quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Repensar sempre


O poder capitalista conseguiu sobreviver à explosão esquerdista do final do séc. XIX e princípios do séc. XX mediante, sobretudo, um “contra ataque” ideológico sustentado no poder do controle de massas (aprendido e desenvolvido com as experiências fascistas), coadjuvado com a caída do modelo socialista nos países de leste.

Os meios de comunicação de massas converteram-se na principal ferramenta do sistema, na medida em que lhes permite controlar a forma de pensar das pessoas. Nunca, em toda a história do sistema, este possuiu tantos meios para controlar o pensamento global. Assim se impôs o pensamento único. O sistema capitalista conseguiu enganar massivamente o povo, (fazendo-o acreditar que tem o poder) através de democracias “controladas”, onde não tem medo de lhe perguntar o que pensa porque, previamente, se encarregou de fazer com que o povo pense o que ele quer.

O capitalismo conseguiu criar na maioria dos cidadãos a falsa ideia de que vive em democracia e liberdade, que a esquerda forma parte do sistema, de que existe pluralidade, quando na realidade a democracia é verdadeiramente escassa, onde a liberdade continua sendo uma utopia e a esquerda transformadora (cujo objectivo básico é transformar as sociedades para melhoria das condições de vida da maioria das pessoas), a verdadeira esquerda, tende a desaparecer do mapa político.

Por suposto, para além do controlo dos meios de comunicação, que se converteram em autênticos “fazedores” de opinião, e que usam para fomentar o bipartidarismo, o sistema tem os seus próprios “mecanismos legais de defesa” para que as chamadas democracias representativas não permitam o acesso ao poder de forças políticas “perigosas”. A famosa lei eleitoral que pretendem implementar é disso exemplo. Elaborada para fomentar o bipartidarismo e relegar à marginalidade as forças políticas “non-gratas”, um sistema de financiamento que faça depender os partidos, por um lado do poder económico e por outro do Estado, de tal maneira que se um partido não chegar a ter representação nas instituições, não é financiado pelo Estado e que só podem chegar a essas instituições os partidos que tenham promoção suficiente, ou seja aqueles que recebam o financiamento suficiente por parte do poder económico (pescadinha de rabo na boca) proibindo na prática (ainda que nunca em teoria) o acesso às instituições a partidos não controlados pelo poder económico.

Ainda assim, nalguns países, quando tais “mecanismos” não impedem a chegada ao poder político de uma força que vá contra o poder económico, o “capitalismo internacional” encarregar-se-á de colocar a lenha na fogueira, para acossar e desprestigiar o governo desses países, através de campanhas mediáticas internacionais (a guerra mediática ou terrorismo mediático), inclusivamente através de operações de destabilização interna.

O capitalismo aprendeu a lição com a história recente e sabe que não pode permitir-se o luxo de deixar que a esquerda triunfe onde quer que seja, num mundo cada vez mais globalizado como o nosso.

Nesta lavagem cerebral que o capitalismo tem feito nas últimas décadas, procurou-se fomentar aquelas características do ser humano que interessam ao sistema (egoísmo, individualidade, passividade, submissão, conformismo, pensamento de grupo ou “mansidão intelectual”, estupidez, cobardia, comodismo…) e reduzir ou eliminar o mais possível, aquelas características do ser humano que não interessam (altruísmo, solidariedade, activismo, rebeldia, pensamento crítico e livre, inteligência, curiosidade, independência, inquietude, optimismo, valentia…). Em certa medida conseguiram impor a hegemonia cultural do capitalismo. O sistema conseguiu colocar a maioria da população endividada (portanto subjugada), dificultando-lhe (ainda que não impedindo por completo) o acesso a certas necessidades básicas como a habitação e criando-lhe necessidades artificias mediante o consumismo ilimitado.

:::::::::::: OS DESAFIOS DA ESQUERDA :::::::::::::

Cada vez mais temos de tomar consciência da importância da esquerda no mundo atual em que vivemos. É imprescindível que a sociedade se consciencialize desse facto, de forma a conseguir desviar a rota do planeta por um outro caminho mais justo, mais igual e mais livre para todos. A nossa civilização corre perigo não só pelas alterações climáticas, mas também devido aos grandes desequilíbrios socio-económicos. Um mundo com tantas desigualdades crescentes é cada vez mais instável e a instabilidade implica perigo de existência. Se é certo que a sociedade actual ocidental (o terceiro mundo merece uma menção à parte) já não padece das graves desigualdades do princípio do séc. XX, também é certo que a maior parte das causas que deram origem às revoluções nessa época, continuam vigentes.

Continuam a existir grandes desigualdades sociais, mas o mais preocupante é que, de uma época com tendência à diminuição dessas desigualdades (por iniciativa da esquerda), passámos a uma época em que, pelo contrário, as desigualdades tendem a aumentar (por iniciativa da direita). A este facto temos de acrescentar o retrocesso nos direitos laborais (fundamentalmente), o esvaziamento da saúde no plano social e o crescente desemprego. A esquerda é imprescindível para, em primeiro lugar, manter as conquistas sociais que tanto custaram a conquistar, e em segundo lugar, para conseguir todos aqueles objectivos justos e legítimos que não se puderam alcançar. A esquerda defende uns ideais que beneficiam a maioria da humanidade em detrimento de uma minoria que, em qualquer caso perderiam os seus privilégios mas, uns privilégios injustos.

Pelo atrás exposto, é fácil deduzir que a esquerda tem pela frente uma árdua tarefa a nível nacional e internacional. São muitos os desafios que tem de enfrentar.

Prioritariamente, deve centrar-se na conquista das liberdades de imprensa e de expressão. Deve lutar para que os meios de comunicação não estejam monopolizados pelo poder económico e sejam livres de qualquer manipulação. Enquanto estas não existirem verdadeiramente, os princípios ideológicos da esquerda nunca poderão chegar à maioria da população. A esquerda deve tentar, por todos os meios possíveis e com inteligência, imaginação, originalidade e insistência, fazer-se ouvir. Deve remar contra a maré mais do que nunca, ser mais activa do que nunca em todas as frentes, aproveitando as possibilidades das novas tecnologias da informação como a Internet (participando em todos os fóruns possíveis, inclusivamente nos dos meios de comunicação oficial) sem nunca descuidar as “velhas formas de activismo”.

Porque o Mundo é de todos e não só de alguns!

Por Magnolia - Portugal

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