quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Aonde vamos chegar?

Que fez a inteligência, assim que desabrochou, como uma flor luminosa, no primeiro cérebro humano? Quis saber o que era ela própria, e o que era a humanidade, e o que era a Terra, e o que era o Universo. E endereçou então a tudo essa grande pergunta ansiosa e dolorosa, que ainda não teve resposta...
– Olavo Bilac (1865-1918)


Segundo cientistas antenados, o Universo teria surgido há 13,5 bilhões de anos e a Terra há 4,5 bilhões de anos. O primeiro hominídeo, denominado australopiteco, aproximadamente 5 milhões de anos atrás. Daí, a humanidade com o intrínseco fado de revolucionar a constituição de toda criação. Assim, os então “frágeis” humanos saíram da primitiva ferocidade de cavernas, em bandos de nômades aculturados na arribação, desbravaram selvas, romperam distantes prados e íngremes montes, rumaram largos rios e oceanos de procelas, adiante, automatizaram-se os membros de manipulação e mobilidade, passaram flutuantes a cruzar com revoadas soberbas, pulularam a espécie, poluíram e afoguearam o planeta, escarafuncharam a infinitesimal estrutura do átomo, produziram a bomba do caos ardente, recriaram o cérebro à eletrônica e dão ar de onipresença em esferas outras do sistema solar, com o estro aos extremos.

Mas, como revolução se faz com engenharia política, choque de superenergias, dinâmica entre forças antagônicas e a dor tenebrante dos tempos geológico e histórico, ocorreu um sem-número de vidas sacrificadas em selvageria de guerras e conflitos sociais, jorros de suor e sangue, para que, enfim, ousássemos transcender a condição de homo sapiens. Domamos e clonamos feras, idem, alteramos a genética de microorganismos. Isolamos raios. Superamos a velocidade do som. Arquitetamos edifícios sobre amortecedores, inabalados a terremotos. Prolongamos a estética do organismo com longevidade, configurando-nos em ultrabiônicos próprios. Demos intenso brilho à sapiência, quais entusiasmados isodeuses. E agora, em menos tempo, no anonimato, brotam-se da gênese mais geniais Aristóteles, Newton, Da Vinci, Shakespeare, Einstein... Não precisamos tanto da premissa “Deus” (deixemo-Lo descansar da Fiat Lux e do Sétimo dia!) para dominarmos os mistérios da existência.

Embora o massacre das potências bélicas e econômicas sobre a maioria das nações subjugadas. Embora mais, o horror da nescidade e a miséria sobrepondo-se a multidões socialmente excluídas, pela tirania de impérios. O extermínio à carnificina de raças afins. A história traçada a Poder e Mito, à força da crueldade e à comunicação alienista das elites sobre o povo. A democracia de oligarcas cunhada na ironia e na grasnada da politicagem. O desbarato de metade de toda produção alimentícia e a fome rude na Terra... E saciem-se, vermes! Ainda nesta desigual luta para eliminar nosso principal devorador: o Capitalismo – como que criado por um gênio gerado de ejaculação precoce e de gravidez indesejada.

O Capitalismo nos dias de Estados falidos, sitiado por protestos populares nas ruas da Europa e pela bananosa na economia dos EUA. O Capitalismo (carrasco dos “sonhos” de consumistas) que produz dívidas a números infinitamente negativos e geométricos pesadelos. Que dissemina ódio e sordidez universais, que induz à guerra entre nações para o faturamento insano de engenhos exterminadores, e reações estarrecedoras de homens-bomba. Que reduz a vida humana a mero produto carnal, na exploração da força do trabalho e do tráfico de jovens em ‘negócios’ de aluguel do sexo e de drogas horridamente necróticas. O Sistema que, excruciante, propiciou as pútridas condições de sobrevivência, que atualmente transforma centenas de milhões de mentes servis em presa de transtornos psiquiátricos e acumula capital pelas multinacionais de antidepressivos. E que alucina bilhões de vidas no fanatismo do futebol e da “palavra do Senhor”, para movimentação de nebulosas e incomparáveis cifras, mundo afora.

Na tredice da linguagem capitalista, Ética passou a significar utopia de filósofos, apenas; Karl Marx e comunismo, páginas cheirando a mofo. Sindicatos e partidos políticos, reduzidos a representações do crime organizado contra o erário. E, cada vez mais raro, encontrar militantes ideológicos da Esquerda tem sido trabalho para pesquisadores acadêmicos. Deste modo, o dedo indicador do capitalismo permite e financia o carreirismo político ascendente ao poder de novas caras (e com direito a jingle romântico!), desde que sejam dóceis e reneguem seus históricos de rebeldia. Ou “vão nadar, nadar e morrer na praia”. A exemplo de tantos arrivistas: Lula e Dilma no Brasil, Obama nos EUA e outros bonecos de ventríloquo na história recente.

Mas, como redimir a humanidade de todas essas maldições e prantos? O que fazer com os capitalistas de rapina? Fuzilá-los, cremá-los e jogar suas infames cinzas em Plutão? Esterilizar essa minoria de concentradores de riqueza, e todos os mercenários e pelegos que os servem, para que não reproduzam mais herdeiros de vastas fortunas e de vassalos? Transmutar genes de falantes parasitas da pregação? E, absortos no próprio breu da ganância, soterrar na grande vala de bestas-feras, ainda vivos, banqueiros e demais hematófagos do sistema financeiro?

À luz deste milênio, intelectivo seria o processo de reeducação coletiva, de democratização do conhecimento – pesquisa, tecnologia e sustentabilidade. De socialização da riqueza e bem-estar das massas, com justiça de Estado ilibada. De pluralização dos meios de comunicação livres e responsáveis, sem patrocínio e domínio de grupos econômicos. Restituir a revolta dos primeiros cristãos, cuja doutrina visava conscientizar e evolucionar o homem contra a exploração e opressão de seus semelhantes, o legado do alarmado e original Cristo (Agitador da inteligência, Mártir pelo amor); rejeitar o estereótipo do inumano alienígena, sacro-belo e casto, lêmure de supostos milagres e alucinações, matreiramente falsificado pelos poderosos para sufocar e dominar os cristãos do primeiro século. E que perdura sobre incautos fiéis.

Ao atingirmos a Era Digital da comunicação sem fronteiras ao vivo em fibra ótica e em redes sociais, ao dominarmos – por cognição e sabedoria – as ciências da Natureza e, excelsamente, suplantarmos a decrepitude com a regeneração do organismo através das células-tronco... Na condição de homo tressapiens, assim a Terra vai ficando apequenada e extenuantemente monótona ante a assombrosa elevação do cérebro iluminado. Dentro em breve, esta galáxia será povoada por nossa privilegiada espécie. E que supremacia, memorável poeta! (“ouvir estrelas?”) Contudo, antes, convém redefinirmos a relação social e econômica entre os humanos, inutilizando o abjeto Capitalismo. Do contrário, esses bilionários terráqueos hão de migrar e alienar mão-de-obra escrava, moldar corrupção noutros longínquos planetas. Ora, vates! Obamas, Lulas e coisas-à-toa da vida não faltarão para tanto, se vacilarem os supercérebros da civilidade.

Julio Cesar de Castro presta assessoria técnica em Construção Civil.

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