por mil nascidos vivos - comparável com a Grã-Bretanha e menor do que os EUA. Apenas 5% dos bebês nascem com baixo peso ao nascer, um fator crucial para a saúde a longo prazo, e a mortalidade materna é a mais baixa da América Latina, mostram os números da Organização Mundial de Saúde.

As policlínicas de Cuba, abertas 24 horas por dia para emergências e cuidados especializados, é um degrau a partir do médico de família. Cada uma prevê 15.000 a 35.000 pacientes por meio de um grupo de consultores em tempo integral, assim como os médicos de visita, garantindo que a maioria dos cuidados médicos são prestados na comunidade.

Imti Choonara, um pediatra de Derby, lidera uma delegação de profissionais de saúde internacionais, em oficinas anuais na terceira maior cidade de Cuba, Camagüey. "A saúde em Cuba é fenomenal, e a chave é o médico de família, que é muito mais pró-ativo, e cujo foco é a prevenção. A ironia é que os cubanos vieram ao Reino Unido após a revolução para ver como o HNS [Serviço Nacional de Saúde] funcionava. Eles levaram de volta o que viram, refinaram e desenvolveram ainda mais, enquanto isso estamos nos movendo em direção ao modelo dos EUA ", disse o professor Choonara.

A política, inevitavelmente, penetra muitos aspectos da saúde cubana. Todos os anos os hospitais produzem uma lista de medicamentos e equipamentos que têm sido incapazes de acesso por causa do embargo americano, o qual que muitas empresas dos EUA de negociar com Cuba, e convence outros países a seguir o exemplo. O relatório 2009/10 inclui medicamentos para o câncer infantil, HIV e artrite, alguns anestésicos, bem como produtos químicos necessários para o diagnóstico de infecções e órgãos da loja. Farmácias em Cuba são caracterizados por longas filas e estantes com muitos vazios. Em parte, isso se deve ao fato de que eles estocam apenas marcas genéricas.

Antonio Fernandez, do Ministério da Saúde Pública, disse: "Nós fazemos 80% dos medicamentos que usamos. O resto nós importamos da China, da antiga União Soviética, da Europa - de quem vender para nós - mas isso é muito caro por causa das distâncias."

Em geral, os cubanos são imensamente orgulhosos e apóiam a contribuição no Haiti e outros países pobres, encantados por conquistar mais espaço no cenário internacional. No entanto, algumas pessoas queixam-se da espera para ver o seu médico, pois muitos estão trabalhando no exterior. E, como todas as commodities em Cuba, os medicamentos estão disponíveis no mercado negro para aqueles dispostos a arriscar grandes multas se forem pegos comprando ou vendendo.

As viagens internacionais estão além do alcance da maioria dos cubanos, mas os médicos e enfermeiros qualificados estão entre os proibidos de deixar o país por cinco anos após a graduação, salvo como parte de uma equipe médica oficial.

Como todo mundo, os profissionais de saúde ganham salários miseráveis em torno de 20 dólares (£ 13) por mês. Assim, contrariamente às contas oficiais, a corrupção existe no sistema hospitalar, o que significa que alguns médicos e até hospitais, estão fora dos limites a menos que o paciente possa oferecer alguma coisa, talvez almoçar ou alguns pesos, para tratamento preferencial.

Empresas internacionais de Cuba na área da saúde estão se tornando cada vez mais estratégicas. No mês passado, funcionários mantiveram conversações com o Brasil sobre o desenvolvimento do sistema de saúde pública no Haiti, que o Brasil e a Venezuela concordaram em ajudar a financiar.

A formação médica é outro exemplo. Existem atualmente 8.281 alunos de mais de 30 países matriculados na Elam, que no mês passado comemorou o seu 11 º aniversário. O governo espera transmitir um senso de responsabilidade social para os alunos, na esperança de que eles vão trabalhar dentro de suas próprias comunidades pobres pelo menos cinco anos.

Damien Joel Soares, 27 anos, estudante de segundo ano de New Jersey, é um dos 171 estudantes norte-americanos; 47 já se formaram. Ele rejeita as alegações de que Elam é parte da máquina de propaganda cubana. "É claro que Che é um herói, mas aqui isso não é forçado garganta abaixo."

Outros 49.000 alunos estão matriculados no "Novo Programa de Formação de Médicos Latino-americanos", a ideia de Fidel Castro e Hugo Chávez, que prometeu em 2005 formar 100 mil médicos para o continente. O curso é muito mais prático, e os críticos questionam a qualidade da formação.

O professor Kirk discorda: "A abordagem high-tech para as necessidades de saúde em Londres e Toronto é irrelevante para milhões de pessoas no Terceiro Mundo que estão vivendo na pobreza. É fácil ficar de fora e criticar a qualidade, mas se você está vivendo em algum lugar sem médicos, ficaria feliz quando chegasse algum."

Há nove milhões de haitianos que provavelmente concordariam.

*Em dia com a cidadania

sábado, 1 de janeiro de 2011

Amigo Luiz Inácio Lula da Silva

 Não vou usar o formalismo dos protocolos,pois entre amigos,companheiros não há os maiores e menores.pois somos todos iguais,somos brasileiros filhos e filhas desta terra.
  Quero amigo te agradecer acima de tudo por nos ter mostrado em que nós podemos,mostra-se que nós os pobres podemos conquistar os nossos ideais.Quantas vezes te dizeram que não podias ser presidente,pois és um retirante,operário e analfabeto,que não saberias governar?
  Pois ser presidente é coisa para elite,quem tem diploma,fortuna e nome na história.
   Te tornastes presidente da República em 2002 e mostrastes que um operário analfabeto sabe governar e que o pobre e trabalhador também tem valor.
  Conseguistes terminar o teu mandato com 87% de aprovação do teu governo e ainda eleger a tua sucessora,coisa que jamais na história deste paìs,nestes 25 anos de democracia,coisa que jamais um presidente havia conseguido.
  Quero te agradecer por tu,ter conseguido nestes oito ano,ter feito o brasileiro de ter orgulho de ser brasileiro.
   Pelas políticas públicas de inclusão social em que 20 milhões saíram da miséria,30 milhões de brasileiros ingressaram na classe média.Ainda temos 30 milhões de brasileiros ainda estão no espectro da fome e quem sabe do Fome Zero,que poderiam ter saido da miséria,se o governo não tivesse sedido a interesses paroquiais de prefeitos.
  Em que 72% dos domícilios brasileiros possuem geladeiras,televisão,fogão,máquinas de lavar,mesmo que ainda temos 52% dos domicílios não tem acesso ao saneamento básico. 1 milhão e 3 mil moradias contratadas do Programa Minha Casa,Minha Vida.
  Nestes oito anos 15 milhões de empregos foram gerados,salário mínimo acima da inflação e manteve sob controle os preços dos produtos da cesta básica e desonerou os eletrodomésticos e automóveis.
  Conseguistes fazer com que 214 escolas técnicas federais,14 novas universidades e 126 campi universitários e 750 mil jovens de baixa renda ingressaram no ensino superior através do ENEM, PROUNI e das cotas. Regiões como o nordeste e o norte foram integrados ao desenvolvimento nacional.
  Pelo incentivo e apoio a agricultura familiar e assentamentos.O Programa Luz para Todos, levou energia eletrica a 2 milhões e 600 pequenas propriedades rurais.
   Quero te agradecer pelo respeito,integração e solidariedade aos paises pobres,a autodeterminação dos povos do sul.Pelo fortalecimento do Mercosul e da UNASUL,em vez de aderir a ALCA e por não seder a base de Alcântara ( MA),aos E. U.A.
  Por teres valorizado o funcionário público,não privatizado e fortalecido as estatais como o Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica  Federal.
  Quero te agradecer por não teres criminalizado os movimentos sociais e sindicais,como queria a elite.O combate a corrupção,onde a Policia Federal atuou de forma exemplar,prendendo corruptos,combatendo o narcotráfico.Pela titularização das terras quilombolas e territorios indígenas,Pelo investimento na cultura,melhoria da saúde em que precisa ainda melhorar.
  Amigo,ao passares a faixa a Dilma,possa olhares com orgulho o rosto e os olhos do brasileiro,por teres levantado a sua auto estima.Tu nos mostrares que nós os pobres e trabalhadores podemos.
  Seja bem vindo ao seio deste povo comum que te  ama.
                 Um abraço
                    
Por: Júlio Lázaro Torma
       Colaborador deste blog

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