domingo, 27 de março de 2011

Prefeito de Chapecó Claudio Caramori, recua, mas pressão do Fórum dos Movimentos Sociais continua.

O anúncio de que o preço da passagem  no transporte público de Chapecó,  passaria de R$ 2,30 para R$ 2,80 não agradou os trabalhadores, estudantes e diversos segmentos ligados aos movimentos sociais, sindicados, associações, movimeto Hip-Hop e pastorais.  Por conta disso, entidades se mobilizaram  sexta , 25/03 e final de semana, para panfletear as ruas e o terminal  urbano da cidade, na mesma onda já começam a se mobilizar para realizar um ato de protesto na praça central, ainda essa semana. Mesmo tendo havido, um recuo estratégico por parte do prefeito,  de forma que, não aguentando a pressão, se colocou contra o aumento de 24% pedido pelas duas empresas da cidade, e assim passando a impressão para a população, que ele era a vanguarda na defesa dos trabalhadores e estudantes afetados diretamente com o aumento abusivo.
 
"PREFEITO SE O POVO VAI PRA RUA, É POR CULPA SUA." "NÃO NOS CURVAREMOS AOS SENHORES DO TRANSPORTE."  

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quinta-feira, 24 de março de 2011

Governo brasileiro se curva ao imperialismo

A vinda de Obama ao Brasil foi um gesto forte que marcou, para o Brasil e o mundo, um claro movimento de estreitamento das relações entre os governos brasileiro e norte-americano. O governo Dilma aponta para a continuidade, em nova fase, das ações de defesa dos interesses do capitalismo brasileiro no exterior.
A agenda midiática da visita sinaliza claramente um realinhamento do Brasil ao imperialismo norte-americano. Obama, por decisão do novo governo, foi o primeiro estadista estrangeiro a visitar o Brasil após a posse de Dilma. Mas não foi uma visita qualquer.
O governo brasileiro montou um palanque de honra e um potente amplificador para Obama falar ao mundo, em especial à América Latina, para ajudar os EUA a recuperarem sua influência política e reduzir o justo sentimento antiamericano que nutre a maioria dos povos. Nem na ditadura militar, um presidente estadunidense teve uma recepção tão espalhafatosa como a que Dilma lhe ofereceu.
Os meios de comunicação burgueses do mundo todo anunciam hoje em suas manchetes “o carinho do povo brasileiro com Obama” e a “amizade Brasil/Estados Unidos”. Caiu a máscara de uma falsa esquerda que proclama a política externa brasileira como “antiimperialista”.
Em verdade, o Brasil esteve três dias sob intervenção do governo ianque, que decidiu tudo, desde os acordos bilaterais a serem assinados à agenda, à segurança, à repressão a manifestações, ao itinerário, ao alojamento, às visitas e até ao cardápio de Obama. No Rio de Janeiro, a diplomacia americana e a CIA destituíram o governador e o prefeito, que queriam surfar na visita ilustre, decidindo tudo a respeito da presença de Obama na capital do Estado. Até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que fica na Cinelândia, foi obrigada a suspender suas atividades na sexta-feira. Foi ocupada por agentes norte-americanos e militares brasileiros para os preparativos do comício de domingo, que seria na praça em frente.
No caso da América Latina, foi um gesto de solidariedade aos EUA em sua luta contra os processos de mudança, sobretudo na Venezuela, Bolívia e no Equador e uma vista grossa ao bloqueio a Cuba Socialista e à prisão dos Cinco Heróis cubanos.
A moeda de troca para abrirmos mão de nossa soberania foi um mero aceno de apoio norte-americano à pretensão obsessiva do Estado burguês brasileiro de ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, um símbolo para elevar o Brasil à categoria de potência capitalista mundial. Tudo para expandir os negócios dos grandes grupos brasileiros no mercado norte-americano e mundial.
Enganam-se os que pensam que existe contradição entre a política externa do governo Lula e a de Dilma, ambas fundamentalmente a serviço do capital. Trata-se agora de uma inflexão pragmática. Após uma fase em que o Brasil expandiu e consolidou os interesses de seus capitalistas por novos “mercados” como América Latina, África, Ásia e Oriente Médio, a tarefa principal agora é dar mais atenção aos maiores mercados do mundo, para cuja disputa segmentos da burguesia brasileira se sentem mais preparados.
Vai no mesmo sentido a vergonhosa atitude de Dilma lavar as mãos para facilitar a extradição de Cesare Battisti ao governo italiano, dirigido pelo degenerado cafetão Berlusconi, entregando um militante de esquerda na bandeja do imperialismo europeu, no exato momento em que cresce na região a resistência dos trabalhadores.
O governo brasileiro, durante os três dias em que Obama presidiu o Brasil, não fez qualquer gesto ou apelo aos EUA, sequer de caráter humanitário, pelo fim do bloqueio a Cuba, o desmonte do centro de tortura em Guantánamo, a criação do Estado Palestino, o fim da intervenção militar no Iraque e no Afeganistão.
Debochando da soberania brasileira e da nossa Constituição - que define nosso país como amante da paz mundial e da autodeterminação dos povos -, Obama ordenou os ataques militares contra a Líbia a partir do território brasileiro, exatamente em Brasília, próximo à Praça dos Três Poderes, que se ajoelharam todos diante desta humilhação ao povo brasileiro. Não se deu ao trabalho de ir à Embaixada americana, para de lá ordenar a agressão militar. Fê-lo em meio a compromissos com seus vassalos, entre os quais ministros de Estado brasileiros que se deixaram passar pelo vexame de serem revistados por agentes da CIA.
O principal objetivo da vinda de Obama ao Brasil foi lançar uma ofensiva sobre as reservas petrolíferas brasileiras do pré-sal, uma das razões da reativação da IV frota naval americana nos mares da América Latina. No caso de alguns países, o imperialismo precisa invadi-los militarmente para se apoderar de seus recursos naturais. No Brasil, bastam três dias de passagem do garoto propaganda do estado terrorista norte-americano, espalhando afagos cínicos e discursos demagógicos.
Outro objetivo importante da visita tem a ver com a licitação para a compra de aviões militares, suspensa por Dilma no início do ano, justamente para recolocar no páreo os aviões norte-americanos. Além disso, os EUA garantiram outros bons negócios na agricultura, no setor de serviços, na maior abertura do mercado brasileiro e latino-americano em geral.
Obama só foi embora fisicamente. Mas deixou aqui fincada a bandeira de seu país, no coração do governo Dilma. Cada vez fica mais claro que, no caso brasileiro, o imperialismo não é apenas um inimigo externo a combater, mas um inimigo também interno, que se entrelaçou com os setores hegemônicos da burguesia brasileira. O pacto Obama/Dilma reforça o papel do Brasil como ator coadjuvante e sócio minoritário dos interesses do imperialismo norte-americano na América Latina, como tristemente já indicava a vergonhosa liderança brasileira das tropas militares de intervenção no Haiti.
O PCB, que participou ativamente das manifestações contra a presença de Obama no Brasil, denuncia o inaudito aparato repressivo no centro do Rio de Janeiro. Repudia a repressão exercida contra ativistas políticos e se solidariza de forma militante com os companheiros presos.
Desde a época da ditadura, nunca houve tamanha repressão e restrição à liberdade de expressão e ao direito de ir e vir. No domingo, o centro do Rio de Janeiro foi cercado por tropas e equipamentos militares. Uma passeata pacífica foi encurralada por centenas de militares armados, agentes à paisana, cavalaria e tropa de choque. Nunca houve tamanho aparato militar, mobilizado pelas três esferas de governo - Federal, Estadual e Municipal -, sob o comando da CIA e do Pentágono, em clara e desavergonhada submissão ao imperialismo.
A resistência do movimento popular teve uma vitória importante: a pressão exercida levou à suspensão de um comício de Obama em praça pública, na Cinelândia, local que simboliza as lutas democráticas e da esquerda brasileira. Obama fugiu do povo e falou em local fechado para convidados escolhidos a dedo, pelo consulado americano, a nata da burguesia carioca: falsos intelectuais, empresários associados, jornalistas de aluguel, artistas globais, políticos oportunistas, deslumbrados e emergentes, enfim, uma legião de puxa-sacos que se comportaram como claque de programa de auditório de mau gosto para o chefe dos seus chefes.


PCB (Partido Comunista Brasileiro)
Comitê Central – 20 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Ambientalista de Ouro

Vladimir Ilich Ulianov " Lênin",escreveu no calor da revolução de outubro de 1917,um artigo contra Karl Kautsky,no qual se chamava " A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky" (1918),na qual Lênin denunciava a traição de Karl Kautsky,que atacava a jovem nação proletária soviética.
   No Brasil mais uma vez o movimento comunista,sofre uma forte traição,como em 1992,com o senhor Roberto Freire ( PPS/ PE),que destruiu o velho PCB ( Partido Comunista Brasileiro),de matiz soviética.Onde construiu um partido artificial e satélite de centro direita,dos direitistas neoliberais PSDB/ Democratas.
   O deputado Aldo Rebelo ( PC do B/ SP),mais uma vez trai os ideais marxistas-leninistas de Marx, Engels, Lênin, Stalin, Enver Hoxha, João Amazonas, Maurício Grabois,Pedro Pomar e de milhares de comunistas brasileiros e a nível mundial.
  Comunistas estes que preferiram tombar do que renegar os seus ideais ou se vender a burguesia,ao imperialismo e ao capitalismo mundial.
  O senhor Aldo Rebelo,que se declarava comunista e condenava,qualquer aliança com o capitalismo,latifundiários,banqueiros e transnacionais,chamava os outros partidos de revisionistas e traidores por fazer alianças com estes setores.
   Ele próprio se mostrou de quem é aliado,quando defende na tribuna do Congresso Nacional os interesses do agronegócio e da bancada ruralista,como a legalização do plantio de transgênico,o novo código florestas brasileiro e contra a demarcação da área indígena Rapouso Serra do Sol em Roraima.
   Aldo Rebelo,tem falado,que os contra a alteração do novo código florestal e defensores da demarcação da terra yanomani e das terras indígenas são contra a "soberania nacional ( Brasil)" e "que estão a serviço dos interesses estrangeiros" e "membros de ongs estrangeiras que não aceitam a independência nacional".
   Mas a final a quem o renegado e revisionista Rebelo defende?, A quem interessa as alterações no Código Florestal e a não demarcação das terras indígenas?, a legalização dos transgênicos?. O Senhor Aldo Rebelo recebeu para a sua campanha eleitoral de 2010,um total de R$ 2.177.724,19, de empresas ligadas ao agronegócio( mineradoras,celulose,química de venenos agrícolas) que  tem interesses nas mudanças do código florestal (1).
   Ele recebeu o prêmio, trofeu " Ambientalista de Ouro",dado pelo clube " Amigos da Terra",de Júlio de Castilhos( RS),organização de latifundiários da região central do estado,organizada para combater o MST ( Movimento Sem Terra),neste município,em final dos anos de 1990.Organização está que se orgulha de ter contrabandeado a soja transgênica da Argentina;ao mesmo tempo em que disseminaram a febre aftosa no noroeste do estado,que matou centenas de cabeça de gado nesta região no ano de 1999.
  Ou como fala o presidente da Sociedade Rural Brasileira ( SRB), " Aldo Rebelo é um dos nossos,nasceu em uma fazenda do estado de Alagoas e está defendendo os interesses da classe ruralista" (2).
   Eis que Rebelo,tem usado o partido do proletariado,para os seus interesses pessoais e paroquiais.Ele ingressou no PC do B,para usar contra os seus rivais e de sua familia no interior de Alagoas? O outrora PC do B, das lutas operárias,da ALN,da guerrilha do Araguaia,se converteu no Partido Capitalista do Brasil,como o seu irmão PCCH ( Partido Comunista Chinês),defensor de um comunismo de mercado.
  O PC do B de Rebelo se converteu hoje na correia de transmissão dos interesses e vontades de grandes empresas transnacionais,que tem interesses de aumentar a área de plantio,com o único interesse de incrementar seus lucros já bilionários. O PC do B,como o seu rival PPS ( Partido Popular Socialista) de Roberto Freire,de que de socialista e popular não tem nada,está caminhando para ser um partido defensor do comunismo de mercado,assim como aquele é do neoliberalismo.
  O PC do B, traiu o proletariado e a classe na qual fala que tanto defende em nome de alguns milhões que caem do bolso da burguesia e do imperialismo,pelos interesses mesquinhos e oportunistas do renegado Rebelo e aliados,que nada mais são do que lacaios da burguesia. A segunda feira 14 de Fevereiro de 2011,dia em que Aldo Rebelo,recebeu o trofeu dos ruralistas de Tupanciretã,é o dia em que foi sepultado de vez o socialismo e os ideais marxistas leninistas do PCdo B,que se converteu no partido de esquerda em que a burguesia e a direita gosta mas não vota.
  Será que foi este o sonho e o desejo  de milhares de comunistas que lutaram e derramaram o seu sangue na construção do Partido Comunista do Brasil nestes quase 90 anos de história?,de uma hora para outra ver o partido abraçado e aliado aos seus inimigos históricos e de classe, Será???
___________
 ( 1) www. tse.gov.br
 (2) Programa " Bancada Ruralista", Canal Rural do dia 05 de março de 2011.

Por: Júlio Lázaro Torma

terça-feira, 22 de março de 2011

Agua poderosa luta dos povos originários contra a mercantilização da natureza.


Abuela Grillo from Denis Chapon on Vimeo.

Esta é uma história que é contada milenarmente pelo povo Ayoreo, da Bolívia. Dizem eles que no principio havia uma avó, que era um grilo chamado Direjná. Esta avózinha era a dona da água e por onde quer que ela passasse com seu canto de amor, a água brotava. Um dia, os netos pediram que ela fosse embora e ela partiu, triste. Mas, na medida em que ia sumindo, também a água ia embora. Neste vídeo, a história se atualiza e na sua viagem para lugar nenhum a avó é encontrada pelos empresários que a aprisionam e fazem com que ela faça a água cair apenas nos seus caminhões pipa. Então, eles vendem a água. O povo passa necessidade e sofre. A avózinha também sofre. Até que um dia, o povo entende que é preciso lutar. Então….
Vale a pena ver essa beleza de desenho animado, que representa a poderosa luta dos povos originários contra a mercantilização da natureza.
A produção foi feita na Dinamarca, por The Animation Workshop, Nicobis, Escorzo, e pela Comunidade de Animadores Bolivianos. O trabalho de desenho foi realizado por oito animadores bolivianos, dirigido por um francês, com música da embaixadora da Bolívia na França, e a ajuda de um mexicano e uma alemã. Todo juntos na defesa dos recursos naturais.

sexta-feira, 11 de março de 2011

A incorporação subalterna Brasileira ao capital-imperialismo

                                                                                                            
Virgínia FontesNeste texto – “visão extremamente sintética da segunda parte do seu livro O Brasil e o capital-imperialismo: Teoria e História” –, Virgínia Fontes ajuda-nos a “Compreender o processo brasileiro atual [o que] exige incorporar e ir além dos indicadores, averiguando a forma da política, isto é, a maneira pela qual se organizam, formulam e expressam as vontades socialmente organizadas, identificando os principais fulcros de luta social.” E conclui que “fermentam novas contradições [no Brasil], pois se traduzem numa ampliação vertiginosa da classe trabalhadora, contraposta a um punhado de grandes capital-imperialistas brasileiros e seus gigantes aliados de procedência externa, ainda que cercados de subservientes regressos do âmbito sindical. Assim como ao longo do século XX, tudo leva a crer que as exigências igualitárias retornarão, já tendo feito agora a experiência da democracia menor que o capital-imperialismo contemporâneo tem a oferecer.....

Carregue aqui para ver o artigo [PDF]http://www.odiario.info/b2-img/VIRGiNIA_CAPITALIMPERIALISMO_POR.pdf

domingo, 6 de março de 2011

LIBIA: O QUE A MÍDIA ESCONDE

Transcorridas duas semanas das primeiras manifestações em Benghazi e Tripoli, a campanha de desinformação sobre a Líbia semeia a confusão no mundo.
Antes de mais uma certeza: as analogias com os acontecimentos da Tunísia e do Egipto são descabidas. Essas rebeliões contribuíram, obviamente, para despoletar os protestos nas ruas do país vizinho de ambos, mas o processo líbio apresenta características peculiares, inseparáveis da estratégia conspirativa do imperialismo e daquilo que se pode definir como a metamorfose do líder.
Muamar Kadhafi, ao contrário de Ben Ali e de Hosni Mubarak, assumiu uma posição anti-imperialista quando tomou o poder em 1969. Aboliu uma monarquia fantoche e praticou durante décadas uma politica de independência iniciada com a nacionalização do petróleo. As suas excentricidades e o fanatismo religioso não impediram uma estratégia que promoveu o desenvolvimento económico e reduziu desigualdades sociais chocantes. A Líbia aliou-se a países e movimentos que combatiam o imperialismo e o sionismo. Kadhafi fundou universidades e industrias, uma agricultura florescente surgiu das areias do deserto, centenas de milhares de cidadãos tiveram pela primeira vez direito a alojamentos dignos.
O bombardeamento de Tripoli e Benghazi em l986 pela USAF demonstrou que Regan, na Casa Branca identificava no líder líbio um inimigo a abater. Ao país foram aplicadas sanções pesadas.
A partir da II Guerra do Golfo, Kadhafi deu uma guinada de 180 graus. Submeteu-se a exigências do FMI, privatizou dezenas de empresas e abriu o país às grandes petrolíferas internacionais. A corrupção e o nepotismo criaram raízes na Líbia.
Washington passou a ver em Kadhafi um dirigente dialogante. Foi recebido na Europa com honras especiais; assinou contratos fabulosos com os governos de Sarkozy, Berlusconi e Brown. Mas quando o aumento de preços nas grandes cidades líbias provocou uma vaga de descontentamento, o imperialismo aproveitou a oportunidade. Concluiu que chegara o momento de se livrar de Kadhafi, um líder sempre incómodo.
As rebeliões da Tunísia e do Egipto, os protestos no Bahrein e no Iémen criaram condições muito favoráveis às primeiras manifestações na Líbia.
Não foi por acaso que Benghasi surgiu como o pólo da rebelião. É na Cirenaica que operam as principais transnacionais petrolíferas; ali se localizam os terminais dos oleodutos e dos gasodutos.
A brutal repressão desencadeada por Kadhafi após os primeiros protestos populares contribuiu para que estes se ampliassem, sobretudo em Benghazi. Sabe-se hoje que nessas manifestações desempenhou um papel importante a chamada Frente Nacional para a Salvação da Líbia, organização financiada pela CIA. É esclarecedor que naquela cidade tenham surgido rapidamente nas ruas a antiga bandeira da monarquia e retratos do falecido rei Idris, o chefe tribal Senussi coroado pela Inglaterra após a expulsão dos italianos. Apareceu até um «príncipe» Senussi a dar entrevistas.
A solidariedade dos grandes media dos EUA e da União Europeia com a rebelião do povo da Líbia é, porem, obviamente hipócrita. O Wall Street Journal, porta-voz da grande Finança mundial, não hesitou em sugerir em editorial (23 de Fevereiro) que os EUA e a Europa deveriam ajudar os líbios a derrubar o regime de Kadhafi.»
Obama, na expectativa, manteve silêncio sobre a Líbia durante seis dias; no sétimo condenou a violência, pediu sanções. Seguiu-se a reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU e o esperado pacote de sanções.
Alguns dirigentes progressistas latino americanos admitiram como iminente uma intervenção militar da OTAN. Uma hipótese improvavel , porque tal iniciativa, perigosa e estúpida, produziria efeito negativo no mundo árabe, reforçando o sentimento anti-imperialista latente nas massas. E seria militarmente desnecessária porque o regime líbio aparentemente agoniza.
Kadhafi, ao promover uma repressão violenta, recorrendo inclusive a mercenários tchadianos (estrangeiros que nem sequer falam árabe), contribuiu para ampliar a campanha dos grandes media internacionais que projecta como heróis os organizadores da rebelião enquanto ele é apresentado como um assassino e um paranóico.
Os últimos discursos do líder líbio, irresponsáveis e agressivos, foram alias habilmente utilizados pelos media para o desacreditar e estimular a renúncia de ministros e diplomatas, distanciando Kadhafi cada vez mais do povo que durante décadas o respeitou e admirou.
Nestes dias é imprevisível o amanhã da Líbia, o terceiro produtor de petróleo da África, um país cujas riquezas são já amplamente controladas pelo imperialismo.
Vila Nova de Gaia, 28 de Fevereiro

Por Miguel Urbano Rodrigues

 Fontes: odiario e Brasil de Fato

Eduardo Galeano falando sobre os mais diversos assuntos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Internet e política

 



Hitler, Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas, souberam como poucos usar o rádio enquanto instrumento político. Quando surgiu a TV, John Kennedy logo percebeu sua utilidade política. Com a Internet não foi diferente. Pouco a pouco os políticos descobriram as vantagens da comunicação virtual: ampliou-se o número de sites político-partidários, blogs, twitter, etc.. Em períodos eleitorais, a Internet transforma-se em mais um campo de disputa. Eles não hesitam em invadir nossos computadores com propaganda eleitoral muitos devem ter perdido votos por isso.

. Por que a Internet faz sucesso na política? Se levarmos em conta a composição social dos usuários temos a resposta: seu público é formador de opinião. O usuário da internet constitui uma elite sócio-econômica – da classe média às grandes empresas, incluindo um setor intermediário com pouco capital econômico mas com certo acúmulo de capital cultural e poder de influência. Isso explica a sua importância política. Por outro lado, o espectro ideológico na Internet é amplo. A pluralidade de idéias e informações circulando livre e democraticamente, aliado às facilidades da tecnologia, é um fator positivo; mas também negativo: imagine a potencialidade para a difusão de idéias racistas, nazistas, etc.. De qualquer forma, não é por acaso que o uso da Internet sofre restrições em países com governos ditatoriais.

A Internet, advogam os entusiastas, tem potencial para a construção da cidadania e o fortalecimento da democracia. De fato, a rede possibilita condições favoráveis ao acompanhamento e controle dos governantes. Na Internet, acreditam os mais otimistas, somos todos cidadãos. Para os espíritos mais arrebatados, ela é sinônimo de liberdade e a máxima expressão da democracia. Deslumbrados com as facilidades e possibilidades da rede, os novos jacobinos esquecem que a virtualidade não elimina a realidade social e econômica injusta e desigual. Na verdade, gostemos ou não, a Internet reflete a estrutura de classes e grupos sociais materializada no capitalismo realmente existente. Somos parte da elite que incorporou o computador ao cotidiano. Muitas vezes, o hábito ofusca a visão e sensibilidade sobre a realidade sócio-econômica. Irmanados em nossas ilhas virtuais, muitos de nós olvidamos um dado simples: a exclusão digital espelha o apartheid social que mantém milhões de pessoas à margem. Enquanto nos irritamos com a lentidão da conexão, com o entulho que recebemos por e-mail, ou com as discussões sobre o sexo dos anjos, os excluídos reais e virtuais tem que matar um tigre a cada dia para terem o direito de viver.
Não obstante, reconhecemos as potencialidades da Internet enquanto meio de ativismo político. Os zapatistas foram pioneiros no uso dessa tecnologia – mas também os grupos fundamentalistas cristãos e a Milícia Norte-Americana nos EUA. Contudo, o exemplo zapatista comprova que a militância virtual é conseqüente na medida em que se vincule.

É necessário refletirmos sobre o militantismo virtual e até mesmo sobre o significado de escrever e publicar na rede. Não duvido das boas intenções, mas devemos atentar para o auto-engano da supervalorização do meio eletrônico enquanto instrumento de militância. Desvinculada da realidade, a militância virtual pode até alimentar o ego, apaziguar consciências e gerar a ilusão de que convertermos os convertidos. É preciso, porém, reconhecer os limites do ativismo virtual e evitar a ingenuidade dos que imaginam revolucionar a sociedade através de e-mails ou textos publicados na rede. Para esse tipo de ativismo a revolução está literalmente no ar...

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