domingo, 26 de julho de 2009

Renato Russo & Erasmo

Correspondência entre Keynes e Marx


Cambridge, 24 de outubro de 2008

Meu Caro Marx,

Neste dia do 79º aniversário da quinta-feira negra de 1929, devo reconhecer que você me superou. Para dizer a verdade, eu não acredito numa nova crise. Eu tinha descortinado tão metodicamente a incapacidade do mercado de produzir o equilíbrio do pleno emprego que conduzi todos os governos a mais sabedoria: ninguém teria se deixado infectar por uma crise sem reagir. Eu estava com minha consciência tranqüila e não estava preocupado se você tinha ou não esquecido a Estátua do Comandante buscando arrastar o capitalismo no fogo do inferno.

Contudo, os seres animosos que eu descrevi na minha teoria geral retomaram o poder; banqueiros e rentistas, esses mesmos a quem prometi a eutanásia, se refestelaram durante anos. E, quando chegou o inverno, como diria o fabulista francês (1), eles estavam gravemente desprovidos e se deram conta de que não poderiam reencontrar sua liquidez simultaneamente. E aqueles que ainda a detinham preferiram-na a endossar títulos desvalorizados, verdadeiros lixos tóxicos.

Desde o tempo de minha juventude o setor automobilístico começou a inundar o mercado americano de automóveis reluzentes mas, não tendo a demanda lhes seguido o passo, a depressão não tardou quando um endividamento colossal fez a bolha financeira explodir. Desde 2001 os norte-americanos recorrem a um endividamento também perigoso. Preste atenção: tomando a si como um guru infalível e assim reputado por uma boa parte dos que pretendiam reclamar de mim, o Senhor Alan Greenspan verteu crédito sem contabilizar, esquecendo que a criação monetária deve antecipar a produção real. E seu sucessor, considerado o melhor conhecedor da crise de 1929, Senhor Bern Bernanke continuou a fazer-lhe as honras. Nesse período, os salários perderam seu valor. Com a abolição das fronteiras e a integração financeira, a crise só podia mesmo ganhar o mundo inteiro.

Meu querido Marx, com muito atraso reconheço o ceticismo de minha perspectiva, agravado pelo gosto pelas classes cultivadas, aos seus olhos. Ah! Se você tivesse conhecido as delícias de nossas trocas, de todas as ordens, no Bloomsbury Group (2), no seio do qual brilhava Virginia Woolf, tenho certeza que esqueceria da furunculose deles. Mas, longe de mim a idéia de entreter-lhe com essas mundaneidades que foram, é verdade, a essência de minha vida depois que entendi as futilidades da Bolsa. Eu tenho é de lhe perguntar, meu caro Marx. Eu concedo que você tinha razão: o capitalismo parece irreparável. Mas, como você vê uma saída definitiva dos excessos desse sistema, tendo em vista a calamitosa experiência soviética? Pois, você há de concordar, eu espero, que seus epígonos não conseguiram segui-lo.

Meu querido Marx, o destino nos separou; sem dúvida Londres estava longe demais de Cambridge, a menos que seus furúnculos e meu gosto pela literatura nos tivessem posto a cada um próximos da fronteira, como você diz, de classe, não é? Isso não importa. Nós somos os únicos a saber o essencial, e isso deveria nos aproximar sobre o próximo período. Permita-me acrescentar a esta carta minhas perspectivas econômicas para os meus netos, que deverão agradar-se de você.

À sua leitura, querido Marx,
seu John Maynard Keynes

A resposta de Marx

Meu caro Keynes,

Tenho de dizer que meu primeiro movimento, ao descobrir sua carta, foi o de saborear a revanche. Você, que sub-utilizou uma parte importante de minha imensa obra, fingindo não tê-la jamais lido, agora toma o Caminho de Canossa (3). Pois, onde você encontrou, senão no meu Capital, a acumulação, o trabalho como único fator produtivo, a possibilidade das crises, a inanidade da lei de que a oferta cria sua própria demanda, desse imbecil do Say (4), o papel da poupança que você rebatizou preferência pela liquidez, e mesmo o papel da moeda que os ignorantes lhe atribuem a paternidade? Vamos, mais um esforço, querido Keynes, a moeda transformada em capital em virtude da exploração da força de trabalho! Eu rio com os eufemismos modernos sobre “a distribuição do valor agregado”.

Mas voltemos a sua questão. Eu lhe concedo ter levantado um problema crucial, o da transição do capitalismo para uma organização social favorável à emancipação humana. E os brutos do Kremlin pegaram muito pesado.

Convém, inicialmente, que levemos em conta a medida da mundialização do capitalismo, que eu, com meu amigo Engels, analisamos perfeitamente no meu Manifesto. Essa mundialização, cuja crise não é outra coisa que seu completamento. A impossibilidade radical de que todos os capitalistas liquidem ao mesmo tempo o seu patrimônio financeiro, que você notou bem, remete ao caráter fictício da excrescência do capital financeiro. O que os jovens da ATTAC chamam de financeirização é a exacerbação da exploração dos trabalhadores que permite a liberdade total de circulação de capital. O capitalismo não é o mercado, é a relação capital-trabalho.

Eu já escuto você praguejar em favor da regulação. Falemos com clareza e sinceramente. Eu concedo quanto à palavra, com a condição que tomemos às coisas pela raiz. Senão as sirenes tocarão, dizendo que há um bom capitalismo opaco por trás da voracidade da finança. Ora, lembre você sempre que o sistema mergulha a humanidade nas águas geladas do cálculo egoísta.

"O que fazer, então" diz você?

Em primeiro lugar, suprima-se a liberdade do capital e garanta-se todas as liberdades democráticas, só para melar todas as burocracias. Em segundo, que se limite os altos lucros e se tome os superávits para financiar os investimentos públicos (a esse respeito, eu adoro o seu multiplicador de investimento e não lamento senão uma coisa: não ter pensado nisso). Terceiro, se instaure a propriedade social dos bens essenciais à vida e à gestão coletiva do crédito, e se reflita seriamente sobre a reorientação da produção em direção ao útil e não aos desperdícios. Eis uma coisa que eu não inventei, a palavra “ecologia”, bem que eu tinha escrito que o trabalho era o pai da riqueza e que a terra era a sua mãe.

Meu caro Keynes, eu li suas Perspectivas econômicas para os nossos netos e isso me fez bem. Certa noite de bebedeira numa taberna londrina eu poderia tê-lo afirmado. Mas seria preciso deixar-lhe alguma coisa. Bom, é certo que na City e em Wall Street, onde se lê a mim regularmente – sim, eu lhe asseguro –, os serventes do capital tremem. Eles tremem antes mesmo de saber aonde queremos conduzi-los: à rendição.

Eu lhe prometo, meu querido Keynes, não fazer mais pouco dos seus modos reguladores. Mas lembre-se: regular sem transformar não é regular. Fale disso no seu Bloomsbury Group. Um círculo, ainda, que fracassei de propósito em me ocupar da quadratura.

Seu Karl Marx.

Jean-Marie Harribey é Professor de Ciências Econômicas e Sociais, mestre de conferências em ciências econômicas na Universidade Montesquieu – Bordeaux IV, membro do Grupo de Pesquisa em Economia Téorica e Aplicada (GRETHA, UMR CNRS 5113. Doutor habilitado a orientar pesquisas em ciências econômicas, membro do conselho científico da ATTAC, Co-presidente da ATTAC e membro da Fundação Copérnico.

Publicado originalmente no Libération, em 24 de outubro de 2008

Sarney, o homem incomum


Salve a governabilidade!

anos, nem me lembro mais quantos, os principais colunistas e repórteres de política do Brasil, sobretudo os de Brasília, reputam ao senador José Sarney uma aura divinal de grande articulador político, uma espécie de gênio da raça dotado do dom da ponderação, da mediação e do diálogo. Na selva de preservação de fontes que é o Congresso Nacional, estabeleceu-se entre os repórteres ali lotados que gente como Sarney, ou como Antonio Carlos Magalhães, em tempos não tão idos, não precisa ser olhada pelas raízes, mas apenas pelas folhagens. Esse expediente é, no fim das contas, a razão desse descolamento absurdo do jornalismo brasiliense da realidade política brasileira e, ato contínuo, da desenvoltura criminosa com que deputados e senadores passeiam por certos setores da mídia.

Olhassem Sarney como ele é, um coronel arcaico, chefe de um clã político quequatro décadas domina a ferro e fogo o Maranhão, estado mais miserável da nação, os jornalistas brasileiros poderiam inaugurar um novo tipo de cobertura política no Brasil. Começariam por ignorar as mentiras do senador (maranhense, mas eleito pelo Amapá), o que reduziria a exposição de Sarney em mais de 90% no noticiário nacional. No Maranhão, a família Sarney montou um feudo de cores patéticas por onde desfilam parentes e aliados assentados em cargos públicos, cada qual com uma cópia da chave do tesouro estadual, ao qual recorrem com constância e avidez. O aparato de segurança é utilizado para perseguir a população pobre e, não raras vezes, para trucidar opositores. A influência política de Sarney foi forte o bastante para garantir a derrubada do governador Jackson Lago, no início do ano, para que a filha, Roseana, fosse reentronizada no cargo que, por direito, imaginam os Sarney, cabem a eles, os donatários do lugar.

José Sarney é uma vergonha para o Brasil desde sempre. Desde antes da Nova República, quando era um político subordinado à ditadura militar e um representante mais do que típico da elite brasileira eleita pelos generais para arruinar o projeto de nação - rico e popular - que se anunciava nos anos 1960. Conservador, patrimonialista e cheio dessa falsa erudição tão típica aos escritores de quinta, José Sarney foi o último pesadelo coletivo a nós impingido pela ditadura, a mesma que ele, Sarney, vergonhosamente abandonou e renegou quando dela não podia mais se locupletar. Talvez essa peculiaridade, a de adesista profissional, seja o que de mais temerário e repulsivo o senador José Sarney carregue na trouxa política que carrega Brasil afora, desde que um mau destino o colocou na Presidência da República, em março de 1985, após a morte de Tancredo Neves.

Ainda assim, ao longo desses tantos anos, repórteres e colunistas brasileiros insistiram na imagem brasiliense do Sarney cordial, erudito e mestre em articulação política. É preciso percorrer o interior do Maranhão, como fiz em algumas oportunidades, para estabelecer a dimensão exata dessa visão perversa e inaceitável do jornalismo político nacional, alegremente autorizado por uma cobertura movida pelos interesses de uns e pelo puxa-saquismo de outros. Ao olhar para Sarney, os repórteres do Congresso Nacional deveriam visualizar as casas imundas de taipa e palha do sertão maranhense, as pústulas dos olhos das crianças subnutridas daquele estado, várias gerações marcadas pela verminose crônica e pela subnutrição idem. , saberiam o que perguntar ao senador, ao invés de elogiar-lhe e, desgraçadamente, conceder-lhe salvo conduto para, apesar de ser o desastre que sempre foi, voltar à presidência do Senado Federal.

Tem razão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao afirmar, embora pela lógica do absurdo, que José Sarney não pode ser julgado como um homem comum. É verdade. O homem comum, esse que acorda cedo para trabalhar, que parte da perspectiva diária da labuta incerta pelo alimento e pelo sucesso, esse homem, que perde horas no transporte coletivo e nas muitas filas da vida para, no fim do mês, decidir-se pelo descanso ou pelas contas, esse homem comum é, basicamente, honesto e solidário. Sarney é o homem incomum. No futuro, Lula não será julgado pela História somente por essa declaração infeliz e injusta, mas por ter se submetido tão confortavelmente às chantagens políticas de José Sarney, a ponto de achá-lo intocável e especial. Em nome da governabilidade, esse conceito em forma de gosma fisiológica e imoral da qual se alimenta a escória da política brasileira, Lula, como seus antecessores, achou a justificativa prática para se aliar a gente como os Sarney, os Magalhães e os Jucá.

Pelo apoio de José Sarney, o presidente entregou à própria sorte as mais de seis milhões de almas do Maranhão, às quais, desde que assumiu a Presidência, em janeiro de 2003, foi visitar esse ano, quando das enchentes de outono, mesmo assim, depois que Jackson Lago foi apeado do poder. Teria feito melhor e engrandecido a própria biografia se tivesse descido em São Luís para visitar o juiz Jorge Moreno. Ex-titular da comarca de Santa Quitéria, no sertão maranhense, Moreno ficou conhecido mundialmente por ter conseguido erradicar daquele município e de regiões próximas o sub-registro civil crônico, uma das máculas das seguidas administrações da família Sarney no estado. Ao conceder certidão de nascimento e carteira de identidade para 100% daquela população, o juiz contaminou de cidadania uma massa de gente tratada, até então, como gado sarneyzista. Por conta disso, Jorge Moreno foi homenageado pelas Nações Unidas e, no Brasil, viu o nome de Santa Quitéria virar nome de categoria do Prêmio Direitos Humanos, concedido anualmente pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República a, justamente, aqueles que lutam contra o sub-registro civil no País.

Em seguida, Jorge Moreno denunciou o uso eleitoral das verbas federais do Programa Luz Para Todos pelos aliados de Sarney, sob o comando, então, do ministro das Minas e Energia Silas Rondeau este um empregado da família colocado como ministro-títere dentro do governo Lula, mas de defenestrado sob a acusação, da Polícia Federal, de comandar uma quadrilha especializada em fraudar licitações públicas. Foi o bastante para o magistrado nunca mais poder respirar no Maranhão. Em 2006, o Tribunal de Justiça do Maranhão, infestado de aliados e parentes dos Sarney, afastou Moreno das funções de juiz de Santa Quitéria, sob a acusação de que ele, ao denunciar as falcatruas do clã, estava desenvolvendo uma ação político-partidária. Em abril passado, ele foi aposentado, compulsoriamente, aos 42 anos de idade. Uma dos algozes do juiz, a corregedora (?) do TRE maranhense, é a desembargadora Nelma Sarney, casada com Ronaldo Sarney, irmão de José Sarney.

poucos dias, vi a cara do senador José Sarney na tribuna do Senado. Trêmulo, pálido e murcho, tentava desmentir o indesmentível. Pego com a boca na botija, o tribuno brilhante, erudito e ponderado, a raposa velha indispensável aos planos de governabilidade do Brasil virou, de um dia para a noite, o mascate dos atos secretos do Senado. Ao terminar de falar, havia se reduzido a uma massa subnutrida de dignidade, famélica, anêmica pela falta da proteína da verdade. Era um personagem bizarro enfiado, a socos de pilão, em um jaquetão coberto de goma.

Na mesma hora, pensei no povo do Maranhão.

Leandro
Fortes é jornalista e o artigo foi publicado em seu blog “Brasília, eu vi”


quinta-feira, 23 de julho de 2009

Senado aprova lei da pedofilia e sobe pena para estupro


O Senado aprovou projeto de lei que prevê reclusão de 2 a 6 anos e multa a quem apresentar, fotografar, filmar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, cenas pornográficas envolvendo criança ou adolescente. O projeto vai para a sanção do presidente Lula. A proposta também prevê reclusão de 2 a 6 anos para quem agenciar, autorizar, facilitar ou intermediar a participação de menores em cenas pornográficas.

O Senado também aprovou projeto de lei que reformula artigos do Código Penal. As penas para alguns crimes, como o de estupro, ficam mais severas - de 8 a 12 anos se o ato resultar em lesão corporal grave ou se a vítima tiver entre 14 e 18 anos. Em caso de morte, a pena vai para 12 a 20 anos.

A proposta também prevê a criação de um novo tipo penal: o estupro vulnerável, que substitui o crime de sedução e o regime de presunção de violência contra menores de 14 anos. Estão incluídas também pessoas que, por enfermidade ou deficiência mental, não tenham discernimento. A pena vai de 8 a 15 anos de reclusão, aumentada se houver a participação de quem tenha o dever de cuidar da vítima. Com lesão corporal grave, a pena sobe para 10 a 20 anos; em caso de morte, 12 a 30 anos.

domingo, 19 de julho de 2009

Google desafia a Microsoft


"O Google vai dominar o mundo." Mesmo não sendo muito apreciada pelos executivos da empresa, a frase é entoada com frequência por milhões de internautas, que se acostumaram a ver a presença destacada da companhia em setores como editores de imagens (Picasa), blogs (Blogger), celulares (Android) e serviços de localização (Maps).Pois agora, eles têm mais um motivo para acreditar no poder - crescente - da marca. A empresa anunciou na semana passada que está trabalhando em um sistema operacional para ser usado em netbooks e rivalizar, diretamente, com o Windows, da Microsoft.

Batizada inicialmente de Google Chrome OS, a plataforma está sendo baseada no navegador Chrome, lançado há nove meses pela empresa. A expectativa é que o sistema de código aberto esteja disponível até o fim do ano para a comunidade de desenvolvedores, para que, já no segundo semestre de 2010, o mercado receba os primeiros computadores com o sistema embarcado.

A ideia é criar um ambiente pensado especialmente para navegar na internet e para usar aplicações como editores de textos, caixas de e-mail, agendas e uma diversidade de ferramentas que podem ser acessadas diretamente na rede, sem a necessidade de tê-las instaladas no computador. A tecnologia, batizada de cloud computing (ou computação nas nuvens) e defendida ferreamente pelo Google, é considerada por muitos especialistas como o futuro da informática e que acabará substituindo o modelo tradicional de venda de software sob licença, praticado há décadas pela Microsoft.

"O Chrome OS é o primeiro sistema operacional pós-internet, baseado em uma série de serviços da web, desenhado de baixo para cima e repensado para um mundo conectado", declarou o analista de mercado Rob Enderle.

Leve e rápido - De acordo com o Google, o novo sistema terá uma interface amigável e simples, como os demais produtos da empresa, e focará em aspectos como segurança e rapidez. No blog da companhia, o responsável pela gestão de produto, Sundar Pichai, e o diretor de engenharia, Linus Upson, disseram que a novidade vem atender à demanda de um público que muitas vezes não se importa com que tipo de plataforma que roda no computador, mas sim com o que ele pode fazer quando está conectado na internet.

"É nossa tentativa de mostrar que é preciso reconsiderar como deveriam ser os sistemas operacionais. As pessoas querem ir diretamente para o e-mail, sem ter que esperar que o computador faça o boot e que o navegador se inicie", afirmaram. "E o mais importante: eles não querem gastar horas configurando o PC ou atualizando softwares", escreveram, se referindo aos resultados de uma pesquisa realizada pela companhia sobre os desejos de diversos usuários de micros.

Dilma terá encontro com Barack Obama


A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, se encontrará com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, terça-feira. O encontro será em Washington, dentro da programação oficial da viagem da ministra à capital norte-americana. Dilma participará da 4ª Reunião do Fórum de Altos Executivos de Empresas do Brasil e dos Estados Unidos. Antes de se reunir com Obama, Dilma se encontrará com o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.

Propaganda Socialista no Financial Times



“O colunista Ben Funnell não é nem de longe um socialista. Mas a causa socialista ganhou um tento com seu artigo, A dívida é o pequeno truque sujo do capitalismo, publicado no jornal inglês Financial Times. Ele fornece dados ''de nocautear'' sobre a concentração de renda nos Estados Unidos durante o apogeu neoliberal. Explica ''por que não houve uma revolução''. Escorrega no final, quando discorre sobre ''o que pode ser feito''; mas também não é de admirar, em alguém que nem de longe é socialista.

Funnell não se detém na crise capitalista atual, mas nas décadas precedentes, de razoável crescimento e ''pensamento único'' neoliberal. Sua conclusão: ''Em palavras simples, os benefícios do crescimento econômico foram para os bolsos dos plutocratas''.

''SÃO DADOS DE NOCAUTEAR''

Ele dá dados: segundo economistas do banco Société Generale, a renda da quinta parte mais rica da população dos EUA aumentou 60% desde 1970; ao mesmo tempo, a renda dos quatro quintos restantes caiu mais de 10%.

Somente a família Walton, dona da rede multinacional Wal-Mart de supermercados, tem mais dinheiro que todo o terço mais pobre da população dos EUA. Uma família tem mais dinheiro que 100 milhões de americanos...

''POR QUE NÃO HOUVE UMA REVOLUÇÃO?

''São dados de nocautear, confirmados pelos sempre crescentes índices de Gini, due mede as disparidades de renda, nos EUA e no Reino Unido'', comenta Funnell. ''Outra forma de colocar o problema é que a divisão das fatias do Produto Interno Bruto está no nível de 100 anos atrás, ou estava até recentemente''.

''Então por que não houve uma revolução?'', indaga Funnell. E chega então ao seu raciocínio central: ''Por que havia uma saída: o endividamento''.

''O excessivo endividamento da sociedade ocidental nos últimos anos era a única forma de manter altos níveis de vida para a maioria da população em uma época onde a elite concentrava mais e mais riqueza'', comenta. E a seguir mostra como o sonho acabou, ''o que significa um crescimento econômico mais baixo por muitos anos no futuro''.

UM RECUO PARA LONGE DO ABISMO

Depois de apanhar em flagrante a iniquidade da pirâmide social americana (e, de quebra, também da inglesa), Ben Funnell chega à parte das saídas. E aí o seu texto fica ainda mais interessante: o leitor atento há de notar como ele sente que talvez tenha se excedido, chegado perto demais do abismo que um colunista do mais que centenário jornal financeiro britânico jamais deve sequer admitir, e ensaia uma meia-volta-volver.

''O que pode ser feito? Primeiro, embora não seja o ideal, não devíamos ser açodados demais em abandonar o modelo capitalista. Ele é menos mau que qualquer outro sistema já inventado'', assevera o colunista, para o alívio de seu editor no Financial Times.

TARDE DEMAIS, BEN FUNNELL

Depois da meia-volta, o artigo termina em enticlímax. A montanha pare um rato, embora seja um rato ''estrutural'', segundo assevera seu autor: ''Precisamos de um novo consenso político, destinado a uma redução de conjunto dos níveis de endividamento, enquanto reduzimos as disparidades encorajando a educação, o empreendorismo e o investimento em inovação''.

Tarde demais, Ben Funnell. O último parágrafo do artigo, com sua lengalenga, evidentemente não encaixa e não convence (exceto uma acurada constatação de que ''os atuais níveis de disparidade de renda são uma bomba-relógio política''). Quem ler seu artigo, verá, ao concluirá, ao contrário, que é precisamente o modelo capitalista que faz água e precisa ser abandonado. Portanto, a causa socialista, enternecida, agradece.

A concentração da renda e da riqueza faz parte da lógica do sistema capitalista. Isto pode ser constatado estatisticamente, não só nos EUA e na Inglaterra, e não apenas nas décadas de ouro do neoliberalismo. A ''distribuição'' de renda possível, no capitalismo, é esta deletéria e destrutiva que o mundo assiste com a crise. Não há ''reforma estrutural'' capaz de criar um ''capitalismo virtuoso'', frugal, piedoso, preocupado com os pobres e blindado contra crises.

FONTE: artigo de Bernardo Joffily, na coluna de Ben Funnell, no jornal inglês Financial Times, publicada no site “Vermelho” em 15/07/2009.

*Blog de um sem- mídia

Gripe suína na mira de detetives


Grupo investiga o avanço de moléstias que desafiam a medicina, como a nova gripe

Casos que desafiam a medicina, como o vírus influenza A H1N1, a gripe suína, são a especialidade de alguns paulistanos. O grupo formado por 11 profissionais, sendo seis deles funcionários da Secretária Municipal de Saúde, e cinco, da pasta estadual, é conhecido como ‘detetives da saúde’. Eles trabalham para evitar que doenças respiratórias, como a nova gripe, se espalhem. Sem o trabalho deles, os contágios poderiam sair do controle. Esses detetives convivem com doentes, tentam descobrir as causas das doenças e elaboram estratégias para barrar seu avanço.

Um médico, um enfermeiro e dois veterinários são os cinco ‘investigadores’ do Episus paulista - programa de treinamento de profissionais, supervisionado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde(leia mais ao lado). Só este ano o Episus fez 70 investigações. Eles investigam também outros tipos de doenças. O programa foi criado pelo Ministério da Saúde em 2000 e existe em 40 países.

Cada informação é preciosa para elucidar o porquê do avanço da doença. A investigação começa com a análise das notificações das moléstias, passa pelo estudo sobre onde os casos ocorreram e termina em salas de reuniões com o Centro de Controle de Doenças (CCD) da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde. O Episus também vai a campo em outras cidades do Estado, onde o aumento de casos seja verificado.

O objetivo é elaborar ações de controle das doenças. No caso da gripe suína, os detetives conversaram com os infectados, com vizinhos e com pessoas que tiveram contato com os pacientes.

Pistas

São os doentes que fornecem as principais pistas da origem de um surto. Agilidade dos detetives é fundamental no processo.“Precisamos identificar rapidamente e controlar a situação para evitar novos casos”, diz a coordenadora do Episus, a veterinária Beatriz Kitagawa.

O contato direto com infectados deixa os investigadores expostos aos vírus e bactérias. Para evitar que sejam contaminados, eles vão a campo protegidos. No caso da nova gripe, a máscara nunca é tirada do rosto.

Após desvendar o mistério de como a doença se espalhou, os detetives do Episus se reúnem com os investigadores dos municípios. No caso da capital, há 80 funcionários, seis deles apenas para doenças respiratórias, como a gripe suína. É obrigação de cada município desenvolver as ações de controle de vírus e bactérias. Também deve capacitar profissionais, informar resultados de exames e fazer estudos para identificar o que provocou o aumento da doença.

Para evitar o rápido aumento do números de vítimas da doença, as duas equipes trabalham em conjunto. “Se não fizéssemos isso, poderíamos ter mais gente adoecendo. Existimos para evitar que a doença se espalhe”, explica a coordenadora do grupo da capital, Rachel Maria Borelli.

Rotina

A rotina dos detetives não tem hora para começar nem para terminar. Disponíveis em período integral, eles podem ser acionados a qualquer momento. Tudo para descobrir o que fez uma população adoecer e também procurar as causas de uma morte suspeita.

Eles afirmam, contudo, que o trabalho é gratificante. “É muito bom conseguir resolver o problema. É o resultado do nosso trabalho que faz com que uma cidade toda fique mais sadia”,

Interesse apaixonado

- Ali! se disséssemos a nós mesmos, cada dia: "Tu só podes fazer uma coisa àqueles a quem amas:
deixar-lhes as alegrias que possuem e aumentar a sua felicidade participando dessas mesmas
alegrias! Pudesses tu proporcionar uma só gota de bálsamo à alma torturada pela paixão, roída pela
tristeza no mais íntimo de si mesma, quando a enfermidade sem esperança abater com os seus
terrores aquela a quem minaste a vida ainda florescente; quando a vires exausta, os olhos sem
brilho voltados para o céu, o suor da morte manando da sua fronte lívida; quando estiveres de pé
diante desse leito, como um condenado, certo de que tudo quanto fizeres é inutil; quando, com o
coração mordido pela angustia, quiseres tudo sacrificar para dar a essa criatura agonizante uma
parcela de conforto, uma centelha de coragem!..."

*Goethe

Crise em Honduras afeta mais de 3 milhões de crianças, afirma Unicef


A crise política iniciada em Honduras com a deposição do presidente Manuel Zelaya há três semanas acabou afetando mais de três milhões de crianças, afirmou neste sábado o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Em comunicado divulgado na capital do país, Tegucigalpa, o organismo humanitário expressou "sua profunda preocupação com os eventos acontecidos durante as últimas semanas em Honduras".

"O Unicef acompanhou de perto o desenvolvimento da atual crise política, e observa que esta já está afetando significativamente os mais de 3,5 milhões de meninas e meninos hondurenhos", acrescenta a declaração, assinada pelo representante do organismo na capital, o brasileiro Sérgio Guimarães.

O Fundo pede a "civis ou militares", hondurenhos e estrangeiros, dentro e fora do país, "para respeitar e fazer respeitar a Convenção sobre os Direitos da Criança, especialmente aqueles relacionados à proteção dos menores de 18 anos, nas presentes situações de insegurança".

"O Estado hondurenho, em toda circunstância, tem a obrigação de proteger a infância e velar pelo cumprimento de seus direitos, ao ter ratificado esse tratado internacional", ressalta o comunicado.

O Unicef advertiu que a manutenção da situação atual cria um alto risco de que, no futuro, haja consequências ainda mais graves para o bem-estar e desenvolvimento dos menores hondurenhos.

O organismo afirmou que "a história da humanidade em geral mostra claramente que, quando os adultos entram em conflito e geram ações violentas entre si, são as meninas e meninos que pagam o preço mais alto por esses desacordos".

Zelaya foi deposto em 28 de junho, o que provocou uma cadeia de protestos de seguidores que exigem a restituição do presidente no cargo, enquanto os adversários se opõem a que o líder retorne ao país.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Convocatória à Plenária sobre Organizações Sociais

Privatizar o Serviço Público é um crime contra o povo!

As Organizações Sociais – entidades privadas ditas filantrópicas, adentraram no serviço público de Santa Catarina em 2004 e cada vez mais vêm privatizando os serviços. Desde a aprovação da Lei de incentivo às Organizações Sociais (Lei 12.929/04) o povo já perdeu para a iniciativa privada o Hemosc e o Cepon, dois grandes centros especializados na coleta e distribuição de hemoderivados e no tratamento do câncer.

Atualmente, a qualidade do atendimento nessas unidades vem caindo a cada dia. Como, por exemplo, a cruel fila que vem se formando na radioterapia do Cepon, onde pacientes com convênios privados são atendidos prioritariamente, em detrimento dos pacientes do SUS. Sem mencionar a situação dos servidores públicos dessas instituições que estão sob o controle de chefias indicadas pela Organização Social e vivem uma realidade de pressão diária. Além disso, com a privatização, os funcionários não são mais contratados através de concurso público, e sim por seleção realizada pela Organização Social e com contratos celetistas. Também a compra de todo material e equipamentos é feita sem licitação. E o pior: tudo pago com verba pública que a Secretaria de Estado da Saúde destina à Organização Social.

O Movimento Unificado contra as Privatizações – MUCAP está realizando a campanha “O Povo em luta faz a lei” em todo o estado, com o objetivo de encaminhar um projeto de iniciativa popular à Assembléia Legislativa de Santa Catarina pela revogação da Lei das OS's. Nessa campanha precisamos de 1% de assinaturas do eleitorado catarinense, registradas com o RG e o número do título de eleitor. No total são 44 mil assinaturas divididas em 20 municípios.

Por esse motivo, é necessário que as entidades sindicais, estudantis e populares de Santa Catarina estejam envolvidas nesse debate e abracem essa campanha, em defesa do Serviço Público

.

Participe da Plenária sobre as Organizações Sociais e fortaleça essa luta.


DATA: 17/072009 ( SEXTA FEIRA)


HORA: 18:30


LOCAL: Sindicato dos Bancários de Chapecó


(Na ocasião também haverá apresentação de uma peça teatral sobre o tema)



Movimento Unificado Contra a Privatização - MUCAP

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enfim, sinta-se a vontade.

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