Eu (um personagem tão tradicional), cá me vejo adoecido por um mal da modernidade... Pude ver a depressão vindo em minha direção, e inerte (e covarde) fui penetrado por sua agulha, que trazia algo mais forte que a mais forte morfina pudesse me proporcionar. Não sinto o molhado-quente da lágrima, há apenas a sensação de um pequeno inseto que desce sobre meu rosto, indo da direção olho/ boca...
A Colombina me abandonou para pular em Salvador... É duro imaginá-la atrás de um trio-elétrico, beijando oito, nove caras por noite...
E eu, esquecido que sou, procuro em alguma cidade interiorana um baile, que me queira e ainda me venere...
Fico trancado em meio a escombros idealizados por carnavalescos, ora arquitetando minha própria morte, ora tocando punheta e lembrando de quando ela fazia só para mim a dança dos sete véus... Sua anca tal qual serpente, coberta por um mosqueteiro, descia e subia exibindo o suor típico de uma longa noite de calor em um salão repleto de arlequins e fadas-madrinhas!
Se ainda como, é graças à caridade de meu amigo Momo, o rei que ainda impera e ostenta uma sorte não conhecida por mim...
Organizei um jantar, convidei Dante, Tarantino e Da Vinci... Queria saber os segredos do purgatório, e comparar à vida que em terra vivo; queria descobrir os mistérios da psicopatia hollywoodiana, e matar com requintes de crueldade àquela que já amei; e por fim, queria entender a anatomia humana, para saber com precisão o ponto certo da entrada da faca, que permitisse ao meu peito uma dor não tão doída... Eles não vieram! Não sabem quem sou... Ah se fosse há cinqüenta anos, quem sabe, saberiam...
Ando entorpecido por lança-perfume, sonhando com o momento de ver todo aquele silicone explodindo e vazando junto ao sangue daquela que já foi minha musa, e que hoje, apela ao bisturi para tentar ser a musa do carnaval-grana e ter suas nádegas estampadas “na tela da TV, no meio desse povo” e em capas de revistas masturbatórias!
*Sapo Dick Vigaristta
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
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