domingo, 3 de fevereiro de 2008

O pecado original


Na encíclica papal"Centésimos annus", aponta o fracasso do comunismo na ignorancia do pecado original. Pensou a sociedade em termos igualitários, na suposição de que o ser humano é, por natureza, bom. O empecilho para uma sociedade justa e solidaria estaria apenas na questão da propriedade. Abolindo-a como direito particular, e coletivizando todos os bens, chegar-se-ia, finalmente a sonhada igualdade e fraternidade. Sendo tudo de todos, desapareceria a ganância, a injustiça, a má distribuição. O melhor jogador de futebol do mundo, bem como o mais famoso artista, não receberiam mais que um simples varredor de rua. Cada qual, em resumo, contribuiria de acordo com sua capacidade e receberia de acordo com suas necessidades. O ideal, porquanto utópico, galvanizou a opinião pública. Parecia a solução para todos os problemas, principalmente os da corrupção e do desvio de dinheiro. Mas, no momento que se tentou implantá-lo, revelou-se radicalmente insuficiente, falho e até opressor e desumano. Estava baseado num falso presuposto. O ser humano, na verdade, esta inclinado para o mal, não por causa da propriedade, mas por algo mais profundo que a Revelação divina individualiza no pecado original. Tem algo a ver com Deus. A fastando-se dele e de suas leis, envereda por caminhos que levam a distruição, á exploração e á superposição de uns sobre os outros. É sintomático que aqueles que tentaram eliminar a propriedade privada tentaram também impor um ateísmo militante. Deu no que deu! sentindo que não bastava eliminar a propriedade particular para obter uma sociedade justa e solidária, os regimes marxistas apelaram para a força. Armaram-se até os dentes. Gastaram enormes recursos da sociedade para a corrida armamentista. Tentaram impor sua "ordem." militarmente. Aos recalcitrantes, prisão e morte. Foi assustador quando se fez o cômputo geral das vitímas, por ocasião da implosão da União Soviética: 110milhões de vitimas, em 70 anos de vigência! Catastrófico! Além do mais, o quê não era previsível no esquema marxista, mas óbvio pela visão cristã, nos regimes que se denominaram comunistas logo se criou uma "casta de dirigentes," que se locupletou. E a corrupção, junto com a tirania, campeou. "Eram os mais iguais". Gozavam de pingues privílegios. O ditador comunista da Romênia armazenara, no seu mome, nada menos de 30 bilhões de dolares, mais que o orçamento de toda nação! O pior de tudo é que o sistema, assim imposto, tirou a iniciativa dos cidadãos, transformando-os em simples robôs. Destruiu a própria sociedade. No outro lado está o liberalismo. Frutificou no capitalismo selvagem. Não só reconhece a existência do pecado original, como também baseia sua propria estrutura sobre ele. Explora o pecado, ou seja, usa-o para atingir seus objetivos de se locupletar. Defende, sim, a liberdade, mas a deseja apenas para seu próprio proveito. Cunhou o provérbio: cada um por si e Deus por todos. Com isso deixa o indivíduo isolado, unicamente responsável por si. A corrupção campeia por toda parte. Não a dúvidas que tanto o socialismo como o liberalismo têm sua face atraente. É imprescindível que se calque o social, comprometendo os seres humanos uns com os outros. Não há dúvida que somos essencialmente sociais. Necessariamente convivemos. Nesse sentido, vale o provérbio: um por todos e todos por um. Desconhecer o compromisso social é mutilar o ser humano. De outro lado, porém não se pode ignorar que prerrogativa humana, por excelência, é a liberdade. Ele é o senhor de si: capaz de se autodeterminar de tomar iniciativas e de realizar-se. Isso ninguém lhe pode, impunemente, tirar, sem distruí-lo em sua dignidade. Até Deus respeita esta liberdade, com o qual dotou sua criatura mais perfeita. A liberdade é, pois, questão de vida e morte. Ali se trava a grande batalha da dignidade humana. Mas como conciliar a liberdade com o compromisso social? Se não houvesse pecado original, ou seja, se o ser humano fosse naturalmente bom, não haveria problema. O general Osório dizia que é fácil comandar homens livres: basta indicar-lhes o caminho. Se o homem fosse naturalmente bom faria tudo por amor, que brotaria exuberante do seu coração humano. Mas como este coração esta gravemente ferido, precisa se organizar de tal modo que se evite o mal e se promova o bem. É preciso, antes de tudo, lutar contra o pecado, o que se equivale a dizer: prevenir-se contra ele, evitar as ocasiões de queda e reforçar as atitudes positivas. O profeta Jeremias fala em demolir, destruir. Mas logo acrescenta a necessidade de edificar e plantar. É preciso ser realista: o compromisso social, bem como a liberdade existem, mas devem ser promovidos e amparados.

dom Dadeus Grings

2 comentários:

Anônimo disse...

uuauauauuauau

produto da mente disse...

obrigado por sua visita, volte sempre

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