segunda-feira, 11 de junho de 2012

Monocultura e seca

Estamos no estado do Rio Grande do Sul, passando por um período de estiagem que dura sete meses.
  Mesmo em regiões ricas em águas,como o município de Pelotas os efeitos da estiagem se fazem presente, como o racionamento de água no perímetro urbano,bem como o uso de caminhões pipas na área rural do município.
  Se de um lado vemos o racionamento de água em domicílios das áreas da periferia da cidade, encontramos o desperdício de água na lavagem de automoveis nos lava jatos,postos de gasolina,tubulações quebradas,bem como nas áreas centrais e nobres do município e adjacências.
  A seca é um fenômeno natural que esta presente desde os primórdios, com os avanços tecnológicos na meteorologia,podemos até nos previnir, algo em que não tem acontecido.
  As freqüêntes secas que a cada ano tem atingido o estado do Rio Grande do Sul um dos principais estados agrícolas do país, onde grande parte dos municípios tem a raiz econômica na agricultura e pecuária.
  A seca não é apenas um fenômeno natural, mas está ligado ao modelo agrícola que vem dominando o Brasil e  mundo há décadas.Este modelo capitalista, machista e patriarcal que se sustenta através do latifúndio,da monocultura de exportação,da priorização financeira as multinacionais e grandes empresas  que detém o controle das sementes,das máquinas, dos agrotóxicos, da alta tecnologia e inclusive,do processamento dos alimentos e da produção de medicamento.
  Além do hidronegócio que tem se adonado dos mananciais e do mar expulsando as comunidades ribeirinhas e pesqueiras.
  Temos visto o avanço descontrolado do agronegócio sobre o pampa,através das empresas de florestamento( pinus,acasias,eucalipto), como a fruticultura,monocultura de soja que tem causado sérios desequilíbrios sócio-ambientais, como a expulsão de camponeses de seus locais de moradia.
  Bem como o assoreamento de rios,arroios e a destruição de nascentes,que tem causado a fome, miséria e pobreza,bem como o aparecimento de doenças.O atual modelo de desenvolvimento tem causado o desaparecimento também de espécies de animais e plantas,causando sérios desequilíbrios ecológicos que tem afetado a população rural dos pequenos, médios municípios, como dos municipios pólos e metropolitanos.
  O modelo econômico de desenvolvimento da região tão defendido pelas autoridades políticas, setores empresariais e ruralistas é o responsavel pela crescente seca.
  Ao mesmo tempo em que vemos o descaso dos políticos perante as situações de emergências no campo, como a seca, onde recorrem a medidas paliativas, para resolver a problemática em beneficio da monocultura e salvar os bancos e as empresas transnacionais, grandes proprietários rurais para que não tenham prejuisos.
  Vemos que tais benefícios não ajudam os camponeses,pois tais projetos,autoridades e entidades desconhecem a realidade camponesa, como a perda da produção agrícola,falta de água, a perda das sementes e a biodiversidade.
  Que faz com que os camponeses/as ficam mais empobrecidos e tendo que migrar para as cidades pólos enchendo os bolsões de miséria e o desemprego.
   A questão da seca podemos resolver mudando o atual modelo ecônomico, como garantindo o acesso a terra, água e a preservação da biodiversidade( sementes, mananciais de água,animais e plantas nativas), pelas populações camponesas.
  A questão da seca é política e só resolveremos quando mudarmos o modelo econômico e tivermos um outro mundo possível e necessario.

Por: Júlio Lázaro Torma
* Membro da Equipe da Pastoral Operária Arquidiocesana, Pelotas /RS
Colaborador deste Blog

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