domingo, 31 de agosto de 2008
"Socialismo"
Essa imensa multidão ordena-se; a sua ordem responde à consciência da necessidade do mesmo; já não é força dispersa, divisível em milheiros de frações disparadas ao espaço como fragmentos de granada, tratando de atingir por qualquer meio, em dura luta com os seus iguais uma posição, algo que permita apoio frente ao futuro incerto.
Sabemos que há sacrifícios diante de nossa rota e que devemos pagar um preço pelo fato heróico de constituir uma vanguarda como nação. Nós, dirigentes, sabemos que temos que pagar um preço por ter direito a dizer que estamos à cabeça do povo que está à cabeça de América.
Todos e cada um de nós paga pontualmente a sua quota de sacrifício, conscientes de receber o prêmio na satisfação do dever cumprido, conscientes de avançar com todos face ao homem novo que se vislumbra no horizonte.
Permita-me tentar umas conclusões:
Nós, socialistas, somos mais livres porque somos mais plenos; somos mais plenos por sermos mais livres.
O esqueleto da nossa liberdade completa está formado, falta a substância proteica e a roupagem; criaremo-las.
A nossa liberdade e o seu sustém quotidiano tem cor de sangue e estão cheios de sacrifício.
O nosso sacrifício é consciente; cota para pagar a liberdade que construímos.
O caminho é longo e desconhecido em parte; conhecemos as nossas limitações. Faremos o homem do século XXI nós mesmos.
Forjar-nos-emos na ação quotidiana, criando um homem novo com uma nova técnica.
A personalidade joga o papel de mobilização e direção em quanto encarna as mais altas virtudes e aspirações do povo e não se separa da rota.
Quem abre o caminho é o grupo de vanguarda, os melhores entre os bons, o partido.
A argila fundamental da nossa obra é a juventude: nela depositamos a nossa esperança e preparamo-la para tomar das nossas mãos a bandeira.
Se esta carta balbuciante aclarar alguma coisa, cumprirá o objetivo com o qual a mando.
Recebe a nossa saudação ritual, como um aperto de mãos ou uma "Ave Maria Puríssima": Pátria ou morte.
[ Parte do texto dirigido a Carlos Quijano e publicado no semanário Marcha, Montevidéu, março de 1965]
Ernesto “Che” Guevara (1928-1967), médico argentino, conheceu Raúl Castro, em 1954 no México, que o apresentou a Fidel Castro, tendo sido um dos comandantes do foco guerrilheiro da Sierra Maestra que germinou de 1956 a 1959 a Revolução Cubana.
[Com a vitória da Revolução em Cuba, Che tornou-se cidadão cubano em 1959. Torna-se uma das mais importantes lideranças do novo governo cubano. Foi Presidente do Banco Nacional de Cuba e Ministro da Indústria. Fiel à sua palavra de ordem "Criar um, dois, três, muitos Vietnam" deixou todos os cargos que exercia em Cuba e vai para a África ajudar à guerrilha do Congo e logo depois segue para a Bolívia onde tenta implantar um foco de guerrilha rural. Intensamente perseguido pelo exército boliviano comandado por norte-americanos, é preso em 8 de outubro de 1967 e, no dia seguinte, foi assassinado com 9 tiros. Em 1997, seus restos mortais foram localizados e transferidos para Cuba, onde foi enterrado na cidade de Santa Clara, palco de importante batalha que ele comandou contra a ditadura de Fulgencio Batista
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